Ibovespa tem leve queda, mas avança 3,69% em abril, perto da máxima histórica
O Ibovespa fechou em leve queda nesta quarta-feira (30), na última sessão de abril, aos 135.066,97 pontos, recuo de 0,02% em relação à véspera. O resultado interrompeu uma série de sete altas consecutivas, num dia em que o índice da B3 oscilou dos dos 133.955,00 aos 135.171,39 pontos.

O mês de abril, porém, fecha com resultado positivo de 3,69%, em sucessão à alta de 6,08% em março. O ganho acumulado no ano é de 12,29%.
A sessão final do mês espelhou, de certa forma, o que se viu especialmente na segunda quinzena de abril, período em que a recuperação do índice foi favorecida pela saída de recursos dos Estados Unidos em direção a mercados alternativas, tanto na Europa e em parte da Ásia, mas também em regiões emergentes, como México e Brasil.
“Dia sem novidades impactantes para o mercado interno, o que favoreceu um leve ajuste após as altas recentes, com os investidores tendendo a uma realização de lucros em um abril positivo para o Ibovespa”, resume Ian Lopes, economista da Valor Investimentos.
Como prevaleceu no mês — em que a atenção esteve concentrada nas idas e vindas do governo Trump sobre tarifas comerciais, com efeito para o PIB global —, o dia foi negativo para as grandes ações de commodities, como Vale (VALE3, -1,82%) e Petrobras (PETR3, -1,54%; PETR4, 1,87%). No mês, o papel da mineradora cedeu 6,77% e os da petroleira recuaram, respectivamente, 19,71% e 17,34%.
Em abril, tanto o barril do WTI, referência dos EUA, como o Brent, benchmark global, acumularam perdas superiores a 15%. Por sua vez, o minério de ferro recuou 9,5% em Dalian (China), no mês, cotado abaixo de US$ 100 por tonelada – a US$ 96,77 para setembro, nesta quarta-feira.
Por outro lado, observa Naio Ino, gestor de renda variável na Western Asset, o índice de small caps, que reúne papéis com menor capitalização de mercado, integrado em especial por ações mais sensíveis a juros e à economia doméstica, como as de consumo, teve avanço em torno de 8% no mês.
“Houve uma longa sequência de ingresso líquido de recursos estrangeiros na B3 a partir do dia 16, o que sustentou essa recuperação do Ibovespa na segunda quinzena de abril”, destaca o gestor, chamando atenção para a rotação de ativos a partir dos mercados americanos, ante a cautela suscitada pelos ruídos em torno da política tarifária dos EUA, que recoloca no radar a possibilidade de uma recessão global.
No quadro doméstico – que permaneceu como pano de fundo ao longo do mês, em que os gatilhos estiveram associados ao noticiário e a movimentos deflagrados do exterior -, as preocupações fiscais foram dando espaço à expectativa em torno do momento em que o ciclo de alta da Selic será interrompido, com efeito também para a curva do DI e a demanda por ações associadas à economia interna, aponta Ino.
“Estamos perto do recorde histórico do Ibovespa, mas dá para ficar otimista? Há muitas variáveis a considerar, e o grau de incerteza segue muito elevado, com bastante ruído lá fora. Toda a discussão sobre tarifas foi muito errática ao longo de abril. Difícil colocar, com convicção, o pé no acelerador”, acrescenta.
À frente, diz o gestor, um gatilho importante para a sustentação do apetite por risco seria uma distensão entre Estados Unidos e China na guerra comercial – algo imprevisível no momento, quando se considera a inclinação de Trump por afirmações impulsivas, em constante revisão, e a atitude firme adotada pela China com relação à possibilidade de negociar, após a ofensiva comercial da Casa Branca.
Ibovespa: veja as principais altas e baixas do dia
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
No mês, os ganhos das maiores instituições financeiras ficaram entre 2,63% (Banco do Brasil, BBAS3) e 13,35% (Itaú Unibanco, ITUB4).
Bolsas de NY fecham mistas no último pregão do mês
As bolsas de Nova York fecharam mistas, revertendo queda acentuada nesta quarta-feira, 30, no último pregão do mês. Os investidores digeriram dados econômicos dos Estados Unidos abaixo do esperado, o que reforçava a expectativa de alívio monetário pelo Federal Reserve, e aguardavam resultados das big techs.
O Dow Jones subiu 0,35%, aos 40.669,36 pontos; o S&P 500 ganhou 0,15%, aos 5.569,06 pontos; e o Nasdaq teve queda de 0,09%, aos 17.446,24 pontos. No mês, os índices acumulam perdas de 3,1% e 0,76%, respectivamente, enquanto o Nasdaq registra alta de 0,85%.
Os indicadores recentes reacenderam os temores de recessão. A economia americana encolheu no primeiro trimestre, a pesquisa sobre crescimento do emprego privado em abril apontou desaceleração nas contratações e o índice de inflação (PCE, na sigla em inglês) mostrou desaceleração nos preços.
Segundo relatório do Wells Fargo, o risco de recessão nos EUA hoje é maior do que há um mês. “A interrupção das tarifas introduziu bastante ruído nos principais números de crescimento do primeiro trimestre. O otimismo de consumidores e empresas despencou, à medida que o medo da inflação e da recessão permeia o ambiente econômico”, destacou o banco.
Com Estadão Conteúdo