Ibovespa cai em ajuste pós-Copom, mas mantém alta acumulada em junho
O Ibovespa fechou em forte queda de 1,15% nesta sexta-feira (20), aos 137.115,83 pontos, em pregão de vencimento de opções sobre ações, que elevaram o giro do dia a R$ 31,3 bilhões, acima da média para um dia após feriado, e ajuste de posições após a decisão do Copom de elevar mais uma vez a Selic, a 15% ao ano.

O índice da B3 bateu na mínima de 136.814,52 pontos e reverteu os ganhos acumulados na segunda-feira (16), quando o índice havia se reaproximado dos 140 mil pontos. A semana termina com queda acumulada de 0,07%, enquanto o resultado do mês é positivo em 0,07%.
O mercado avaliou como duro o comunicado do Banco Central, emitido na noite de quarta-feira (18), num momento em que parte do mercado esperava manutenção da taxa básica de juros da economia brasileira em 14,75%. No comunicado, o Copom comunicou que avaliará se a estratégia de manter a taxa de juros no patamar atual por um período bastante prolongado é suficiente para reduzir a inflação para o centro da meta.
“Com isso, entendemos que os membros do comitê quiseram reforçar a mensagem de que não pretendem começar a cortar a taxa de juros nos próximos meses, com o intuito de tentar evitar que o mercado precifique um início prematuro de um ciclo de afrouxamento”, avaliou Luis Cezario, economista-chefe da Asset 1.
Bruna Centeno, economista, sócia e advisor na Blue3 Investimentos, aponta que a decisão não foi de todo inesperada. “Desde a semana passada, com a intensificação do conflito no Oriente Médio, o mercado considerava os riscos advindos e a gente tinha ali uma fatia de 62% esperando que o Copom mantivesse a Selic, embora o Gabriel Galípolo presidente do BC, tivesse dado um direcionamento, de que não excluía a possibilidade de alta”, recorda.
Marcos Freitas, analista macroeconômico da AF Invest, era um dos projetavam estabilidade. “A decisão do Copom veio pelo lado mais hawkish e a porta está aberta para a possibilidade de retomada da alta, mas sinalizou também a interrupção do ciclo para avaliar o impacto. O ‘bastante prolongado’, na referência a juros em nível alto, dá a ideia de a Selic ficar parada por muito tempo”, explica.
Ibovespa: confira as principais altas e baixas do dia
Mesmo com a volatilidade de preços no petróleo, com queda de 2% para o Brent, referência global, a Petrobras teve as ações ordinárias (PETR3) como exceção entre as ações de maior peso no índice, com alta de 0,45% — as preferenciais (PETR4) caíram 0,27%, com fechamento na mínima do dia.
A Vale (VALE3) caiu 2,58%, também fechando na cotação mínima do dia. Entre os maiores bancos, as perdas chegaram a 2,11% (Banco do Brasil, BBAS3), também no piso de seu valor na hora do encerramento).
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
A Cosan (CSAN3, -9,00%) liderou as quedas. “O ajuste foi mais forte em empresas consideradas mais alavancadas, como é o caso da Cosan, pelo efeito da exposição a juros, que tendem a seguir altos por mais tempo conforme sinalizou o Copom”, analisa Guilherme Petris, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
Bolsas de Nova York caem com tensão no Oriente
As bolsas de Nova York fecharam de forma mista na volta do feriado do Juneteenth, que celebra o fim da escravidão no país e manteve os mercados fechados na quinta-feira (19). As tensões geopolíticas envolvendo Israel e Irã seguem dominando as atenções, e as declarações da Casa Branca de que a decisão sobre uma intervenção americana foi adiada para daqui duas semanas chegou a ampliar o apetite por risco aos mercados, no entanto, a cautela por uma escalada do conflito prossegue.
Confira os fechamentos do dia em Nova York:
- Dow Jones: 42.206,82 (+0,08%)
- S&P 500: 5.967,82 (-0,22%)
- Nasdaq: 19.447,41 (-0,51%)
As ações de companhias de chips registraram queda nesta sexta-feira, com informações de que os EUA pretendem revogar isenções que hoje permitem o envio de tecnologia americana a fábricas na China, segundo fontes ouvidas pelo “The Wall Street Journal”.
Algumas companhias têm, atualmente, autorização ampla para usar equipamentos dos EUA em suas operações chinesas sem licenças individuais, como a Taiwan Semiconductor Manufacturing (TSMC). Os ADRs da TSMC cederam 1,87% em Nova York. Na esteira, a Nvidia caiu 1,12%, e a Intel recuou 1,91%.
Com Estadão Conteúdo