Hapvida (HAPV3): com 1T22 enfraquecido por fusão e dívidas, ações mergulham 17%

As ações da Hapvida (HAPV3) afundaram nesta terça (17) 16,84%, cotadas a R$ 6,52, após a divulgação do balanço do primeiro trimestre de 2022 (1T22). Analistas do mercado financeiro concordam que os resultados da empresa foram fracos entre janeiro e março.

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De acordo com a Ativa Investimentos, o primeiro resultado com números consolidados (de fevereiro e março) após a fusão com a NotreDame veio abaixo das expectativas.

Na opinião da Ativa, o desempenho negativo foi causado pelos seguintes fatores:

  • Altos custos assistenciais no período somados à pressão no ticket médio, o que impactou as margens da companhia;
  • Piora no resultado financeiro, decorrente do aumento da Selic e do maior endividamento da companhia (alavancagem em 2,8x).

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A XP Investimentos diz que já esperava uma reação negativa do mercado em função desses pontos, mas ressaltou que as adições líquidas de beneficiários de planos saúde totalizaram 112 mil – embora organicamente a empresa tenha registrado uma perda de 64 mil planos.

Sinistralidade alta da Hapvida

Outro dado importante foi a sinistralidade caixa, que alcançou 72,9%, “com valores negativos tanto da Hapvida sozinha quanto da Notre Dame”, observa o relatório da XP.

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A sinistralidade da Hapvida foi de 67% (número ajustado para itens não recorrentes), uma alta de 5,9 pontos percentuais na comparação anual e de 2,1 p.p ante o trimestre anterior. Os analistas da XP afirmam que o item ainda é pressionado pelos custos relacionados à Covid-19, assim como as aquisições e o reajuste negativo de preços dos planos individuais, com 4.2 p.p. de impacto total.

Já para a Ativa Investimentos a sinistralidade veio melhor que o esperado. “Apesar do aumento anual, em função dos efeitos da Covid-19 e das aquisições recentes, o número foi em linha com nossa estimativa de 66,6%. Já em GNDI (o grupo NotreDame) a sinistralidade caixa do período ficou em 79,6%, também de acordo com nossas estimativas (79,8%)”, diz o relatório.

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Com a dívida líquida da Hapvida alcançando R$ 8,2 bilhões — considerando arrendamentos, parcialmente gerada pelo pagamento de R$ 4,2 bilhões na aquisição da NotreDame, o resultado foi afetado por R$ 172 milhões em despesas financeiras líquidas. Ao acrescentar pressão por parte de custos e alta sinistralidade, todos os aspectos levaram a uma margem Ebitda de 8,6%, 3,1 pontos percentuais abaixo da estimativa da XP.

Já a Guide Investimentos aponta que o Ebitda da Hapvida foi de R$ 414 milhões, equivalente a uma queda de 28% em comparação ao primeiro trimestre de 2021. A diminuição da margem de 20% para 13%, “reflexo não só da sinistralidade maior, mas também de maiores despesas gerais e administrativas e despesas com vendas. Aparentemente, a empresa percebeu o aumento da inflação mais do lado das despesas do que do lado das receitas”.

Apesar da reação negativa do mercado em relação ao balanço do 1T22 da Hapvida, o analista Rodrigo Crespi da Guide acredita que os números ruins já haviam sido incorporados nos preços das ações nos últimos trinta dias.

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Victória Anhesini

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