Guaidó volta à Venezuela para liderar protestos contra Maduro

O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, chegou em Caracas nesta segunda-feira (4). O líder da oposição retornou ao país para liderar as manifestações contra o regime de Nicolás Maduro.

Guaidó aterrissou por volta do meio-dia desta segunda-feira no aeroporto internacional Simón Bolívar de Maiquetía. O presidente interino foi foi recebido por uma multidão e logo em seguida foi até uma praça na capital da Venezuela. No local estavam um grupo de seus apoiadores.

Saiba mais: Juan Guaidó anuncia seu retorno à Venezuela 

“Entramos na Venezuela como cidadãos livres, que nada nos diga o contrário. Já sentindo o sol de La Guaira, o brilho da cidade que nos esperava aqui”, afirmou Guaidó. Sua chegada foi pacífica e não houve impedimentos por parte do governo para o seu desembarque em solo venezuelano. A TV Venezuela, canal de língua espanhola sediada em Miami, transmitiu sua chegada ao vivo do aeroporto.

​No local estavam presentes os representantes diplomáticos da Alemanha, Holanda, Espanha, França e Chile. “Viemos para ajudar, para que o seu regresso seja seguro”, afirmou o embaixador alemão na Venezuela, Daniel Maitel Kriener.

Saiba mais: Bolsonaro: aceitaria conversar com Maduro para alcançar solução 

O retorno do líder oposicionista contraria ordem judicial que o proibia de deixar a Venezuela. Nas últimas semanas ele esteve na Colômbia, no Brasil, Paraguai, Argentina e Equador. Por isso, Guaidó volta à Venezuela sob forte risco de ser preso.

O presidente interino agradeceu durante seu discurso o apoio dos países vizinhos. Ele pediu que os seus apoiadores não cedam à desesperança. “Hoje a Venezuela insiste em avançar”, disse, falando para os manifestantes contrários ao regime de Maduro, “Eu sou um humilde funcionário público, nós nos deslocamos para a fronteira com milhares de voluntários, juntamente com os deputados da Assembleia, para conseguir ajuda humanitária. O regime não pode parar as pessoas na rua”.

Saiba mais: Mourão: saída de Maduro do poder depende de pressão diplomática 

Protestos convocados via internet

No último domingo (3), Guaidó convocou protestos nessa semana em toda a Venezuela. Em uma transmissão ao vivo pela internet, o líder oposicionista afirmou que participará dos protestos. Além disso, ele teria dado disposições para aliados internacionais na eventualidade de ser preso.

“Se o usurpador e seus cúmplices ousam tentar me deter, será um dos últimos erros que estará cometendo. Deixamos um caminho claro, com instruções claras a serem seguidas por nossos aliados internacionais e irmãos parlamentares. Estamos muito mais fortes do que nunca e não é hora de fraquejar”, afirmou Guaidó.

O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence postou em seu perfil no Twitter que o retorno seguro do opositor de Maduro à Venezuela é da “mais alta importância”. Pence ameaçou uma “rápida resposta” caso ocorra qualquer tipo de ameaça ou intimidação contra o líder da oposição venezuelana. Na última sexta-feira, a secretária-adjunta para assuntos do Hemisfério Ocidental do governo americano, Kimberly Breier, afirmou que prender Guaidó seria “o último erro que o regime cometeria”.

Se Maduro evitará de de prendê-lo, provocaria uma forte reação internacional. Entretanto, se ele permanecer no país sem consequências, a autoridade do Poder Judiciário da Venezuela, controlado pelo regime, seria minada.

Entenda o caso

Guaidó se declarou presidente interino da Venezuela em janeiro. Ele é reconhecido pelos Estados Unidos e por outros 50 países. Entretanto, China, Rússia, Irã, Cuba e outros países continuam reconhecendo o governo de Maduro.

Guaidó é presidente da Assembleia Nacional Venezuelana. O órgão legislativo é dominado pelas forças de oposição, após a eleição de 2015. Ele se autoproclamou presidente invocando cláusulas da Constituição da Venezuela. As oposições venezuelanas não reconhecem a legitimidade das eleições presidenciais de 2018, nas quais Maduro conseguiu se reeleger. Os oposicionistas salientam que o pleito foi fraudado.

Saiba mais: Juan Guaidó vem ao Brasil debater crise na Venezuela com Bolsonaro 

Na semana passada, Guaidó tentou coordenar uma tentativa de levar assistência humanitária da Colômbia e do Brasil até a Venezuela. Entretanto, as forças de segurança leais a Maduro impediram a passagem dos caminhões carregados com os produtos e alimentos. O regime venezuelano acusa Guaidó de ser parte de um plano dos EUA para derrubá-lo.

Carlo Cauti

Compartilhe sua opinião