Por que as ações do Grupo Mateus (GMAT3) estão caindo 10% após os resultados do 3T25?
As ações do Grupo Mateus (GMAT3) estão caindo 10% na tarde desta sexta-feira (14), após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre da companhia. A forte queda ocorre mesmo após a empresa reportar um lucro líquido ajustado de R$ 509 milhões no período, com alta de 48,4% na base anual.
A receita líquida avançou 29,1% no trimestre e o EBITDA ajustado somou R$ 855 milhões, aumento de 31,9% frente ao ano anterior. Apesar dos números operacionais mais fortes, o mercado avaliou que o desempenho foi impactado por ajustes contábeis, pressões nas vendas mesmas lojas e eventos pontuais.
O trimestre também trouxe dados mistos, com melhora no ciclo de caixa e evolução em estoques, mas sinais mais fracos na dinâmica de vendas. Além disso, os analistas destacaram que itens extraordinários afetaram margens e contribuíram para uma leitura mais cautelosa por parte dos investidores.
Outro ponto de destaque foi a estreia dos números do Novo Atacarejo na consolidação, o que ampliou a operação do grupo no trimestre. Ainda assim, mesmo com dados positivos em caixa e lucro, a performance em vendas e efeitos não recorrentes pressionaram as ações na sessão de hoje.
Cenário desafiador segue impactando Grupo Mateus (GMAT3)
Os analistas destacaram que a dinâmica comercial da empresa continuou pressionada entre julho e setembro, com os resultados do Grupo Mateus afetados principalmente pela desaceleração das vendas. Em relatório, a XP destacou que a dinâmica da receita foi realmente desafiadora, como já era esperado, com vendas pressionadas, enquanto as margens foram relativamente controladas.
De acordo com um relatório divulgado pelo BB Investimentos, o mercado vem precificando um cenário macro mais restritivo, com alta inadimplência, que afeta o poder de compra dos brasileiros, além da inflação de alimentos no domicílio, que impactou as vendas desde 2024.
“Apesar desse aumento de preços estar em patamar inferior ao registrado no ano passado, segundo a companhia, os consumidores continuam optando por comprar produtos mais baratos ou, até mesmo, pela interrupção do consumo. Com isso, a companhia apresentou, por mais um trimestre, uma métrica de vendas mesmas lojas abaixo do esperado”, diz o relatório assinado pela analista Andréa Aznar, do BB Investimentos.
Além disso, os ajustes na política contábil de estoques tiveram um forte impacto no trimestre. A revisão reduziu R$ 1,1 bilhão dos estoques e afetou o CMV (Custo da Mercadoria Vendida) em R$ 63 milhões. A XP destacou que o processo levou a perdas maiores em estoques relacionadas a uma mudança na gestão ao longo de 2025, o que reforça as dúvidas sobre a recorrência desses impactos.
XP e BB-BI mantêm recomendação de compra
Mesmo com a queda forte no pregão, as casas de análise mantiveram visão positiva para o médio prazo. Para a XP, que manteve recomendação de compra para as ações, o Grupo Mateus tem muito espaço para continuar crescendo e melhorando as operações, apesar dos ajustes observados no trimestre.
O BB Investimentos também destacou que o desempenho foi misto no 3T25, mas reforçou a recomendação de compra para as ações GMAT3.
O BB-BI atribuiu um preço-alvo de R$ 10,40 para dezembro deste ano, o equivalente a um potencial de valorização de cerca de 66,7%. A casa afirmou que a revisão da política de estoques traz mais segurança aos números e que a parceria com o Novo Atacarejo deve gerar benefícios ao grupo.