Força nos EUA e fraqueza no Brasil marcam 3T25 da Gerdau (GGBR4); analistas veem potencial para 2026
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A Gerdau ( GGBR4) encerrou o terceiro trimestre de 2025 mostrando um retrato de contrastes: a forte geração de caixa nas operações dos Estados Unidos compensou o cenário ainda pressionado no Brasil, onde os preços domésticos seguem em queda e as importações continuam elevadas. O balanço veio em linha com as expectativas do mercado e reforçou a resiliência da empresa em um ambiente global desigual.
 
			A companhia registrou lucro líquido ajustado de R$ 1,09 bilhão, avanço de 26% em relação ao trimestre anterior, e EBITDA ajustado de R$ 2,7 bilhões, crescimento de 7% na mesma base de comparação, com margem de 15,2%. A receita líquida totalizou R$ 18 bilhões, alta de 2,6% sobre o segundo trimestre.
No relatório oficial, a siderúrgica destacou o peso das operações internacionais no desempenho consolidado. “Encerramos o 3T25 com EBITDA ajustado de R$ 2,7 bilhões, 7% superior ao 2T25, com destaque para o EBITDA da América do Norte, que representou 65% do EBITDA consolidado – novamente atingindo o maior patamar histórico”, informou a administração no documento trimestral.
Estados Unidos sustentam o resultado
As operações na América do Norte continuaram sendo o principal motor financeiro da Gerdau. O segmento registrou EBITDA de R$ 1,82 bilhão, aumento de 11% frente ao 2T25 e de 43% na comparação anual, com margem de 19,8%. A empresa se beneficiou da demanda doméstica consistente, da redução das importações e de preços mais altos em dólar, impulsionados pelas medidas de proteção comercial conhecidas como Seção 232.
“O destaque segue sendo os Estados Unidos, com performance operacional forte e preços sustentados. O país continua sendo o motor de geração de caixa da Gerdau”, escreveram os analistas Leonardo Correa e Marcelo Arazi, do BTG Pactual.
Brasil continua sob pressão de importados
O mercado brasileiro segue como o principal ponto de atenção. O EBITDA local caiu 13% na comparação trimestral, somando R$ 763 milhões, com margem de 9,9%. A empresa enfrentou redução de preços no mercado interno e alta participação de importados, cuja taxa de penetração atingiu 22,9%, mais que o dobro da média histórica do setor.
Ainda assim, houve avanços operacionais relevantes: a planta de Ouro Branco (MG) apresentou ganhos de eficiência e menor custo por tonelada, ajudando a compensar parcialmente o ambiente competitivo adverso. As exportações cresceram 70% em relação ao trimestre anterior.
Na América do Sul, o EBITDA somou R$ 234 milhões, avanço de 57% sobre o 2T25, com margens melhores na Argentina e custos reduzidos no Peru e Uruguai.
Geração de caixa e dividendos
A Gerdau encerrou o trimestre com fluxo de caixa livre positivo de R$ 1 bilhão, revertendo o consumo de caixa observado no trimestre anterior. A melhora foi sustentada pela liberação de R$ 300 milhões em capital de giro e por menores despesas financeiras.
A dívida líquida ficou em R$ 8,8 bilhões, equivalente a 0,81 vez o EBITDA ajustado, mantendo-se em níveis considerados confortáveis pelos analistas.
A empresa anunciou dividendos de R$ 0,28 por ação, com pagamento em 11 de dezembro de 2025, o que representa um dividend yield anualizado próximo de 6%. Segundo o BTG, o valor é modesto, mas coerente com a estratégia de preservação de liquidez e continuidade do programa de recompra, que já atingiu 88% de execução, com 56,8 milhões de ações readquiridas.
Analistas mantêm recomendação de compra
Para a XP Investimentos, os números do trimestre confirmam a importância do portfólio geograficamente diversificado da companhia. “O desempenho robusto na América do Norte foi parcialmente compensado por um resultado mais fraco no Brasil. Vemos benefícios claros da diversificação e reiteramos recomendação de compra, com valuation atrativo e perspectiva positiva para 2026”, avaliou a equipe liderada por Lucas Laghi.
O BTG Pactual também manteve recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 20,00, o que representa potencial de valorização de cerca de 7% sobre a cotação atual. O banco projeta yield de fluxo de caixa livre entre 10% e 12% em 2026, sustentado pela continuidade dos resultados nos EUA e pela entrada em operação do projeto Miguel Burnier, voltado à autossuficiência em minério de ferro.
“A história segue sendo dual: fundamentos positivos nos EUA e dinâmica negativa no Brasil. Gerdau continua nossa principal escolha entre as siderúrgicas latino-americanas”, escreveram os analistas do BTG.
Raio-X do 3T25 da Gerdau (GGBR4)
| Indicador | 3T25 | 2T25 | Variação | 3T24 | 
|---|---|---|---|---|
| Receita líquida | R$ 18,0 bi | R$ 17,5 bi | +2,6% | R$ 17,4 bi | 
| EBITDA ajustado | R$ 2,7 bi | R$ 2,56 bi | +6,9% | R$ 3,0 bi | 
| Margem EBITDA | 15,2% | 14,6% | +0,6 p.p. | 17,4% | 
| Lucro líquido ajustado | R$ 1,09 bi | R$ 864 mi | +26% | R$ 1,43 bi | 
| Dívida líquida / EBITDA | 0,81x | 0,85x | ↓ | 0,32x | 
| Fluxo de caixa livre | R$ 1,0 bi | -R$ 773 mi | Reversão | — | 
| Dividendos | R$ 0,28/ação | — | — | — | 
| Margem EUA | 19,8% | 17,9% | +1,9 p.p. | 15,4% | 
| Margem Brasil | 9,9% | 12,0% | -2,1 p.p. | 20,1% | 
 
			 
			 
			 
			