Gestor conta o que fez para ter dois fundos de investimento rendendo acima do CDI

Com dois fundos de investimento – de multimercados – classificados entre os nove que renderam mais que o CDI em 2023, a gestora AZ Quest apostou mais no mercado brasileiro neste período e projeta uma melhora no cenário macroeconômico no segundo semestre de 2023.

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“Não foi um semestre fácil, mas, quando o cenário político ficou claro, o que fizemos foi identificar as oportunidades de ganhos no Brasil e ter pouca exposição no exterior, que ainda pairam muitas dúvidas sobre a política monetária”, afirmou o gestor de estratégia macro na AZ Quest, Gustavo Menezes.

Ainda segundo o gestor, foi por muito pouco que a AZ Quest não emplacou um terceiro fundo multimercado no ranking. “Temos uma família de fundos multimercado com diferentes níveis de volatilidade, sendo o AZ Quest multi com 4% a 5% de volatilidade, AZ Quest multi max em um nível 2, com uma média de variação de 8% e 10% e o AZ Quest PWR, oscilando entre 12% e 15%. Todos com a mesma estratégia, mas apenas o fundo de baixa volatilidade ficou de fora da lista”, afirmou.

O levantamento referido foi publicado nesta segunda, realizado com base na plataforma Morningstar, que destacou o Mapfre Inversion, Canvas Vector e dois fundos da gestora AZ Quest entre os mais rentáveis de 2023. O indicador referência dessa classe de fundos, o Índice de Hedge Funds Anbima (IHFA), subiu 2,46% no primeiro semestre, bem menos do que o CDI, que se valorizou 6,50% no mesmo intervalo.

No mesmo período, mas somente após junho, o Ibovespa acumulou ganhos de 8% com a melhora das expectativas sobre a inflação, a redução do risco fiscal e a manutenção da meta de inflação em 3% até 2026.

Fundos de investimentos: apostas dos gestores

Menezes afirmou que o investidor pessoa física está muito concentrado nos ativos de renda fixa, desfrutando do cenário de juros altos desde os últimos anos, sem precisar de muito esforço para obter uma renda bacana.

Para saber o que fazer para bater essa taxa CDI de 13,50% ao ano, o desafio dos gestores foi sempre procurar as melhores oportunidades e olhar bem para o cenário. A casa considerou que os ativos brasileiros estavam baratos, dado que estava precificado um risco fiscal “exageradamente alto” no Brasil.

“Em bolsa, a aposta foi na alta do índice Ibovespa, do índice de Small Caps, na valorização do real ante o dólar e, depois, no corte de juros por meio de contratos futuros e opções

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Além disso, no primeiro semestre os fundos acertaram no investimento em juros nominais, comprando às taxas praticadas na época.

“A gente via o governo Lula como pragmático, que teria as suas bandeiras, mas também que entende que a questão fiscal e macroeconômicas são igualmente importantes para se cumprir as promessas de campanha”, afirmou Menezes.

“Em janeiro e fevereiro a curva de juros estava muito distorcida e com um pessimismo muito grande, o mercado inclusive apostava em novas altas, a gente achava que a curva estava distorcida, aplicamos nas taxas de juros nominais, operando os vencimentos e ganhando na diferença”, completou, “o que se espera da gestão ativa é essa flexibilidade”.

Na estratégia de moedas, a AZ Quest vinha comprado em real há um bom tempo, mas decidiu no começo do ano a carregar em posições bem reduzidas ou nulas da moeda.

A gestora também identificou que a curva de juros já havia encerrado o ciclo de altas e o mercado sinalizava para uma queda nos juros futuros, o que impacta na valorização do real.

“Em maio já achamos que as quedas estavam muito bem precificadas e a gente trocou o mix, se os juros caírem, os ativos de risco vão performar melhor no Brasil”, completou o gestor.

Futuro

Na perspectiva da gestora, o cenário vai continuar melhorando. O ciclo de queda de juros já está dado, o que ainda não se sabe é quando começa, a magnitude e a velocidade dos cortes. Para o exterior, especialmente nos Estados Unidos, o início dos cortes nos juros também é questão de tempo.

“Em bolsa, a gente operou através de índices, diluindo os riscos setoriais, mas uma vez que a bolsa avance, por uma questão conjuntural, vamos começar a analisar as questões setoriais para aumentar os ganhos com os fundos de investimento. Até o momento, achamos que os índices têm mais a ganhar”, completou.

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Allan Ravagnani

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