Fed prevê juros mais altos por “algum tempo” pela frente

O Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, espera que os juros permaneçam altos por “algum tempo” até que um maior progresso no combate à inflação seja conquistado. Nesta quarta (4), a autoridade monetária divulgou a ata da reunião de dezembro.

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“Os participantes observaram que uma postura política restritiva precisaria ser mantida até que os dados recebidos forneçam confiança de que a inflação está em uma trajetória descendente sustentada para 2%, o que provavelmente levaria algum tempo”, destacou o Fed no resumo da reunião.

Na ata do encontro do mês passado, os integrantes do Fed ressaltaram a importância de manter a política restritiva enquanto a inflação seguir “inaceitavelmente alta”.

No mês passado, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed aumentou em 0,50 ponto percentual a sua taxa de juros, para a faixa entre 4,25% e 4,50% ao ano. Na ocasião, a decisão foi unânime e estava em linha com as expectativas do mercado financeiro.

O documento divulgado nesta quarta também ressaltou que, tendo em vista a inflação persistente e “inaceitavelmente alta”, os participantes argumentaram que a “experiência histórica adverte contra o afrouxamento prematuro da política monetária“.

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Nenhum dirigente do Fed considerou apropriado corte de juros em 2023, diz ata

Nenhum dos dirigentes do Fed, durante a reunião de política monetária de 13 e 14 de dezembro, considerou apropriado corte de juros em 2023. Segundo ata divulgada nesta quarta-feira, 4, os dirigentes observaram que a política restritiva “precisa ser mantida até novos dados providenciarem confiança de que a inflação está em baixa sustentada” para atingir a meta de 2%, algo que “deve levar tempo”.

Vários integrantes comentaram que experiências em outros momentos da história alertam contra o “afrouxamento prematuro” da política monetária frente aos altos índices de inflação, pontua o documento.

Em geral, os dirigentes indicaram que os riscos de alta da inflação continuam sendo um fator-chave para a política monetária.

Todos os membros afirmaram que o Comitê segue “fortemente comprometido com o objetivo de retornar a inflação para a meta de 2%”.

Além disso, os dirigentes concordaram que suas decisões devem levar em consideração uma gama ampla de informações, incluindo saúde pública, condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e desenvolvimento financeiro e internacional.

Ritmo da alta de juros

Os dirigentes do Federal Reserve avaliaram na última reunião de política monetária que a redução no ritmo da alta de juros poderia ajudar com as metas de inflação e máximo emprego nos Estados Unidos. Na ocasião, o banco central americano reduziu o ritmo de elevação de juros de 0,75 ponto porcentual para 0,50 ponto porcentual, para a faixa de 4,25% a 4,50% ao ano.

“Uma redução do ritmo dos aumentos neste encontro permitiria que o Comitê avalie de forma melhor o progresso econômico para atingir os objetivos de máxima empregabilidade e estabilidade de preços, já que a política monetária se aproxima de um patamar que é suficientemente restritivo para conquistar essas metas”, descreve a ata da reunião.

Os membros do Fed analisaram que o cenário econômico ainda é incerto e a inflação continua muito acima da meta de 2%, apesar do progresso significativo durante o último ano em direção a uma política monetária mais restritiva.

Diante do aumento das incertezas sobre perspectivas futuras da inflação e atividade econômica real, a maioria dos integrantes enfatizaram a necessidade de manter “flexibilidade e opcionalidade”, enquanto continuam movendo a política monetária para um patamar mais restritivo, com novos aumentos de juros capazes de atingir as metas determinadas pelo Comitê.

Fed em sinuca de bico

Jerome Powell, presidente do Fed, indicou que embora tenha sido registrado um progresso na batalha contra a inflação, apenas sinais hesitantes foram detectados. Ele espera que as taxas se mantenham em níveis mais altos mesmo após a conclusão dos aumentos dos juros.

As autoridades estão com dúvidas sobre qualquer afrouxamento da política monetária neste ano. Segundo a ata, as autoridades lutam com os riscos duplos dessa política.

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O primeiro é de que o Fed não mantenha as taxas altas pelo tempo suficiente, o que pode fazer com que a inflação apodreça, como ocorreu na década de 1970. O segundo risco é de que, caso a política restritiva siga por muito tempo, a economia seja desacelerada demais.

Os economistas ouvidos pela CNBC preveem que os EUA entrem em recessão nos próximos meses, por causa do aperto do Fed e dos impactos da inflação na economia — a taxa está próxima dos índices máximos dos últimos 40 anos.

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Com Estadão Conteúdo

Erick Matheus Nery

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