Fed aumenta juros nos EUA pela 10º vez seguida; taxa cresce 0,25 ponto e banco deixa recado

O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) decidiu elevar a taxa dos Fed Funds em 25 pontos-base (pb), para a faixa entre 5,00% e 5,25% ao ano, em comunicado divulgado nesta quarta (3). Esse é o décimo aumento seguido na taxa básica de juros da economia norte-americana e a decisão foi unânime.

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Além disso, o Fed elevou a taxa de juros paga sobre saldo de reserva para 5,15%, decisão que entra em vigor a partir da quinta (4), e a taxa de desconto em 25 pontos-base, para 5,25% ao ano.

No comunicado, os agentes econômicos ressaltaram que seguem “altamente atentos” aos riscos da inflação nos Estados Unidos. De acordo com o informe, ao avaliar a orientação adequada da política monetária, o Comitê continuará a monitorar as implicações das informações recebidas para as perspectivas econômicas.

Segundo a publicação, o banco central dos Estados Unidos está preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado se surgirem riscos que podem atingir o logro dos objetivos do Comitê.

As avaliações levarão em conta uma vasta gama de informações, incluindo leituras sobre as condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas inflacionárias, além de desenvolvimentos financeiros e internacionais, conclui o Fed.

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Alta dos juros no EUA: Veja análises

Na visão de Celso Pereira, diretor de investimentos da Nomad, o aumento dos juros nos EUA está em linha com o esperado pelo mercado. Além disso, a autoridade monetária sinalizou que esse pode ser o último aumento de juros neste ano.

“O décimo aumento consecutivo confirmou o comprometimento da autoridade monetária com o controle da inflação. Ele ocorre a despeito de a inflação acumulada estar diminuindo: o ganho médio por hora do trabalhador privado subiu 4,2% em março de 2023, menos que os 5,6% medidos no mesmo mês de 2022 (ambas medições com relação aos 12 meses anteriores)”, comenta o especialista.

“O cenário de emprego nos EUA continua aquecido, atraindo a preocupação do Fed. Por exemplo, a taxa de desemprego está em 3,5% (próximo da mínima histórica) e 236 mil empregos foram criados em março”, prossegue.

Notamos uma convergência progressiva entre os números da inflação e dos juros. Tal convergência sugere que em 2023 deve estancar-se o movimento de subida de juros nos EUA. A expectativa dos economistas é que esse seja o último aumento no atual ciclo de altas.

Por volta das 15h15 no horário de Brasília, após o anúncio do Fed, o índice de ações dos EUA S&P 500 subia 0,31%. O Dow Jones ganha 0,21% e Nasdaq sobe 0,65%.

Fed retira trecho que antecipava aperto adicional e deixa em aberto possibilidade de pausa

O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) retirou de seu comunicado de política monetária divulgado nesta quarta-feira, 3, trecho em que afirmava que “o comitê antecipa que algum aperto adicional na política pode ser apropriado a fim de manter uma postura na política monetária suficientemente restritivo para a inflação retornar à meta de 2% com o tempo”.

Agora, em substituição, o comunicado afirma que “para determinar a extensão em que aperto político adicional possa ser apropriado para levar a inflação de volta à meta de 2”, o Comitê levará em conta “o aperto acumulativo da política monetária”.

O texto desta quarta-feira ainda diz que será levado em conta o intervalo de tempo até o efeito da política monetária para a atividade econômica e a inflação, bem como os “acontecimentos econômicos e financeiros”.

Em comentário no Twitter, Mohammed El-Erian, atualmente ligado à Universidade Cambridge, observa que essa mudança no texto deve levar os mercados a interpretar que o Fed está “sinalizando uma altamente condicional pausa para junho”, o que também deve receber mais clareza na entrevista coletiva de Jerome Powell no período da tarde desta quarta-feira.

Powell descarta corte de juros em cenário de persistência da inflação nos EUA

Na esteira da quebra de bancos regionais nos Estados Unidos, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, reconheceu, nesta quarta-feira, 3, que a instituição cometeu erros em relação ao trabalho de supervisão. “Temos alguns arrependimentos”, disse, durante coletiva de imprensa.

O dirigente explicou que a corrida a depósitos no Silicon Valley (SVB), em março, foi “muito rápida” para os padrões históricos. Segundo ele, o episódio deixa uma série de aprendizados. Powell acrescentou que a compra do First Republic Bank pelo JPMorgan foi um “passo importante” para controlar a situação.

O banqueiro central destacou que as turbulências recentes envolvendo três bancos – SVB, First Republic e Signature Bank – foram resolvidas. Ainda assim, ele reforçou que o Fed continuará monitorando “com cuidado” os desdobramentos do sistema bancário.

Powell voltou a endossar o relatório de revisão da quebra do SVB divulgado na última sexta-feira, após trabalho de revisão conduzido pelo vice-presidente de supervisão do Fed, Michaell Barr. Para ele, o documento é um “ótimo ponto de partida” para as mudanças necessárias na regulação.

O dirigente pontuou que a quebra do banco ocorreu de maneira surpreendente. No entendimento dele, os episódios recentes podem levar a um maior aperto na disponibilidade de crédito.

Compromisso

O presidente do Federal Reserve afirmou ainda nesta quarta-feira, que as condições do sistema bancário norte-americano melhoraram desde março, quando Silicon Valley Bank e Signature Bank quebraram. Segundo ele, o Fed trabalhará para tornar o setor ainda mais resistente.

“Estamos comprometidos a aprender as lições corretas desse episódio”, disse Powell, em referência às recentes turbulências, durante coletiva de imprensa após decisão de subir juros em 25 pontos-base.

O dirigente reforçou ainda que os bancos, no geral, continuam seguros e resilientes.

Fed poderá apertar mais a política monetária nos EUA, caso necessário, diz Powell

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, afirmou, nesta quarta-feira, 3, que a instituição poderá apertar mais a política monetária, caso necessário. Segundo ele, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) não tomou uma decisão sobre eventual pausa na campanha de alta de juros nesta quarta.

Durante coletiva de imprensa, Powell reiterou que os próximos passos do banco central norte-americano dependerão da evolução dos indicadores macroeconômicos.

O dirigente chamou atenção para a alteração no comunicado divulgado mais cedo, que retira o trecho que antecipa mais aperto. “Não mais antecipamos altas de juros, mas seremos guiados por dados a vir, a cada reunião”, disse.

Cenário da inflação

O presidente do Federal Reserve reconheceu que a inflação arrefeceu nos Estados Unidos desde meados de 2022, mas reforçou que as pressões inflacionárias continuam altas.

“Estamos muito atentos a riscos que inflação elevada significam para nossas metas”, afirmou Powell, durante coletiva de imprensa, após decisão do Fed de subir juros em 25 pontos-base.

Ele acrescentou que há sinais de maior equilíbrio entre oferta e demanda. Também comentou que o mercado de trabalho permanece “apertado”, com a demanda por trabalhadores superando com folga a oferta de trabalhadores. Powell disse ainda enxergar expectativas de inflação “ancoradas”.

Tempo para inflação voltar à meta

O presidente do Federal Reserve reiterou a previsão de que “levará algum tempo” para reduzir a inflação nos Estados Unidos de volta à meta de 2%.

Em coletiva de imprensa, o dirigente explicou que os dirigentes da autoridade monetária ainda avaliam se os juros estão em “níveis restritivos” após a decisão tomada nesta quarta.

Segundo ele, a política terá que ficar restritiva por algum tempo para assegurar a retomada da estabilidade de preços.

O presidente do Fed também reforçou compromisso com a meta de 2% estabelecida pelo Fed e garantiu que esse objetivo seguirá em vigor.

Com Estadão Conteúdo

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Erick Matheus Nery

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