Evergrande: Principal risco para o Brasil recai sobre Vale (VALE3) e siderúrgicas, dizem especialistas

O temor do calote da Evergrande deixou os mercados em estado de alerta em todo o mundo, derrubando o Ibovespa para abaixo de 108 mil pontos nesta segunda-feira. Segundo especialistas ouvidos pelo Suno Notícias, o grande problema relacionado à empresa chinesa é a possibilidade de redução da demanda por commodities metálicas.

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Não é à toa que a Vale (VALE3) e as siderúrgicas – como CSN (CSNA3), Gerdau (GGBR4) e Usiminas (USIM5) — estão caindo mais que o Ibovespa, que perde hoje 3,32%. Enquanto a mineradora cai quase 5%, as siderúrgicas recuam, 3,71%, 3,41% e 3,67%, respectivamente. Entre as empresas de commodities que também chamam atenção hoje é a Braskem (BRKM5) com uma desvalorização de 11,88%, a Petrorio (PRIO3) com recuo de 8,27% e a Petrobras (PETR4) que cai 3,53%.

Como a China é uma das principais importadoras de matéria-prima local, um calote da Evegrande reduziria a demanda pelos insumos brasileiros, além de derrubar o preço das commodities, segundo o economista e sócio da BRA, João Beck. “O caso Evergrande pode prejudicar nossa balança comercial com o resto do mundo”, afirma.

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Segundo ele, o principal afetado seria o setor de mineração e siderurgia, mas também haveria um efeito mais generalizado devido a um desaquecimento chinês. “Uma eventual desaceleração chinesa diminui também o crescimento local que vinha numa crescente depois da recuperação da segunda onda da Covid”, diz.

O sócio da Monte Bravo, Rodrigo Franchini, também destaca o efeito Evergrande sobre o mercado de commodities metálicas. “A China como grande compradora do mundo vai ser menos adepta a comprar materiais básicos, minério de ferro e qualquer outros produtos em relação à infraestrutura.”

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Além disso, Franchini destaca que os setores que dependem das mineradoras e das siderúrgicas também seriam fortemente impactadas. Este é o caso das incorporadoras e construtoras, segundo ele. “Toda essa roda que gira em torno de infraestrutura vai ter um ritmo menor, mais lento de crescimento”, afirma.

Calote Evergrande acentua temores sobre economia

A crise vista atualmente com a Evergrande joga água em perspectivas que já não eram otimistas sobre a economia chinesa. De acordo com o porta-voz da Monte Bravo, já era esperado que a China crescesse nos próximos anos menos do que em 2010, 2015, 2018 e 2019.

Outras grandes economias do mundo, como os Estados Unidos, também têm dificuldades de manter um crescimento consistente. “Isso também é preocupante. Se você vai consumir menos e crescer menos, você vai demandar menos. Então naturalmente isso reverbera em todas as bolsas do mundo.”

Neste cenário de aversão a risco, as bolsas emergentes costumam ser as mais afetadas, como é o caso do Brasil. “Você liga o sinal de alerta, para bolsas menores e também para as moedas mais fracas e até mesmo para as bolsas de primeira linha.”

Um ponto que mais preocupa os especialistas é a falta de clareza sobre quais serão os próximos passos do governo chinês em relação à Evergrande. “Agora, não se tem a menor ideia do que pode acontecer”, diz o executivo da Monte Bravo.

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Poliana Santos

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