Escassez de semicondutores corta produção de milhões de carros

A indústria automotiva está sofrendo por causa da escassez de semicondutores, que poderiam cortar a produção de dois milhões de carros em 2021.

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Na última sexta-feira (5) a Renault e Stellantis suspenderam a produção de carros em várias fábricas por causa da falta de semicondutores utilizados.

A General Motors acabou de anunciar que fechará três de suas fábricas na América do Norte e no México por uma semana e trabalhará em meio período em outras duas fábricas coreanas, pela mesma razão.

Pelo mesmo motivo, a Ford suspendeu a produção na Alemanha por um mês até 19 de fevereiro, e agora se prepara para reduzir turnos por cerca de dez dias nas fábricas dos EUA onde monta as pick-ups.

A Nissan teve que cortar a produção do Note, um modelo híbrido elétrico.

No mercado automotivo essa paralisia poderia provocar o corte da produção de milhões de veículos.

Corte no fornecimento de semicondutores

A situação foi provocada pelo surto de demanda de semicondutores logo após o começo da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

A compra de laptops e outros eletrônicos levou a uma demanda impossível de ser acompanhado pela indústria.

Tanto que os prazos de entrega dos produtos se alongaram, segundo um relatório recente da consultoria IHS Markit, de pelo menos 26 semanas.

As previsões é que a situação demore pelo menos dois trimestres até voltar ao normal pois é preciso de tempo para responder aos pedidos e ajustar a capacidade de produção.

O despertar das encomendas da indústria automobilística tem uma explicação.

Em 2019 foram produzidos cerca de 90 milhões de veículos em todo o mundo. Um número que caiu, com o fechamento das fábricas por causa do coronavírus, para cerca de 75 milhões em 2020.

A previsão era de que não se voltaria aos níveis pré-Covid antes de 2022, na melhor das hipóteses, ou mais provavelmente não antes de 2023.

Em vez disso, a relutância em usar o transporte público devido ao risco de contágio e o impulso para usar veículos elétricos/híbridos para conter as emissões produziram uma explosão na demanda por carros novos que este ano já está viajando a uma taxa de 85-90 milhões carros por ano.

Os picos de demanda anualizados chegaram a 95-98 milhões de veículos. E apenas para reposição de estoques. Em suma, a demanda explodiu de forma inesperada, com armazéns vazios e surpreendendo até os analistas mais otimistas.

A questão, porém, é que para atender pedidos de semicondutores, por se tratar de produtos complexos, o processamento leva de cinco a seis meses.

Além disso, deve-se considerar o tempo necessário para adequar a capacidade produtiva das fábricas que hoje não possuem margens de flexibilidade, operando 24 horas por dia, sete dias por semana.

Sanções contra a China não ajudaram

A guerra comercial entre China e Estados Unidos também contribuiu com esse problema.

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Vários fabricantes chineses de semicondutores foram atingidos por sanções econômicas impostas pelo governo dos EUA durante a presidência de Donald Trump.

A maioria desses ainda estão limitados em suas exportações, mesmo após a chegada na Casa Branca de Joe Biden.

Demanda vai aumentar no futuro

A demanda por semicondutores tende a aumentar estruturalmente nos próximos anos.

Isso por causa de três megatendências:

  1. o processo de eletrificação e digitalização dos carros, que permite maior segurança aos passageiros;
  2. o uso de instrumentos eletrônicos que permitem controlar o consumo do veículo;
  3. o desenvolvimento da Internet das coisas e 5G na telefonia, com casas, fábricas e cidades “inteligentes”.

Este ano, a taxa de aumento da demanda por semicondutores no nível do mercado global deverá crescer entre 9% e 10%, o dobro da taxa normal de crescimento, que é na ordem de 5% ao ano.

Com isso, o mercado dos semicondutores deverá chegar ao US$ trilhão em 2030, mais do que dobrando o valor de US$ 400 milhões atingindo em 2020.

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Carlo Cauti

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