A grande fuga: por que as empresas estão fugindo da Califórnia para o Texas

A notícia mais recente foi que Elon Musk vai se mudar da Califórnia para o Texas. O empresário já tem nesse último estado sua nova base espacial da SpaceX e está construindo uma fábrica da Tesla (NASDAQ: TSLA).

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A notícia gerou surpresa, pois a Califórnia, com seu Vale do Silício, é considerada o berço das empresas de tecnologia. Um ecossistema único, onde as start-ups surgem, se desenvolvem e se tornam gigantes mundiais.

O clima agradável do Vale do Silício, as oportunidades educacionais e as perspectivas de emprego atraíram trabalhadores por mais de um século e ajudaram a transformar a região no epicentro da indústria de tecnologia do mudo.

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Entretanto, a saída de Musk do “estado do sol” não é um caso único.

Califórnia (não mais) terra de oportunidades?

A Oracle de Larry Elison também decidiu mudar sua sede da Califórnia para o Texas.  Mesmo roteiro para a Hewlett Packard (NYSE: HPE), Dell e Advanced Micro Devices. E por dezenas de outras empresas menores.

O rico estado do Pacífico deixou de ser a “terra prometida” da América e se tornou o epicentro das reclamações de empresários, que se queixam dos impostos muito elevados e pelas regras excessivas que deixam muito complicado fazer negócios.

Isso sem contar as secas mortais, incêndios devastadores, apagões de energia elétrica e a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) que flagelaram a Califórnia nos últimos anos.

Além das empresas, estaria ocorrendo também um êxodo de habitantes.

Nos últimos dez anos, 687 mil californianos se mudaram para o Texas, enquanto os texanos que fizeram o caminho inverso foram pouco mais de 300 mil.

Entre as causas dessa “grande fuga” está também o custo de vida que se tornou insustentável em meio a impostos excessivos e aluguéis que chegaram às alturas.

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E os texanos, conhecidos por serem cidadãos orgulhosos e um tanto arrogantes, dão as boas-vindas aos imigrantes que chegam da Costa Oeste com um slogan que parece mais uma chacota: “Don’t California my Texas”, ou seja, não transforme meu estado em outra Califórnia.

Grande fuga para o Texas

Mas estamos realmente assistindo a uma “grande fuga” das empresas de tecnologia e de cidadãos? E o Texas é realmente o novo Eldorado?

O que está ocorrendo com a Califórnia e o Texas não é apenas um fenômeno econômico ou geográfico, mas se tornou o palco de uma nova batalha política nos Estados Unidos.

Os conservadores, ressentidos pela derrota de Donald Trump e fartos de serem considerados uma força retrógrada, consideram o Texas um laboratório de uma nova direita que está olhando para o futuro, conseguindo atrair empresas da economia digital.

Além disso, a Califórnia, governada há uma década pelo Partido Democrata, está sendo utilizada como exemplo de tudo o que pode dar errado com a presidência de Joe Biden. Ou seja, aumento dos impostos, regras que deixam impossível qualquer atividade econômica e fuga de empresas.

Alguns radicais que não aceitam a ideia de serem governados por um presidente democrata também começaram a sugerir a secessão do Texas da União. Algo que o presidente do partido republicano do grande estado do Sul acaba de propor.

Todavia, muitos políticos californianos consideram “o novo ímã texano” apenas como um truque de marketing político.

Por exemplo, Musk estaria se mudando apenas por conveniência tributária, pois a sede da Tesla permanecerá em San Bruno, perto de San Francisco, enquanto a fábrica texana se juntará à californiana, que continua produzindo.

Quanto à Oracle, Larry Ellison vai se mudar, mas não para o Texas: ele vai morar no Havaí. E os funcionários da gigante do software terão a liberdade de escolher entre a nova sede em Austin e a antiga em Redwood City, no Vale do Silício, que permanece ativa.

Outras empresas, por sua vez, estão se mudando da Califórnia mas não rumo ao Texas, e sim a outros estados, como o Colorado. Esse foi o caso do Palantir de Peter Thiel.

Portanto, decretar o fim da Califórnia como polo tecnológico dos EUA e do mundo pode parecer ainda prematuro. Isso pois também outros grandes grupos de tecnologia, do Facebook (NASDAQ: FB) ao Google (NASDAQ: GOOG), não pretendem se mudar do estado. Enquanto a Apple, mesmo que quisesse, não poderia abandonar sua nova sede de Cupertino, que custou US$ 5 bilhões (cerca de R$ 30 bilhões), construída em forma de nave espacial circular.

Mas a “grande fuga” das empresas de tecnologia da Califórnia já está preocupando muitos em San Francisco e em Washington também.

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Carlo Cauti

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