Donald Trump diz que manterá governo fechado até aprovação do muro

O presidente dos EUA Donald Trump esclareceu que não alterou seu posicionamento quanto a manter o governo federal paralisado até que os democratas aprovem medidas, que contemplem verba para financiar o muro na fronteira com o México.

O aguardado pronunciamento de Donald Trump na noite da segunda-feira (08) durou cerca de oito minutos no Salão Oval da Casa Branca. O presidente norte-americano disse que o governo “permanece fechado por uma e única razão: os democratas não vão financiar a segurança na fronteira”.

“A situação poderia ser resolvida em um encontro de 45 minutos. Eu convidei lideranças do Congresso à Casa Branca amanhã para resolver isso”, completou Trump.

Confira abaixo algumas das consequências da paralisação do governo norte-americano:

  • impacta 800 mil funcionários de licença não remunerada ou trabalhando sem receber pagamentos;
  • parques nacionais estão fechados;
  • pedidos atrasados de hipoteca para comprar a casa própria;
  • empresas com ações em Bolsa não conseguem aprovação para levantar capital.

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Respostas

Prontamente, os democratas responderam ao pronunciamento. A presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, disse que o líder do país não devia manter a população americana “refém”.

Pelosi acrescentou que o republicano não devia fabricar uma crise e sim reabrir o governo.

O líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, ressaltou que há medidas bipartidárias aprovadas e que podem reabrir o governo, enquanto permanecem os debates referentes à fronteira.

“Não há desculpa para ferir milhões de americanos por causa de diferença política”, disse Schumer. “Nós não governamos sob birra.”

Ainda em seu pronunciamento, o presidente empregou responsabilidade aos democratas pela paralisação parcial do governo, que já dura 19 dias.

“Chuck Schumer repetidamente apoiou uma barreira física no passado, junto com outros democratas”, expressou Trump. Os democratas só mudaram de ideia depois que eu fui eleito.”

De acordo com o líder, o muro, agora, será de aço, ao invés de concreto, “a pedido dos democratas”.

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Crise humanitária

Apelando para o sentimentalismo, Trump assegurou que os Estados Unidos passam por uma “crise humanitária, do coração e da alma”.

Sustentou a afirmação com dados, acentuando que há uma crise migratória no país que ameaça a segurança dos cidadãos. O republicano citou uma série de crimes cometidos, segundo ele, por estrangeiros.

“O coração dos EUA foi partido um dia depois do Natal, depois que um policial foi morto por um estrangeiro que não tinha direito de estar no nosso país”, narrou Trump, referindo-se ao policial Ronil Singh, morto na Califórnia ao parar um carro no qual estava um imigrante ilegal.

Ao terminar de expor casos similares ao de Singh, o presidente indagou:  “quanto sangue americano terá que ser derramado até que o Congresso aprove [dinheiro para o muro]?”.

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Drogas

Posteriormente, Trump disse que o muro vai se financiar de uma forma ou de outra: seja pela redução do custo de combate ao trágico de drogas, seja pelo acordo comercial fechado com o México e o Canadá que substituirá o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta).

“Mais americanos morrerão pelas drogas neste ano nos EUA do que durante toda a Guerra do Vietnã”, disse o líder ao mencionar a questão das drogas, tentando relacionar a crise de opioides vivida pelos Estados Unidos à atuação de traficantes que seriam imigrantes ilegais.

No entanto, a CNN acentua que o presidente quis vincular o total de mortes por overdose de drogas, ao total de mortes por overdose provocadas pelos entorpecentes que entram ilegalmente pela fronteira.

Desta forma, o republicano equivocou-se, pois, do total de mortes por overdose apenas, muitas são causadas por remédios controlados e que são comercializados sob prescrição médica.

O The New York Times, por sua vez, ressaltou que a maior parte da heroína traficada para os EUA chega pela fronteira sul. Já os opioides como o fentanil regressam em portos de entrada legais, em pacotes vindos da China.

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Reabertura

Na última quinta-feira (03), primeiro dia do controle democrata da Câmara dos Deputados, os congressistas aprovaram duas medidas que almejavam a reabertura do governo:

  • financiamento temporário do Departamento de Segurança Doméstica nos níveis atuais até 8 de fevereiro.
  • financiamento dos departamentos de Agricultura, Interior e outros até 30 de setembro, quando termina o atual ano fiscal.

No entanto, sem o dinheiro para o muro, Mitch McConnell, líder da maioria republicana no Senado, recusou a votação das propostas.

Histórico

O governo norte-americano já sofreu 21 paralisações desde que o Congresso inseriu a lei de controle que determina o processo orçamentário no país.

A atual paralisação parcial já é a segunda maior registrada, superando os 17 dias completos em setembro de 1978, durante a Presidência de Jimmy Carter.

O primeiro lugar entre as paralisações fica para a interrupção de dezembro de 1995, quando o democrata Bill Clinton estava no poder.

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O estopim para o governo paralisar foi o presidente vetar a lei de gastos proposta pelo Congresso, que, na época, era dominada pelos republicanos.

Após três semanas de duração, os lados entraram em acordo para passar um plano orçamentário de sete anos que incluía cortes moderados de gastos e aumento de impostos.

Donald Trump afirmou na última sexta-feira (04) que está “preparado” para que a paralisação orçamentária se estenda por mais de um ano, após uma reunião com os líderes democratas do Congresso.

Amanda Gushiken

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