Diretor-geral da OMC defende acordos comerciais bilaterais

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) defendeu acordos comerciais bilaterais.

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, o brasileiro Roberto Azêvedo, defendeu acordos comerciais bilaterais depois de encontrar com o presidente Jair Bolsonaro. O diretor-geral da OMC conversou com os jornalistas na última quinta-feira (3) no Palácio do Planalto.

Azêvedo defendeu a política externa do novo governo que prioriza acordos bilaterais em detrimento de discussões multilaterais. “Tenho dito com grande frequência que o caminho bilateral tem de ser trilhado e é mais efetivo sobretudo nas negociações tarifárias e acesso ao mercado”, afirmou o diretor-geral da OMC.

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Indicado pelo governo Dilma Rousseff, o diplomata foi eleito para o cargo em 2013 e reeleito em 2017. No comando da OMC, Azêvedo sempre foi um defensor dos acordos multilaterais. Em 2016, ele declarou que o governo Michel Temer cometia um “grande equívoco” ao priorizar acordos bilaterais.

Falando com os jornalistas, Azevêdo disse que o sistema multilateral precisa se renovar e responder às demandas do “mundo moderno”. “Esse mundo que estamos vendo aí é completamente diferente de 15, 20 anos atrás”, afirmou o diretor-geral da OMC.

Elogios para Araújo

Além disso, Azevêdo também elogiou o novo ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que estava presente no encontro com Bolsonaro. Ele avaliou que o posicionamento crítico do chanceler ao chamado “globalismo” “foi muito propício, compatível com tudo o que está acontecendo”. “Ele está dizendo que devemos repensar. Não vejo nenhum problema em repensar as coisas. Na OMC, nós estamos fazendo esse exercício de autocríticas e re-arejando o sistema”, afirmou Azêvedo.

Segundo o diretor-geral da OMC, Bolsonaro e o chanceler não deram sinais de que pretendem “abandonar” a instituição. “Eles querem que esses organismos respondam melhor e estejam adaptados ao mundo moderno e aos interesses brasileiros, o que acho normal”, afirmou Azêvedo, “Eu acho que há uma falsa dicotomia entre o caminho bilateral e o multilateral”.

Em seu discurso de posse, Araújo afirmou que o Brasil deverá engajar-se na nova agenda da OMC. Entretanto, o chanceler não deu detalhes sobre quais seriam os pontos de interesse do País.

“Eles deixaram bem claro que a ideia é usar os mecanismos internacionais, a própria OMC, de uma maneira que, evidentemente, sirva aos interesses brasileiros”, afirmou o diretor-geral.

Azêvedo evitou comentar as reações de países árabes à declaração de Bolsonaro de que pretende mudar a embaixada do Brasil em Israel para Jerusalém. “Não tratamos desse assunto”, disse o diretor-geral da OMC, “Falamos mais no contexto geral. Não tratamos de temas particulares ou relações bilaterais. O Brasil, como 10.ª economia do mundo, tem interesses diversificados e essa complexidade do comércio brasileiro tem que ser bem avaliada pela equipe econômica”.

Roberto Azevêdo teve contatos com a nova equipe de governo de Jair Bolsonaro ainda durante a transição. O diretor-geral da OMC esteve também no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) no final do ano passado. Naquela ocasião, Azevêdo tinha declarado que mudanças na política externa do Brasil não seriam necessariamente negativas.

Carlo Cauti

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