Dólar mantém viés de alta e encosta em R$ 5,75 após anúncio do Fed

O dólar acentuou sua trajetória de valorização frente ao real e fechou mais uma vez em alta nesta quarta-feira (7), cotado a R$ 5,7454, avanço de 0,61% em relação à véspera. Para analistas, a decisão do Fed de manter os juros entre 4,25% e 4,5% ao ano reduziu o apetite de risco dos investidores e acelerou a busca pela divisa mais forte.

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É o maior valor desde 17 de abril (R$ 5,8037), com valorização acumulada de 1,21% nos quatro primeiros pregões de maio. As perdas da moeda no ano em relação à sua contraparte brasileira, que já superaram 8%, agora são de 7,04%.

O dólar já vinha em alta tanto lá fora quanto no mercado brasileiro desde a manhã. Além da cautela pré-Fed, parecia haver um ajuste favorável a ativos americanos, com pausa na rotação de carteiras em direção a moedas fortes e mercados emergentes diante de sinais de início de negociação tarifária entre China e EUA.

No início da tarde, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que as negociações comerciais com a China, que devem ocorrer na Suíça, começam neste sábado (10). Do lado chinês, estará o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, considerado o czar econômico do presidente Xi Jinping.

Na terça à noite, o Banco do Povo da China (PBoC, o BC do país) anunciou medidas de estímulo que foram vistas como insuficientes para contrabalançar os efeitos sobre a atividade econômica provocados pela guerra comercial.

Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY, que já vinha em alta desde o início do dia, renovou máxima à tarde, acima dos 99,900 pontos. A moeda norte-americana subiu em relação à maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities, com os pesos mexicano e colombiano como exceções.

Dólar e juros: impactos da decisão do Fed

Ao anunciar a manutenção dos juros no intervalo entre 4,25% e 4,50%, o Fed reconheceu que os riscos de avanço do desemprego e da inflação aumentaram em razão do tarifaço do presidente dos EUA, Donald Trump

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A valorização do dólar se intensificou às 15h30 com as declarações de Jerome Powell em entrevista coletiva. O presidente do Fed, o BC dos EUA, disse que a política monetária está bem posicionada, embora haja aumento da tensão para cumprimento de seu duplo mandato: a inflação na meta e o máximo emprego.

Powell ressaltou que o Fed não está em situação de promover um corte preventivo dos juros. “Não posso dizer com confiança que sei qual é o caminho apropriado para a taxa, mas nossa política não é altamente restritiva; é modestamente restritiva”, afirmou o presidente do Fed.

O economista André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, argumenta que Powell precisava adotar um tom duro como resposta às pressões de Trump para corte de juros. “O Fed enviou um sinal claro de que não terá pressa em iniciar um eventual ciclo de corte de juros, porque a economia continua forte e os riscos inflacionários são grandes”, afirma Galhardo.

O analista ressalta que a postura do Fed acabou por fortalecer o dólar. “Com o Fed considerando a política monetária apenas levemente restritiva, um eventual ciclo de cortes de juros a partir de junho deve ser bem gradual e não duradouro”, conclui Galhardo

Com Estadão Conteúdo

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Fernando Cesarotti

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