Dólar sobe contra tendência global, de olho em risco fiscal no Brasil
O dólar manteve a trajetória de alta da véspera e fechou nesta quinta-feira (15) em a R$ 5,6788, valorização de 0,82% em relação ao real na comparação com o fechamento da véspera.

A moeda norte-americana chegou a bater na máxima de R$ 5,6974, e passou a apresentar ganho de 0,42% na semana e de 0,04% em maio após dois dias de subida. As perdas da moeda no ano, que na terça-feira (13) fechou na mínima de 2025, a R$ 5,60, estão agora em 8,11%.
A subida aconteceu num pregão em que o mercado nacional acabou tendo maior impacto que o global, diante de notícias sobre o cenário político que ampliaram a sensação de risco fiscal. Circularam entre analistas relatos de que o governo estuda a adoção de um pacote de medidas para alavancar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre elas o reajuste no Bolsa Família a partir de 2026.
Tanto o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tiveram de dar declarações para negar a intenção de elevar o benefício. Haddad disse ainda que estão em discussão dentro do governo medidas pontuais para cumprimento do resultado primário de 2025.
“Há muita dúvida ainda com a parte fiscal, que ficou um tempo fora de foco por conta das turbulências globais com as tarifas de Donald Trump. A volta do problema fiscal para a pauta pode puxar o dólar novamente para o nível de R$ 5,90”, afirma Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.
Dólar tem dia de queda no mercado global
O índice DXY, que mede a força do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, em especial o euro e o iene, operou em baixa moderada ao longo do dia e rondava os 100,800 pontos no fim da tarde, após mínima aos 100,589 pontos. As cotações do petróleo caíram mais de 2% com possibilidade de acordo entre EUA e Irã sobre a questão nuclear, o que poderia levantar sanções sobre o óleo iraniano.
A inflação do produtor de abril nos EUA registrou queda de 0,5%, com índice acumulado em 2,4% nos últimos 12 meses. O resultado foi melhor que o esperado, já que a projeção era de alta de 0,2%.
Para analistas, os números sugerem que pode haver espaço para o Federal Reserve (Fed, o BC norte-americano) cortar os juros neste ano, mesmo com um eventual repique dos preços diante da política tarifária do presidente Donald Trump.
Com Estadão Conteúdo