Dólar fecha em alta de 1,44%, com Boletim Focus e projeção de alta da inflação no radar

O dólar encerrou as negociações desta segunda-feira (4) em alta de 1,44%, frente ao real, valendo R$ 5,447 na venda.

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Ficaram no radar do dólar hoje as denúncias de que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, possuem dinheiro fora do País, em paraísos fiscais.

Além disso, o mercado seguiu de olho no Boletim Focus divulgado hoje. De acordo com o documento, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deverá fechar o ano com alta acumulada de 8,51%. A previsão dos economistas desta semana é 0,06 ponto percentual (p.p.) maior do que a da última semana.

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No que se refere à taxa básica de juros da economia (Selic), utilizada como ferramenta de política monetária do Banco Central (BC) para conter a inflação, a estimativa permanece a mesma há duas semanas. Segundo os especialistas, a Selic deve terminar o ano em 8,25%. Há um mês, a projeção era de 7,63%.

Movimentação do dólar

O dólar americano abriu a sessão de hoje em alta, enquanto os investidores olhavam o avanço dos retornos dos Treasuries e a desaceleração da alta do dólar ante alguns pares emergentes do real, como os pesos mexicano e chileno, rublo e rand sul africano.

No decorrer da sessão, a moeda acelerou sua alta refletindo o clima de aversão ao risco dos mercados internacionais. Investidores recuam em meio a temores sobre inflação e crescimento econômico no exterior, além das preocupações internas com crise hídrica e alta dos preços também.

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Também pesava na alta do dólar ante o real o cenário de cautela no exterior e com a notícias sobre os “jabutis” da MP da Crise Hídrica, que poderiam trazer maior pressão inflacionária, além de aumento da projeção do mercado financeiro na pesquisa Focus para a inflação em 2021, que se distancia ainda mais do teto da meta perseguida pelo Banco Central (BC).

Notícias que movimentaram o dólar

Além disso, veja algumas notícias que movimentaram o dólar durante a sessão de hoje:

  • Política fiscal também é parte importante do combate à inflação, diz Campos Neto
  • Teto de gastos foi feito para não deixar Executivo crescer muito, diz Guedes
  • BC dos EUA planeja lançar análise para possível criação de dólar digital

Combate à inflação

Em meio aos reconhecidos ruídos sobre a ampliação do Bolsa Família, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou nesta segunda-feira que a política fiscal também é parte importante do combate à inflação, já que a redução da curva longa de juros traz mais efeito para a economia para um mesmo movimento da taxa Selic.

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“A credibilidade é o que faz a comunicação da política monetária. Credibilidade é super importante. Eu sempre dizia que o BC não era piloto, que o piloto era o fiscal. Mas o que eu queria dizer é que o fiscal é muito importante nesse momento para a gente ganhar credibilidade, para poder aumentar a transmissão de política monetária”, comentou o presidente do BC, em evento na Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

Campos Neto também observou que a sucessão de choques observados atualmente sobre a inflação não tem paralelo com a história recente e que também havia pouco conhecimento sobre o efeito do processo de reabertura em um período atípico como o da pandemia de covid-19.

“Fizemos política de aumentar os juros. Entendemos que é importante passar mensagem de credibilidade”, disse ele, citando que a inflação é crescente em outros países que têm movimento de ajuste atrasado em relação ao Brasil.

Teto de gastos foi feito para não deixar Executivo crescer muito

O ministro da Economia, Paulo Guedes, pediu ajuda aos órgãos de controle de contas para poder ter mais liberdade de administrar os recursos do País. Durante abertura da 1ª Semana Orçamentária do Tribunal de Contas da União (TCU), ele argumentou que, apesar de positiva, a criação do teto de aumento dos gastos públicos foi mal elaborada. O ministro enfatizou a importância da ferramenta como uma forma de se evitar despesas excessivas e desvios, mas que acabou engessando a administração pelo governo de seus próprios recursos.

“O teto de gastos foi feito para não deixar Executivo crescer muito, mas eu pergunto: e se quisermos diminuir o tamanho do Estado? Este é um problema que se arrasta há um ano e meio e depende do TCU”, avaliou o ministro, lembrando que há no momento discussões, por exemplo, sobre a criação de um fundo de estabilização. Ele não mencionou diretamente, mas há um debate sobre como o governo poderia atuar por meio de um fundo no preço dos combustíveis, amortecendo os impactos da volatilidade internacional.

Fed planeja dólar digital

O Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) planeja lançar nesta semana uma análise dos possíveis benefícios e riscos de se emitir uma moeda digital de banco central (CBDC, pela sigla em inglês).

Dirigentes do Fed estão divididos em relação ao assunto, tornando improvável que haja uma decisão no curto prazo sobre a criação de um dólar digital.

Ao contrário de criptomoedas como bitcoin, uma versão do Fed seria emitida e garantida pelo BC americano, uma entidade do governo, assim como moedas e cédulas em dólar.

O presidente do Fed, Jerome Powell, porém, já sinalizou que é preciso ter cautela. No mês passado, Powell disse que é mais importante desenvolver o dólar digital da forma correta, devido ao papel crucial da moeda americana no mundo.

Cotação do dólar na sexta (1)

Na última sessão, sexta-feira (01), o dólar fechou em queda de 1,47%, negociado a R$ 5,3696.

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Laura Moutinho

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