‘Dólar do caos’: O que saber e o que fazer antes de investir fora do Brasil

Como uma forma de diversificar o risco, aproveitar oportunidades de longo prazo, atrelar uma fatia do patrimônio e/ou da carteira de investimentos ao dólar é sempre uma das alternativas mais citadas por especialistas.

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Nesse sentido, além de mitigar perdas drásticas em um cenário caótico no Brasil – em que o o dólar venha a disparar -, é possível para o investidor escolher ativos que tenham um carrego adicional e forneçam boas oportunidades de ganho.

Fernando M. Bento, CEO e Sócio da FMB Investimentos, destaca que atualmente a gama de produtos do mercado americano é infinitamente maior do que a do Brasil, o que pode dar um conforto mais para investidores.

Além disso, com o cenário atual e a multiplicidade de plataformas de investimentos, investir em dólar e ativos dos Estados Unidos tornou-se mais acessível para pessoas físicas.

“Antes praticamente só se tinham fundos internacionais – que até cresceram muito. Agora você teve um aumento grande da oferta de BDRs na B3. E mais recentemente surgiram plataformas que permitem com muita facilidade uma abertura no exterior, e com pouca burocracia. Isso também é uma alternativa, e uma bem completa. Geralmente o investidor abre uma conta no exterior, remete o dinheiro para fora e passa a ter acesso a uma gama enorme de produtos”, explica.

Assim, acessar uma corretora estrangeira ou uma plataforma que permita dolarizar o patrimônio diretamente pode ser um caminho simples e fácil para comprar ações nos EUA de forma direta ou comprar títulos de renda Fixa, REITS e outros ativos menos usuais em corretoras brasileiras.

O professor de Finanças da FIA Business School da USP e Educador Financeiro, André Massaro, destaca que apesar da democratização dessas opcionalidades, é importante ter em vista que há uma complexidade inerente.

“[Investir no exterior] sempre vai ser mais complexo. Apesar da facilidade e das corretoras especializadas, não é algo trivial. Tem a questão do entendimento dos mercados. O investidor passa a estar sujeito às idiossincrasias do mercado específico, sendo afetado por fatores às vezes incompreensíveis. Além disso tem questões fiscais de investimentos no exterior aqui no Brasil, dado que é algo bem nebuloso mesmo para os mais experientes”, explica.

Antes de alocar o capital lá fora, o educador financeiro ressalta que o investidor deve estar bem assentado no Brasil, com reserva de emergência e uma carteira que consiga prover liquidez.

Além disso, destaca que é importante levar em consideração que investir no exterior de forma ‘legítima’ é somente com corretoras estrangeiras, dado que os BDRs ainda manterão o dinheiro do investidor na jurisdição brasileiro.

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Por fim, destaca que no mercado acionário de Wall Street também há ações com volatilidade e o investidor pode estar sujeito a situações análogas às da bolsa brasileira.

“Assim como no Brasil as empresas dão um susto por dia, lá também você também tem ‘rolo’. Não é saudável idealizar cegamente os EUA, e é importante manter uma estratégia racional de investimentos lá [no exterior] assim como aqui”, explica.

Quantos ter na bolsa dos EUA?

Vivian Portella, diretora de negócios internacionais do grupo B&T, aponta que a demanda por dolarização de patrimônio aumentou nos últimos meses e ressalta que ‘calibrar a carteira’ é relevante.

Além disso, a especialista aponta que é necessário manter uma visão de longo prazo e evitar tentar surfar grandes carregos cambiais.

“O importante é ter uma carteira diversificada. Você pegar todo o patrimônio e dolarizar, sendo que a necessidade de liquidez é no Brasil, eu não acho saudável. De fato, fazer o investimento pensando no futuro, acho que é, na minha opinião, o mais importante. É pensar no futuro com a dolarização e ter um horizonte de longo prazo”, diz.

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“Em termos de demanda, tivemos um crescimento desde novembro. De uns 3 ou 4 meses para cá crescemos cerca de 20% em relação ao ano de 2021. Mesmo com a alta do dólar tivemos um fluxo muito positivo especialmente depois de janeiro”, relata.

Bento, da FMB Investimentos, ressalta que é importante fazer alocações de forma gradual e que é razoável, de uma maneira geral, manter cerca de 20% da carteira de investimentos nos EUA.

“É uma grande questão mas sem resposta única. Depende de muitos fatores, se a pessoa pretende morar fora ou ter algum gasto futuro em dólar. Agora, o brasileiro tem um viés comportamental muito grande e não tem hábito de investir globalmente. O que sugerimos é fazer de uma forma paulatina, considerando a oscilação do câmbio. Apesar de não ter um valor específico, é razoável ter cerca e 20% no exterior. E se a pessoa tem um viés de mais preocupação com a economia do Brasil ou viaja muito, vale a pena ter 30%, ou até 50% em um caso de uma ‘grande aposta’ no mercado americano”, comenta.

Evite tentar acertar o ‘fundo do dólar’

Além disso, especialistas apontam que não é saudável tentar acertar uma queda do dólar e realizar os investimentos pontualmente quando a moeda americana cair muito.

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“Essa questão de esperar uma boa janela cambial precisa ser ignorada. É muito difícil antecipar e sequer entender os movimentos do dólar. Se a pessoa tem intenção ou necessidade, tem que investir. Antecipar o dólar tende a dar errado. Até para quem é profissional é difícil. O mercado de câmbio é de longe um dos mais difíceis”, explica Massaro.

“Óbvio que o ideal seria comprar na baixa, sempre, mas, para você ter essa autonomia, tem de acompanhar notícias nacionais e internacionais, considerando apreciação ou depreciação de uma moeda ante a outra [real frente ao dólar]. A variação está ligada a diversos fatores, internos e externos. Estar antenado é essencial, para se ter uma ideia, mas, ainda assim, é algo que varia muito”, diz Portella, da B&T.

Alternativas para deixar o dinheiro nos EUA

Entre as alternativas para atrelar o seu patrimônio ao dólar – seja investindo no Brasil ou diretamente no exterior – estão fundos, ações, ETFs e diversas outras classes de ativos. Recentemente o Suno Notícias reuniu e explicou como funcionam 5 maneiras de investir no exterior. Para acessar esse conteúdo basta clicar aqui.

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Eduardo Vargas

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