Dólar próximo dos R$ 6 é novo normal, dizem especialistas

A cotação do dólar ante o real, que vem batendo recordes nominais recentes, deve se manter próximo dos R$ 6 no curto e médio prazo e esse patamar deverá ser o novo normal, segundo especialistas ouvidos pelo SUNO Notícias.

“A tendência, na nossa opinião, é que o mercado continue nos próximos dois meses, com a crise do coronavírus, o dólar deve ficar entre R$ 5,50 e R$ 6”, disse Mauriciano Cavalcante, gerente de câmbio da Ourominas.

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Para Francisca Brasileiro, sócia da TAG Investimentos, há um novo patamar dado a uma combinação de crise mundial, causada pelo coronavírus (covid-19), com a queda da taxa básica de juros (Selic) e problemas políticos no Brasil.

“Talvez tenhamos uma coisa entre R$ 5,70 e R$ 6, mas a gente não tem nenhuma aposta em relação ao câmbio há bastante tempo”, afirmou.

Segundo Cavalcante, a dúvida no médio prazo, entretanto, a dúvida é se a moeda americana ficará acima de R$ 6. “A médio prazo, acho que R$ 6 o dólar deve buscar. Mas a curto prazo, o provável é estar entre esses dois patamares citado”, afirmou.

Coronavírus, Selic e crise política aumentam problema

A alta do dólar ante o real se baseia, principalmente, em três fatores preponderantes: crise, Selic e política.

A crise causada pelo coronavírus fez com que o mercado retirasse as divisas de países emergentes para correr a ativos mais seguros, como o dólar.

“Acho que o dólar tem sido muito mais elevado pela dinâmica externa do que pelas visões locais. Em um ambiente de recessão global, somos vistos como um país de pouca qualidade no mundo dos investimentos e, com essa fuga do risco”, disse Francisca Brasileiro.

Para ela, além da crise, a queda da Selic, que foi a 3,00% ao ano na quarta-feira (7), ajuda a deixar o País menos atrativo ao mercado financeiro mundial.

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“Para contribuir com isso tudo, o diferencial de juros já tinha sido um componente com pouco peso, diminuindo a diferença entre juros lá fora e aqui, deixando o Brasil menos atraente para o capital externo”, afirmou.

E, para contribuir à tempestade perfeita, ruídos políticos, como a demissão do ministro Sérgio Moro e a má relação com o Congresso e governadores por parte do governo federal, faz com que o mercado aumente a aversão ao risco.

“A alta também se dá, fato, por tudo que tem acontecido, tantas crise internas, discussões entre os três poderes”, disse Mauriciano Cavalcante, da Ourominas.

“Esse novo patamar do dólar reflete muito isso, junto com a piora do ambiente”, completou Francisca, da TAG.

Vinicius Pereira

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