Digitra.com quer inaugurar 4ª geração de exchanges para ser ‘Nasdaq das criptomoedas’

O fundador e ex-CEO do Mercado Bitcoin Rodrigo Batista recusou-se a ficar longe do mercado de criptomoedas e decidiu construir uma nova exchange de escala global, com tecnologia proprietária de ponta: a Digitra.com.

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Na avaliação de Rodrigo Batista, as exchanges trabalham hoje com uma tecnologia desatualizada, em um setor em franca expansão. O executivo ambiciona tirar o atraso das costas do mundo e fundar com ineditismo a quarta geração das bolsas de cripto. Mas não qualquer uma. O objetivo é ser a “Nasdaq das criptomoedas”.

Para garantir o primeiro nessa corrida, a Digitra.com está investindo em tecnologia avançada, políticas de governança, antecipação de tendências e em parcerias estratégicas. A empresa fechou com a israelense Fireblocks, especializada na guarda e seguro dos ativos digitais para instituições financeiras.

A proposta é colocar a plataforma no ar em novembro deste ano. Com um ano de operação, a companhia pretende atingir milhão de clientes cadastrados e negociar R$ 30 bilhões.

Rodrigo Batista, fundador e CEO da Digitra. Foto: Divulgação

Por que criar uma nova exchange?

O mercado de criptoativos está no começo. Estamos, em comparação com a internet, entre 1996 e 1997, quando havia empresas grandes como a NetScape — do principal browser da época. Era uma empresa de capital aberto, listada na Nasdaq e que hoje não existe mais, porque não se atualizou. A maior parte das exchanges tem uma tecnologia desatualizada. Criar uma Bolsa agora é uma vantagem competitiva, pois conseguimos fazê-la com tecnologias mais modernas.

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Divido as exchanges em gerações. Houve a primeira geração para negociar cripto — de 2009 a 2012 — da qual nenhuma exchange existe mais, como a Bitcoinica. Depois, surgiu uma segunda geração caracterizada por lidar com o mercado spot, negociar criptomoedas contra reais, dólares, euros; sempre em uma região. CoinBase (C2OI34), nos Estados Unidos. FoxBit, no Brasil; Bitstamp, na Europa e outros exemplos na Ásia. A terceira geração começou por volta de 2016/17 e foi inaugurada pela Binance, com a diferença de, em vez de se concentrar em um mercado local, focar no mundo como um único mercado. E, além negociar no mercado à vista, oferecem operações com margem, derivativos, opções, futuros e novas possibilidades, como o pagamento de juros com criptomoedas: o staking.

O caso mais recente de sucesso é o da FTX, que está tentando inaugurar a quarta geração. Diria que é uma 3.5. Inauguraremos a quarta geração de exchanges. É o nosso objetivo.

Como a Digitra.com pretende bater as exchanges de terceira geração?

Existe a pressão para adoção das melhores práticas de governança. A Binance teve problemas em diversos países, porque não dá a atenção devida à questão regulatória. Apesar de não transparecer na forma de produto, estamos atentos ao compliance, o que se traduz em confiança no médio e longo prazo.

Outro ponto é a tecnologia. Dentro desse universo, se a nossa não for a mais, é uma das mais avançadas em termos de arquitetura e engenharia. Tentamos antecipar tendências de mercado, assim como queremos antecipar em termos de produtos. Mas não partimos do pressuposto de que conseguimos fazer tudo. Estamos trazendo parceiros globais para dentro.

Tecnicamente, há o protocolo Fix (Financial Information Exchange). Todas as bolsas de valores do mundo comunicam-se usando uma linguagem, utilizando uma arquitetura Fix. Poucos de criptomoedas têm isso e, desses, menos ainda têm feito de forma adequada. Estamos estruturando isso.

As parcerias estão ligadas a algum investimentos ou seguem outra frente?

A empresa hoje tem sido construída com recursos próprios. Tem um recurso pequeno de uma aceleradora, que é a orgânica, mas a maior parte é de recursos próprios. Quanto à tecnologia, além da proprietária, também usamos de terceiros. Para fazer a guarda de criptomoedas, consideramos a opção de construir em casa, mas dificilmente faríamos melhor do que empresas cujo modelo de negócio é esse. Recorremos a uma empresa de Israel, chamada Fireblocks.

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Para que regiões a Digitra.com prestará mais atenção hoje?

A princípio, ao Brasil. Existem outros países onde ter uma operação de criptomoedas não é um problema jurídico muito grande. Vamos ponderar pela facilidade de acesso a novos mercados. As regiões da Ásia, à exceção da China, e do Oriente Médio estão crescendo muito. Daremos uma atenção especial a elas.

Por que a China não seria tão interessante?

A China tem um problema sério com criptomoedas. Na sexta-feira (24), saiu a notícia de que, pela centésima vez, baniram o Bitcoin. É um ambiente difícil de operar, mesmo para quem é de lá e conhece o universo local. Para nós, obviamente se vier um chinês e se cadastrar terá a oportunidade de operar no site. Mas ter operação na China, enquanto a questão regulatória não estiver clara e resolvida, será difícil.

A pressão regulatória, no mundo inteiro, e mais especificamente no Brasil assusta? Qual sua opinião?

É natural que ela exista. A internet no início era uma terra em lei. Pessoas pensavam não ter consequência jurídica ou prática para o que faziam lá. O mesmo acontece no universo das criptomoedas. A regulação é um passo natural do amadurecimento. Acredito que o Estado precisa ser mínimo, mas é necessário para coibir certos abusos. Diversos países e organismos internacionais estão discutindo como regular. É um bicho diferente. A preocupação é se a regulação serão muito restritivas e imporão limites à inovação, mas não acredito que isso acontecerá.

Que ativos a Digitra.com negociará?

Pretendemos começar com um mercado à vista, para depois implementar outros, principalmente os relacionados a derivativos. Quanto aos ativos, para correr menos risco, negociaremos Bitcoin, Ethereim, Stablecoins — queremos dar um foco para criptomoedas vinculadas a moedas estatais, stablecoins de reais, de dólares, de euros. Em um médio prazo, buscaremos atuar com security tokens, desde que consigamos receber as autorizações. Hoje, em alguns lugares, já é possível comprar uma ação da Tesla (TSLA34) na forma de um token. Isso é um movimento que está começando e no qual vamos ter de entrar.

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Acreditamos em uma fusão. Com as exchanges, o mundo de cripto ficará, por causa de regulação, mais parecido com bolsas de valores e estas, por causa da pressão dos clientes, se tornarão mais parecidas com exchanges de criptomoedas. Um dos nossos motes é ser a intersecção entre o universo de inovação e o tracional.

A Digitra.com quer, portanto, ser a B3 dos criptomoedas?

A B3 (B3SA3) é pequena. Está só no Brasil. Queremos ser a Nasdaq das criptomoedas.

Quais suas perspectivas para o mercado de criptoativos para os próximos anos?

O que aconteceu nos últimos 10 anos, em termos de velocidade, nenhuma outra tecnologia na história conseguiu. Saímos de um brinquedo de doido em 2011/12/13 para um governo, que é o caso de El Salvador, adotando o Bitcoin como uma das possibilidades de moeda nacional. Não imaginei isso nem no meu sonho mais maluco. Nos próximos anos, teremos mais países entrando. Ano que vem terão mais dois ou três. Será uma progressão geométrica, como tudo nesse mercado.

Em cinco anos, de 10 a 20 países devem adotar criptomoedas. Temos dificuldade de enxergar crescimento exponencial e estamos na tecnologia mais exponencial que eu vi na minha vida. O tamanho do mercado deve multiplicar por 10x, pelo menos.

Em um prazo mais longo, entre 5 e 10 anos, todo mundo usará criptomoedas, mesmo que sem saber. Não precisa entender o protocolo HTTP para usar a internet. Não será necessário entender o Bitcoin para usar a criptomoeda.

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Arthur Guimarães

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