Cyberlabs quer faturar US$ 1 mi mensais e nova rodada de captação

A digitalização forçada que a pandemia causada pelo novo coronavírus (covid-19) causou nas empresas levou milhares de pessoas a trabalharem de seus dispositivos conectados em um período curto de tempo e isso deixou lacunas em relação a segurança -que agora precisam serem contornadas, de acordo com a CyberLabs.

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A empresa, que realizou uma fusão com a Psafe em fevereiro deste ano, vê um oportunidade de crescimento em meio a tal mudança na cultura de trabalho. Não à toa, a CyberLabs projeta faturar R$ 100 milhões neste ano, apenas com o negócio B2C, e um incremento de US$ 1 milhão por mês em seu negócio B2B.

“Projetamos que até o fim do ano teremos uma receita mensal acima de US$ 1 milhão só de clientes empresariais e para o ano que vem isso aumenta muito mais”, disse Marco DeMello, diretor-presidente (CEO) da PSafe e presidente do Grupo CyberLabs.

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Como o investimento em mão de obra no setor de tecnologia é relativamente caro, o grupo já prepara uma nova captação, após levantar cerca de R$ 28 milhões em agosto do ano passado, em uma rodada liderada pela Redpoint.

“Vamos captar outra rodada esse ano inclusive, vai ser substancial. A Redpoint vai estar junto, mas outras empresas virão”, afirmou, apesar de não revelar o montante buscado.

Em relação a segurança das empresas brasileiras, DeMello se diz assustado e afirma que o empresário do País não investe o suficiente para proteger clientes e dados.

“Me assusta muito quão despreparado e mal informado está o empresário brasileiro em relação a cibersegurança. Isso mostra um despreparo, no Brasil que não é surpreendente, já que o Brasil é a décima economia do planeta, mas está em último lugar em descobertas de vazamento. Então há um gap de captação e armazenamento e monetização e quanto eles investem em proteger esses dados”, disse.

Para o executivo, os ataques hackers que vem ocorrendo no Brasil são muito bem organizados por quadrilhas especializadas.

“O fato de que todo mundo ter ido para a internet tornou o ambiente de muita atratividade de estar organizado. A deep web hoje é organizado pela máfia, o adolescente hacker é legal nos seriados, mas na vida real, é uma máfia muito bem organizada. Eles cobram para descriptografar os dados e depois para não vazá-los”, afirmou.

Confira a entrevista exclusiva do SUNO Notícias com Marco DeMello, CEO da PSafe e presidente do Grupo CyberLabs:

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-Após a fusão, a expectativa é de um faturamento superior a R$ 100 milhões em 2021. Como vocês estão analisando essa fusão?
A fusão nasceu no ano passado, entre eu e Marcelo [Sales, que liderava a Cyberlabs]. Conversamos por meses, sobre os mercados e sinergias e chegamos a conclusão que deveríamos fazer rapidamente essa junção dos dois times, que permitiria que a gente criasse uma plataforma de autenticação e de cyber security sem paralelo.

A capacitação em termos de reconhecimento facial, voz, e análise de vários volumes de dados, tudo isso tem impacto direto na operação da Psafe B2C, lançamos a Keyapp no final de 2020 e estamos começando a escalonar no final de 2021.

Nosso crescimento maior vai vir do B2B. Temos duas linhas de business, a primeira é B2C, que opera lucrativamente, fazendo R$ 100 milhões previstos, a segunda é B2B e já estamos com mais de 200 clientes na plataforma e temos uma adesão muito forte nesse segmento.

Esse segmento da companhia é dedicado para defender as empresas que não tem um time de segurança dentro de casa. Criamos um para o mundo, no principio de 2022 lançaremos nos EUA e uma versão de espanhol para Latam.

Então a expansão internacional e a junção com a Cyberlabs nos permite fazer essa expansão mais rápida.

Fora isso, existe uma terceira área de atuação, dentro do espaço de enterprise, que é a área de autenticação, da pessoa provando que ela é quem ela é na hora de tomar uma atitude digital, seja comprar ações, fazer um PIX, consulta médica, onde as pessoas precisam usar senha, mas é que apenas senha hoje já não é mais seguro.

Os hackers acessam as empresas e não precisa mais fazer invasões. As empresas [de segurança] que funcionavam há dois anos já não servem hoje em dia.

Hoje o uso de senha não é segura, temos mais de 15 bilhões de senhas vazadas, só de empresas brasileiras temos mais de um bilhão. Então, para complementar isso, complementamos com a plataforma de biometria. Queremos eliminar as senhas, as plataformas das senhas. A autenticação em conjunto com a senha é infinitamente mais segura.

Ficar esperando que senhas vão te proteger é insanidade. Então, em termos estratégicos, o grupo está focado nesses três produtos, na plataforma de identificação, uma outra solução de vazamento para qualquer empresa e o terceiro é o nosso produto B2C de segurança que já era expertise da Psafe.

-Qual é o custo desse produto B2B pro cliente?
O custo por dispositivo é de R$ 15 por mês. Isso é um quarto do que o Google cobra e ainda temos, obviamente, desconto para maior volume. Isso, evidentemente, nos torna mais atraentes para o empresário.

Ter uma proteção por menos de US$ 3 é algo irrisório em relação ao valor para uma proteção completa. Projetamos que até o fim do ano teremos uma receita mensal acima de US$ 1 milhão só de clientes empresariais e para o ano que vem isso aumenta muito mais.

O mercado atual é de US$ 5,3 bilhões entre Brasil e EUA. Empresas de médio e pequeno porte são o nosso nicho. Não temos competidores direto nesse setor, já que nossos competidores só trabalham com grandes empresas e os antigos, fabricantes de antivírus, já não competem mais conosco.

-Vocês querem aumentar a presença no B2B? Esse é o foco? Queria que você detalhasse melhor esse plano..
É um produto pensado para qualquer empresa que não tenha um time de segurança dentro de casa. Ele foi desenhado para clientes de qualquer tamanho.

Nós não cobramos por volume de dados. Cobramos por dispositivos monitorados, acessando os dados, dispositivos, seja celular, desktop, o dispositivo tem que ter nossa gente inteligência e você paga apenas com o que tiver ativos.

Temos também dois serviços em nuvem que são inéditos na Latam. A primeira é a analise de senhas vazadas. E segundo lançamos uma feramenta muito poderosa, que também está incluída no serviço de análise de vulnerabilidade, e você não tem que pagar extra por isso.

Existe muito valor assim como o monitoramento dos dispositivos. Isso é muito importante que é por ali que os hackers causam os seus danos. Isso em 86% dos caos de invasão, eles começam no dispositivo.

-A fusão foi apoiada pela Redpoint, que em agosto de 2020 liderou uma rodada de investimentos de R$ 28 milhões na CyberLabs. Vocês pensam em captar outra rodada?
Sim. Vamos captar outra rodada esse ano inclusive, vai ser substancial. A Redpoint vai estar junto, mas outras empresas virão.

-Como é o nível de segurança das empresas brasileiras?
Percebemos uma entrada muito forte, muito encorajadora das empresas atualmente. Por outro lado, me assusta muito quão despreparado e mal informado está o empresário brasileiro em relação a cibersegurança.

Isso mostra um despreparo, no Brasil que não é surpreendente, já que o Brasil é décimo economia, mas está em último lugar em descobertas de vazamento. Então há um gap de captação e armazenamento e monetização e quanto eles investem em proteger esses dados.

-Por que?
A conclusão é uma combinação de dois fatores. Falta de informação, não saber do tamanho do perigo, além de existir a mentalidade de comigo não vai acontecer, ninguém entra em site pornográfico na empresa, então não precisa se preocupar.

É parte da cultura. O brasileiro não quer ter prevenção, ele quer ter solução depois.

-A mudança prevista na legislação deve mudar isso?
A LGPD [Lei Geral de Proteção de Dados] vai começar a multar em agosto e a partir dali a coisa muda. O risco da multa deve fazer isso. O empresário vai querer evitar a multa, mas estamos trabalhando para que eles não temam apenas a multa, mas sim levem a sério a proteção de dados.

O titular dos dados é para quem a bomba estoura. Muitos cancelam, sim, e não fazem mais negócios com a empresa. Outros não sabem nem o que fazer pois existe uma falta de informação no que vazarem.

-Os ataques aumentaram muito na pandemia e diversas empresas reportaram os crimes. Há algum motivo para essa alta em meio a esse período?
O fato de que todo mundo ter ido para a internet tornou o ambiente de muita atratividade de estar organizado. A deep web hoje é organizado pela máfia, o adolescente hacker é legal nos seriados, mas na vida real, é uma máfia muito bem organizada. Eles cobram para descriptografar os dados e depois para não vazá-los.

Essa é uma indústria multibilionária. Dados sendo comercializados e é outra indústria bilionária. A internet evoluiu muito neste ano, mas o velocidade da amplificação dos ataques é assustador.

Hoje não existe mais seletividade. Quem ataca as empresas não são mais pessoas, são robôs de inteligência artificial e eles não dormem, não comem, então eles rodam 24 horas por ida e vão atrás de todos os alvos imaginários
O quadro mudou muito.

Isso também afeta as grandes, listadas na Bolsa?
A preocupação da minha parte é generalizada. Sem dúvidas, existe uma correlação entre empresas de maior parte e maior segurança dos dados. Algumas dessas grandes estão bastante defasadas também, mas já pegamos vazamentos de empresas bem grandes que não tem desculpas para estar nessa.

Mas, sem dúvida alguma, as médias e grandes estão se protegendo porque são atacadas diariamente. As megaempresas estão investindo muito. O investimento aumentou 25% em 2020 globalmente e a projeção é aumentar 40% neste ano, sendo o setor que mais cresce no mundo.

Um CFO hoje administra risco e hoje os principais riscos é ataque cibernético e vazamento de dados. A empresa pode sofrer vários processos então é bem grave o quadro, existe sim maior proteção, mas mesmo assim a minha preocupação.

Entrevista com Marco DeMello, CEO da PSafe e presidente do Grupo CyberLabs.

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Vinicius Pereira

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