Salvamento do Credit Suisse (C1SU34) pode ser apenas “solução temporária”, diz economista

A operação de compra do Credit Suisse (C1SU34) pelo UBS acende um sinal de alerta no mercado financeiro e, na visão do economista Pedro Raffy Vartanian, pode ser apenas uma “solução temporária” para a crise no banco suíço.

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“A questão agora é identificar se a compra do Credit Suisse será uma repetição do caso LTCM ou do caso Bear Stearns. Os elementos atuais são muito semelhantes aos que precederam a crise de 2008, de modo que a operação de salvamento do Credit Suisse pode resultar apenas em uma solução temporária com novos problemas surgindo nos próximos meses”, argumenta Vartanian, professor do Mestrado Profissional em Economia e Mercados da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Na análise, o especialista recorda que em 2008, antes da quebra do Lehman Brothers que culminou na crise financeira internacional daquele ano, o JP Morgan Chase comprou o banco Bear Stearns.

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“A ‘solução de mercado’ e a consequente ‘compra’ foi, na verdade, organizada e coordenada pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) e pelo Tesouro dos EUA como uma forma de se evitar uma crise de confiança, o efeito contágio e o efeito dominó”, detalha.

“Política semelhante havia sido implementada com sucesso em 1998, no caso da LTCM (em que os bancos privados, coordenados pela Autoridade Monetária dos EUA, injetaram recursos em uma gestora falida para se evitar uma crise financeira de proporções globais)”, comenta o especialista.

No caso da compra do Bear Stearns, entretanto, a solução durou apenas alguns meses. Em setembro do mesmo ano, a quebra do Lehman Brothers trouxe o medo de uma possível repetição da crise de 1929. A grande depressão felizmente não se repetiu, mas os efeitos da crise de 2008 foram graves sobre a economia mundial.

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Credit Suisse é vendido para rival UBS

No domingo (19), o UBS fechou um acordo às pressas para comprar o rival Credit Suisse por US$ 3,2 bilhões. De acordo com informações publicadas pelo The Wall Street Journal, a operação teria sido costurada pelos reguladores suíços para evitar que a queda de confiança nos bancos se espalhasse.

Com a operação de venda às pressas do Credit Suisse para o UBS, o Saudi National Bank (SNB) amargou um prejuízo superior a US$ 1 bilhão. Segundo a reportagem da CNBC, em novembro de 2022, o SNB investiu US$ 1,5 bilhão no banco suíço, ao preço de 3,82 francos por cada ação do Credit Suisse. Agora, o UBS está pagando 0,76 francos por cada papel.

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Com a operação de venda, esse aporte bilionário do Saudi National Bank desabou para cerca de US$ 329 milhões. À CNBC, o banco saudita confirmou que sofreu uma perda de cerca de 80% do investimento. Contudo, a instituição financeira que conta com recursos do fundo soberano saudita argumentou que o aporte no banco suíço representava menos de 0,5% do seu total de ativos.

Na Bolsa de Zurique, as ações do Credit Suisse fecharam o pregão desta segunda (20) em queda de 55,74%.

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Erick Matheus Nery

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