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Selic: Copom deve iniciar corte da taxa de juros em agosto, indica pesquisa do BTG com especialistas

Pesquisa realizada pelo BTG Pactual (BPAC11) com participantes do mercado financeiro revelou que 61% dos entrevistados acredita que o ciclo de cortes da taxa Selic deve começar na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do mês de agosto.

Ao todo, 115 respondentes – entre gestores de carteiras, traders, economistas e estrategistas de instituições financeiras – participaram do levantamento sobre a Selic, aplicado entre os dias 13 e 15 de junho.

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O objetivo da pesquisa, de acordo com o BTG, foi avaliar a opinião dos especialistas sobre temas que influenciam o cenário econômico e, em particular, a política monetária, assim como a comunicação recente do Copom.

Sobre o próximo Copom, 79% dos entrevistados julgaram que o comitê deve afrouxar o tom da última comunicação, indicando um ciclo de cortes ainda em 2023. Além disso, 67% acreditam que a equipe removerá a expressão em que antevê a possibilidade de “retomar o ciclo de ajuste” da taxa básica de juros. Já em relação ao início do ciclo, 61% acreditam que ele começará na reunião de agosto.

Já em relação à expectativa para o patamar dos juros no fim do ano, 71% dos pesquisados acreditam que a taxa Selic encerrará 2023 entre 12,0 e 12,75%. Para o ano que vem, o consenso está mais disperso, mas com ligeira vantagem daqueles que enxergam a Selic abaixo de 10% (52%) contra 10,0 e 10,75% (40%), com um percentual pequeno de participantes vendo a Selic acima de 11% (quase 8%).

Meta de inflação

De acordo com a pesquisa do BTG, quase metade dos respondentes julga que a manutenção da meta de inflação pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 3% é “muito provável”, enquanto outros 45% acreditam ser “provável”.

Caso o CMN opte por manter a meta de inflação em 3%, quase 71% dos pesquisados antevê um recuo da projeção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2024, com ligeira vantagem percentual para o grupo que espera um recuo de 15 a 30 pontos-base na margem.

Por sua vez, aproximadamente um quarto dos participantes não vê recuo da projeção do IPCA. O quadro é bastante similar para a projeção do IPCA em 2025.

Uma eventual ampliação da banda de tolerância afetaria esse cenário, ainda que um pouco mais da metade dos participantes (53,5%) acredite que a manutenção da meta de inflação ainda seria o sinal mais relevante do CMN.

Por fim, a maior parte dos entrevistados acredita que o Copom não alterará sua estimativa da taxa de juros neutra na reunião de junho. No entanto, quase um quarto da amostra total acha que o Copom não fará essa alteração, mas deveria fazê-lo. O intervalo da taxa neutra estimado pelo mercado está, majoritariamente, entre 4,0 e 5,0%.

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Selic: BTG reforça possibilidade de corte dos juros em agosto; entenda os motivos

O resultado do PIB no primeiro trimestre de 2023 superou as expectativas, diz o BTG Pactual, que atualizou a projeção do seu crescimento de 1,2% para 1,9%. O banco também enfatizou que o ciclo de corte da Selic pode começar na reunião do Copom em agosto. O próximo encontro do comitê do Banco Central acontece na próxima semana, nos dias 20 e 21. Além disso, o banco sinalizou uma potencial valorização do real.

Apesar do bom desempenho, Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG, faz alertas sobre a composição do PIB ao argumentar sobre a conjuntura da economia para embasar o corte de juros da Selic. “Esperávamos um crescimento de 1,1% no 1º Tri deste ano, mas o crescimento foi de 1,9%, puxado por um significativo crescimento de 21,6% do agronegócio”, diz ele. Um ponto importante é que a composição do crescimento não foi favorável, pois o investimento contraiu e o consumo ficou praticamente estável. Contudo, no contexto atual de política monetária restritiva, esse resultado fraco da demanda é uma notícia positiva.”

Ele prossegue: “Esse forte crescimento no início do ano, mesmo que temporário, nos levou a rever a projeção de crescimento do PIB de 2023 para 1,9%, sem alteração do crescimento do próximo ano, que fica em 0,7%, em decorrência do efeito das taxas de juros ainda muito elevadas. Para que o crescimento de 2024 seja mais robusto, será necessário um corte das taxas de juros pelo Banco Central em uma magnitude maior do que a indicada pelos economistas na pesquisa Focus do Banco Central”, complementa Mansueto em relatório.

Cortes de juros podem ocorrer em agosto, dizem analistas

Com a inflação a curto prazo mostrando melhoras – as previsões do BTG para o IPCA de 2023 e 2024 foram revisadas e reduzidas para 5,0% e 4,0%, respectivamente -, o Banco Central pode antecipar os cortes da Selic, em 13,75% ao ano desde agosto de 2022, para o início do segundo semestre.

Para junho, o BTG avalia que a Selic deverá se manter estável, mas com um possível reconhecimento da melhoria do cenário econômico por parte do BC. “O Copom manteve a taxa Selic inalterada em 13,75% aa na sua reunião de maio. Como esperávamos, a comunicação também não abria espaço para cortes de juros em breve. Todavia, cabe registar que o cenário tem evoluído favoravelmente. A suavização dos problemas nas cadeias globais de valor, em meio a um recuo do preço das commodities, inclusive o petróleo, trouxe ventos externos mais aceitos para os preços consumidores. A desinflação não atacada tem sido significativa e há sinais de melhoria dos índices de preços ao consumidor.”

Avanço da agenda tributária tem potencial de apreciar o câmbio

O BTG também revisou sua projeção de câmbio de R$ 5,30/US$ para R$ 5,10/US$ até o fim de 2023. “Em função, principalmente, da descompressão do prêmio de risco doméstico, revisamos nossa projeção de taxa de câmbio para R$5,10/US$ (de R$5,30/US$) no fim de 2023″, analisa.

“Contudo, nosso cenário fiscal não incorpora o aumento de carga tributária intencionada pelo governo para entregar a trajetória de resultado primário estabelecida na apresentação do novo arcabouço fiscal. Em um cenário alternativo, em que o governo consegue aumentar a carga tributária de modo que sinaliza o cumprimento das metas de primário para os próximos anos, estimamos que a taxa de câmbio fecharia 2023 em R$4,80/US$.”

A aprovação pelo Congresso de uma reforma tributária do consumo, segundo o banco, teria potencial de reduzir o risco País de forma significativa, favorecendo o cenário para a diminuição da Selic. “Para o curto prazo, outro fator com potencial de apreciar o câmbio seria a implementação de um pacote robusto de estímulo pelo governo chinês”, afirmam analistas.

Outro destaque para o câmbio é o superávit que vem batendo recordes. No acumulado no ano até maio, o superávit totalizou US$ 35,3 bilhões, 38% superior ao do mesmo período de 2022.

“Por ora, mantemos a hipótese de o início de ciclo de corte da taxa Selic, a depender da interação dessas variáveis, ser antecipado para agosto”, acrescenta o banco.

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Giovanni Porfírio Jacomino

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