Copasa (CSMG3) entra no radar da privatização e analistas revisam números após tarifa

Copasa (CSMG3) voltou ao centro do radar do mercado após uma combinação rara de fatores: avanço concreto no processo de privatização, revisão tarifária considerada positiva e uma atualização relevante nas estimativas dos analistas. Em relatórios recentes, XP e BTG Pactual reforçaram uma leitura mais construtiva para a companhia de saneamento de Minas Gerais, com ajustes importantes em preço-alvo, projeções operacionais e avaliação de riscos.

Na XP, a visão é de que a privatização deixou de ser uma hipótese distante e passou a ser o cenário-base. Segundo os analistas, os principais obstáculos políticos foram superados, com a sanção da lei que autoriza a desestatização, restando apenas a renovação da concessão com o município de Belo Horizonte e a definição dos termos finais do processo. Com isso, a casa elevou o preço-alvo da Copasa (CSMG3) para R$ 53,60 ao fim de 2026, ante R$ 41,60 anteriormente, e manteve recomendação de compra.

O banco destaca que a revisão tarifária introduziu metodologias mais favoráveis, ampliando a lucratividade de longo prazo da companhia. Após incorporar os novos números regulatórios, reduzir o custo de capital próprio e atualizar o modelo com os dados mais recentes, a XP passou a enxergar uma combinação de momento operacional positivo e fluxo de notícias favorável à privatização.

Revisão tarifária melhora retorno e reforça tese para CSMG3

Na leitura do BTG Pactual, o principal destaque do processo regulatório foi a definição de um WACC regulatório mais elevado do que o esperado. A agência reguladora aprovou um WACC pré-imposto de 13,7%, acima da estimativa do banco, o que implica um retorno real pós-imposto de cerca de 11,0%. Para os analistas, esse patamar é fundamental para incentivar investimentos e cumprir as metas de universalização.

O BTG também ressaltou a aprovação de novas metodologias que garantem compensação anual para o capex realizado ao longo do ciclo tarifário, reduzindo riscos de execução. Com isso, o EBITDA regulatório estimado alcançou R$ 3,36 bilhões, acima das projeções anteriores, mesmo com uma base de ativos regulatórios levemente inferior ao esperado.

Além disso, a Copasa anunciou um plano robusto de investimentos de R$ 21 bilhões entre 2026 e 2030, com desembolsos crescentes ao longo do período. Para o BTG, esse plano sustenta uma trajetória de crescimento relevante do EBITDA, que pode atingir R$ 5,9 bilhões até o fim da década, implicando um CAGR expressivo nos próximos anos.

Privatização reduz riscos e muda a leitura de valuation

Do ponto de vista de valuation, a XP aponta que a Copasa (CSMG3) negocia com uma TIR real estimada em 11,2%, em um nível considerado atrativo diante da melhora regulatória e da perspectiva de privatização. A casa também destaca que o papel passa a combinar crescimento acima da média do setor com um retorno ajustado ao risco mais favorável.

O BTG, por sua vez, observa que os múltiplos refletem esse novo equilíbrio. A ação negocia a cerca de 1,5 vez EV/RAB para 2026, acima de pares como a Sabesp, diferença que os analistas atribuem ao maior potencial de ROIC estrutural e ao crescimento mais acelerado da base de ativos regulatórios.

Na avaliação do banco, “o WACC regulatório aprovado e a garantia de compensação anual de capex reduzem significativamente o risco do modelo, ao mesmo tempo em que criam incentivos claros para investimentos e expansão da base regulatória”, reforçando a leitura positiva para a Copasa (CSMG3) .

Maíra Telles

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