Ricardo Propheta

Fiagro em 2022: um campo vasto de oportunidades

Fundos ligados ao agronegócio com ativos nas áreas de logística e infraestrutura devem ser mais resilientes no contexto atual de inflação global e instabilidade geopolítica

Dia 13 de julho de 2021 foi um marco para o agronegócio brasileiro, com a regulamentação, pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), dos novos fundos ligados ao setor, os Fiagros (Fundos de Investimentos nas Cadeias Produtivas Agroindustriais). Seis meses depois, em janeiro, o governo federal já contabilizava 31 novos ativos do tipo registrados, com valores de emissão superiores a R$ 7,5 bilhões. Os números são expressivos para um contexto de juros em alta e desafios de diversas naturezas, tanto internos como externos. A despeito de eventuais revezes eleitorais e geopolíticos, os Fiagros têm entregado bons retornos, e lançam uma perspectiva promissora para 2022, apontando para um campo vasto de oportunidades.

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Antes de mapear as melhores escolhas e dimensionar possíveis ganhos, é preciso entender as principais características do produto. Um dos principais pontos é saber que há três tipos de Fiagros, que replicam estruturas de outros tipos de fundos. São eles: os Fundos de Investimento Imobiliário (Fiagros-FII), Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (Fiagros-FIDC), e os Fundos de Investimento em Participações (Fiagros-FIP). A modalidade mais comum é a Fiagro-FII, também conhecida como “Fiagros de papel“, lastreados em imóveis rurais, Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), e que soma mais de R$ 6 bilhões em emissões. É também a considerada menos complexa e mais palatável ao investidor pessoa física comum.

Quando o assunto é rentabilidade, os números são favoráveis. Levantamento recente da Economatica, encomendado pelo portal InfoMoney, mostra que diversos Fiagros têm oferecido retornos na faixa de 5% a 8% superior ao CDI ao ano, motivando aportes e a estruturação de novos fundos (inclusive dos tipos FDIC e FIP), que devem acessar o mercado ao longo do ano, de olho também no investidor qualificado. Favorecem o produto o fato de pertencerem a um setor altamente competitivo e com uma certa descorrelação a outras áreas, como serviços e comércio.

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O espectro de ativos que podem compor um Fiagro é bastante amplo: títulos de dívida, imóveis rurais, participação em sociedades da cadeia produtiva, ações de companhias (mais ou menos arriscadas), ativos financeiros relacionados como direitos creditórios, títulos de securitização, entre outros. E também de sub-setores: insumos, grãos, logística, e mais. No contexto atual, Fiagros com ativos ligados à logística e infraestrutura têm mais possibilidades de entregar bons resultados, e sofrer menos volatilidade, em detrimento de produção e insumos (fertilizantes, defensivos e máquinas). Isso devido a diversos fatores como o fenômeno recente de inflação global, agravada pela guerra entre Rússia e Ucrânia. O conflito forçou empresas a repensarem a forma com que organizam a cadeia de suprimentos, o que pesa a favor de companhias com atuação nesses segmentos.

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Aos investidores com algum apetite ao risco, algumas premissas importantes: listados em Bolsa, os Fiagros são isentos do Imposto de Renda sobre os dividendos distribuídos. Vale ressaltar, no entanto, que é preciso pagar imposto sobre ganho de capital, em caso de venda das cotas. Antes de considerar ter um Fiagro na carteira também é importante conhecer a fundo o perfil e histórico do gestor, além de saber quais ativos compõem o produto, ou seja qual o seu mandato. Há Fiagros e Fiagros e é preciso saber exatamente em que cada um investe para poder calibrar com mais precisão a relação entre risco e oportunidade. Entre as empresas que lançaram Fiagros nos últimos meses estão a Itaú Asset, XP, a FG/A e a Kiena.

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Os Fiagros ampliam possibilidades de investir em um dos setores que mais cresce no país, antes concentradas em empresas do agro de capital aberto e debêntures. O PIB do agronegócio brasileiro subiu 8,36%, no ano passado, enquanto o PIB nacional avançou 4,6%, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Já a participação do setor atingiu 27,4% no PIB do país, a maior desde 2004 (quando foi de 27,5%) e quase 8 pontos percentuais superior sobre 2020. A pujança do agro é estrutural e o Brasil tem uma vantagem competitiva notória. Com os Fiagros, o caminho está facilitado ao investidor pessoa física que queira participar e impulsionar essa história de crescimento.

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Nota

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Ricardo Propheta
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