Luiz Fernando Quaglio

ESG e o valor compartilhado

ESG é gerar impacto positivo com ética sem abrir mão da rentabilidade

“O valor compartilhado é a chave que irá abrir a próxima onda de inovação e crescimento nas empresas. Além disso, vai reconectar o sucesso da empresa e o sucesso da comunidade de um jeito que ficou esquecido numa era de abordagens de gestão tacanhas, raciocínio imediatista e crescente divisão entre as instituições da sociedade.” Michael E. Porter, Mark R. Kramer

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Esta coluna, que se inicia hoje na Suno, trará conexões entre economia política, finanças e sustentabilidade. A sigla mais popular do mercado financeiro, ESG, significa Environmental,
Social and Governance. Em português, fatores ambientais, sociais e de governança.

Na prática, é a materialização da sustentabilidade, um direcionamento material do desenvolvimento sustentável para companhias e investidores.

As finanças sustentáveis já correspondem a cerca de um terço do mercado global e vieram pra ficar. Investimentos sustentáveis ganharam espaço, tornaram mais sofisticados os modelos de gerenciamento de risco e são peças centrais na percepção de valor.

Mas, afinal, o que devemos olhar? O que é importante? E, finalmente, o que fazer?

ESG é sobre transparência, cultura e aperfeiçoamento de processos. Os fatores socioambientais complementam os financeiros e são uma ferramenta eficiente de mensuração de riscos ao apontarem para características de resiliência, capacidade de inovação e estratégias futuras do negócio.

E o que valor compartilhado tem a ver com isso? Tudo!

O princípio de valor compartilhado envolve a geração de valor econômico de forma a criar valor para a sociedade. É “fazer a coisa certa” conectando o sucesso da empresa ao progresso social sem abrir mão de rentabilidade.

Quando analisamos fatores ESG, olhamos como empresas e fundos de investimentos estão gerindo e relatando as seguintes variáveis:

  • Ambiental: escassez hídrica, eficiência energética, preservação da biodiversidade, gestão de resíduos e estruturas de métodos de economia circular, emissão de gases efeito estufa (GEE, CO², gases poluentes).
  • Social: diversidade e inclusão, cuidado a saúde integral e segurança dos colaboradores, relacionamento com comunidades, satisfação de clientes, direitos humanos em toda a cadeia de valor, segurança de dados, treinamentos e aperfeiçoamento.
  • Governança: independência, diversidade e inclusão do conselho; relações com minoritários e fornecedores, políticas de remuneração da alta administração, ética e valores compartilhados, estruturas de combate à fraude e corrupção, transparência, gestão horizontal, Inovação, comunicação.

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A materialidade desses quesitos geram não apenas um valor simbólico, mas desenvolvimento, impacto positivo e rentabilidade aos multistakeholders.

Companhias sozinhas não “mudarão o mundo”, no entanto, a ação propositiva gerada ao abordar de forma profunda o seu entorno, gera pra si a consciência de seu importante papel em sociedade, tornando-a auto responsáveis pelos impactos gerados nos ecossistemas em que produz.

Obviamente que a importância de cada fator é diferente dependendo da empresa e setor de atuação. Mas é fundamental entendermos com clareza como as companhias estão praticando esses aspectos e endereçando cada variável nas suas rotinas.

Se feito com autenticidade, clareza e competência, gera-se riqueza, oportunidades de negócios, renda e, claro, rentabilidade.

Portanto, na prática, ESG é fonte geradora de valor compartilhado! Alguns dados e pesquisas comprovam essas afirmações:

  • 90% dos estudos mostram que empresas com políticas e alta performance ESG possuem menor custo de capital;
  • 88% dos estudos mostram uma correlação positiva entre sustentabilidade e performance operacional;
  • 80% demonstra uma correlação positiva entre sustentabilidade e performance das ações;
  • 3 dos 5 ETF´s de melhor performance em 2020 têm relação direta com temas ESG;
  • 94% dos Índices Sustentáveis tiveram performance melhor que seus benchmarks

E como investidor, o que fazer?

Essa pergunta gera uma outra questão fundamental: Quais as suas motivações e valores?

Simplificando o mercado financeiro, temos apenas 2 dois tipos de investimento:

  • Você pode ser sócio de uma companhia, através da compra de ações;
  • Você pode ser credor de uma companhia ou governo, financiando-os através
    de títulos outros ativos de renda fixa

Dado esse cenário, pergunto: De que projeto ou empresa compartilhamos nossos valores? De quem queremos ser sócios ou credores? Para todas as classes ou formas de investimentos já há a disponibilidade de investimentos que incluem e avaliam fatores “ESG”, independente do seu perfil de risco e preferências.

O ESG expande os requisitos tradicionais de valor. Transforma nossa forma de investir e de fazer negócios. Significa gerar riqueza agora sem comprometer a capacidade as gerações futuras de também cria-las. É gerar impacto positivo com ética sem abrir mão da rentabilidade.

Abraço!

  1. From the Stockholder to the Stakeholder, Oxford University and Arabesque Parteners Study. 2016. In “Sustainable Investing”.
  2. Fonte: https://money.usnews.com/investing/etfs/slideshows/best-performing-etfs
  3. Fonte:”Sustainability: the tectonic shift transforming investing”, BlackRock, fev 2020.

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Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

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