João Canhada

Não importa o que aconteça, os ETFs de Bitcoin já valeram o investimento

Os números quase nunca mentem. E olhando para esses quase três meses de negociação, os ETFs de Bitcoin fizeram um belo barulho

Os ETFs de Bitcoin (BTC) à vista nos Estados Unidos estão próximos de iniciar seu quarto mês de negociações. Nesse período – e até mesmo antes –, o que teve de gente falando que esse hype não ia durar muito foi brincadeira!

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/04/1420x240-Banner-Home-4.png

Tudo bem! Nenhuma narrativa é à prova de balas e a gente sempre soube que a perspectiva desses fundos regulamentados em bolsa poderia não vingar 100%. Porém, os números quase nunca mentem. E olhando para esses quase três meses de negociação, os ETFs de Bitcoin fizeram um belo barulho.

Isso começou muito antes

Para quem pensa que o mercado de criptomoedas nasceu na quarta-feira passada, isso aqui tem história… Muita história! A discussão sobre um ETF de Bitcoin à vista era discutida anos atrás, quando tudo isso aqui era quase mato.

A realidade é que uma das grandes dificuldades do desenvolvimento deste mercado como forma de investimento era justamente seu descolamento do ambiente financeiro tradicional. Então, sempre houve aquela “pulga atrás da orelha” de “como eu vou investir meu dinheiro em um ativo que só existe no mundo digital e em uma plataforma que não necessariamente é regulamentada”.

Pois é! Essa dúvida era extremamente compreensível. Inclusive, foi uma narrativa muito usada por grandes bancos, principalmente os norte-americanos, contra as criptomoedas… E, cá entre nós, até por alguns governos.

Afinal, que história é essa de uma moeda digital, que eu tenho zero controle, agora está tirando meu dinheiro e poder?

Anos depois, os bancos começaram a se contradizer. Agora, a dúvida era: “como eu vou atender às demandas e oferecer este produtos de criptomoedas aos meus clientes, sendo que eu desci a lenha nesses ativos?”

Foi aí que as falas foram mudando, o Bitcoin ganhou uma visão menos ameaçadora, até que chegamos em 10 de janeiro de 2024, quando os nove principais ETFs de Bitcoin à vista foram lançados oficialmente no maior mercado financeiro do mundo.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/04/1420x240_TEXTO_CTA_A_V10.jpg

Preparando posições de mercado

Sim, dois meses ainda são muito pouco tempo para dizer se um ativo vai vingar ou não. Porém, podemos dizer que parte do sucesso esperado foi conquistado. Desde seu primeiro dia de negociação, em 10 de janeiro de 2024, até o final de fevereiro, os nove principais ETFs de Bitcoin à vista saltaram de um evidente 0 BTC até impressionantes 303 mil BTCs sob custódia.

Com o Bitcoin a US$ 57 mil – enquanto escrevo este artigo –, esse montante equivale a US$ 17,2 bilhões. Em MENOS de três meses! Em uma comparativo com as maiores carteiras de BTC atualmente, as que mais possuem tokens são as vinculadas a exchanges internacionais. A mais parruda delas conta com 248 mil BTCs, relativamente abaixo dos 303 mil BTCs dos ETFs.

Quem não se deu muito bem nessa foi a tradicional GrayScale. Essa, sim, teve uma história muito importante no desenvolvimento dos ETFs de Bitcoin à vista. Mas fato é que o fundo perdeu muita força a partir do aumento da concorrência, e cerca de 28% dos ativos sob gestão da empresa foram sacados.

Apesar de um baque para a GrayScale, este não foi um impacto grande ou uma negação aos ETFs de Bitcoin. Ao contrário, os investidores apenas decidiram migrar suas posições da empresa de tecnologia para os ETFs de fundos mais tradicionais, como BlackRock e Fidelity. Mesmo assim, o famoso GBTC, da GrayScale, permanece com um saldo bem positivo.

Um investimento que valeu a pena

Mesmo que os ETFs de Bitcoin percam força ou fiquem obsoletos por algum motivo – o que me parece ser muito difícil de acontecer –, o investimento feito nesses produtos financeiros já valeu a pena. E eu nem estou falando de dinheiro aqui, embora seja importante também.

Houve muito investimento de força, energia, tempo e discussão técnica até que a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) aprovasse os pedidos que, há anos, rondavam as mesas dos reguladores norte-americanos.

Agora, não só a SEC, mas parte do mundo, não tem muito mais como voltar atrás da decisão e da mensagem passada ao público de que: criptomoedas são importantes e podem ser reguladas, sem que isso impacte o desenvolvimento financeiro e tecnológico desta classe de ativos.

Mais do que isso, os ETFs promoveram acesso às criptomoedas. Agora, por mais que este seja um ativo ainda 100% digital e descentralizado, pessoas que não eram familiarizadas com a tecnologia podem agora investir em Bitcoin – e quem sabe em ETH no futuro –, a partir de um produto com uma roupagem totalmente tradicional.

Disso tudo, a gente pode dizer que o mercado está muito, mas muito maduro mesmo! Não que eventos macroeconômicos não vão impactar o desempenho das criptomoedas, mas os fundamentos do setor cripto estão cada vez mais sólidos, descolando esta classe de ativos digitais dos já conhecidos ativos de risco da bolsa de valores.

Muita coisa está por acontecer nos próximos meses, e os ETFs de Bitcoin, com certeza, aceleram muito qualquer processo que estávamos esperando. Renovação das máximas históricas? Adoção global? Não há como saber. Mas posso dizer que o sucesso futuro das criptomoedas é algo que ninguém vai conseguir parar mais!

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2023/04/1420x240-Planilha-vida-financeira-true.png

Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

João Canhada
Mais dos Colunistas
João Canhada Há algo especial na atual febre das memecoins

Ainda no final do ano passado, eu e outros players do mercado de criptomoedas não falávamosde outra coisa, a não ser sobre os ETFs spot nos Estados Unidos e o próprio ...

João Canhada
João Canhada “Etheriunização” do Bitcoin pode mudar tudo o que sabemos do mercado de criptomoedas

Quase 15 anos se passaram desde seu lançamento, e o Bitcoin (BTC) segue sendo a criptomoeda mais valiosa e popular do mundo. Mesmo assim, ela não é a mais eficiente de...

João Canhada

Compartilhe sua opinião