João Canhada

Bitcoin acabou de destruir o último pilar da colonização e poucos perceberam

País pouco falado nos jornais brasileiros se tornou o primeiro da África a autorizar oficialmente o uso de criptomoedas

No dia 25 de abril, alguns jornais do mercado de criptomoedas noticiaram que um país pouco falado nos tabloides brasileiros estava se encaminhando para tornar-se o primeiro da África a autorizar oficialmente o uso de criptomoedas e decretar o fim o último pilar de um tipo de colonização pouco conhecida: a monetária.

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Estou falando da República Centro-Africana, um país com população estimada de 5 milhões de habitantes, com um PIB per capita de apenas US$ 8823, sendo o quinto mais pobre do mundo.

A região foi explorada por diversas potências mundiais com sua população escravizada nos séculos XVI e XVII. Já no século XIX companhias francesas exploraram à exaustão os recursos naturais e os povos locais foram dizimados devido a doenças e fome.

Apenas em 13 de agosto de 1960 a região conseguiu independência dos colonizadores franceses, data comemorada até hoje no país como se fosse nosso 7 de setembro. A colonização invisível e sangrenta do dinheiro.

Apesar da grande conquista na década de 60, os franceses continuam sua exploração da região na forma de colonização econômica. Isso acontece com o uso obrigatório da Central African Franc (CFA ou XAF), uma moeda controlada pela França e autoridades europeias.

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A CFA é atualmente usada por 6 Estados independentes, que juntos detêm uma população de 55,2 milhões, um PIB de US$ 113,32 bilhões e uma região lotada de recursos naturais estratégicos. O mesmo sistema é aplicado para a West African Franc ( XOF) com mais 8 países.

A ideia de ambas é ser estável, pois a moeda estaria garantida pelo Banco Central francês com franco e posteriormente com euros. Isso significa que esses países não controlam a moeda que usam e são dependentes das políticas de Bruxelas.

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Em 2020, o presidente Emmanuel Macron prometeu acabar com a CFA. Contudo, as mudanças eram apenas estéticas, como o nome que será ECO, mas o controle monetário real continuará nas rédeas de Paris.

A dominação invisível da região, entretanto, está sendo desafiada por uma nova leva de políticos e tecnologias.

Não que os políticos regionais não quisessem se livrar das rédeas francesas. O presidente Sylvanus Olympio, do Togo, e Thomas Sankara, de Burkina Faso, lutaram contra o sistema colonial-monetário do XAF e ambos acabaram mortos pouco tempo depois.

Em 2018 um ativista beninense foi preso por queimar uma nota de 5000 CFAs, levando a protestos contra a moeda e a ação do governo.

A caixa de pandora foi aberta com o Bitcoin. Mas, se antes a dominação monetária parecia inevitável devido ao poderio militar francês, agora a vantagem está do lado dos mais fracos.

Com a invenção do Bitcoin, os detentores de uma propriedade não necessitam mais depender apenas da força física. A criptografia permite que os mais fracos consigam se defender, dando, pela primeira vez na história, vantagem para os não-agressores.

A criptografia do bitcoin permite a criação de um sistema seguro, garantindo a propriedade privada por meio de avanços criptográficos que se acumulam principalmente após a década de 40 e culminaram na invenção do Bitcoin em 2008.

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A partir de então a caixa de pandora foi aberta e agora países dominados monetariamente podem se apoiar em um sistema previsível de emissão, que protege a propriedade privada mesmo em cenários adversos e é aberto ao comércio global.

Primeiro foi El Salvador, emancipando-se das taxas de grandes bancos norte-americanos, agora a República Centro-Africana abre precedentes para outros países chutarem os colonizadores monetários.

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Nota

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