Eduardo Plastino

Como comprar ações que geram bons dividendos

Para identificar uma empresa que se encaixa adequadamente aos requisitos para compor um portfólio acionário voltado para o recebimento de dividendos, é importante observarmos com atenção alguns pontos

No Brasil, portfólios de ações compostos por papéis considerados bons pagadores de dividendos, acumulam retornos históricos bastante interessantes quando comparados a portfólios que adotam outras estratégias de compra de ações.

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Isso se deve às características do nosso mercado acionário, no qual as grandes empresas tendem a crescer e dominar cada vez mais os seus mercados, uma vez que o ambiente competitivo é menos favorável para a ascendência de novas empresas como acontece no mercado americano e em outros mercados desenvolvidos.

Outro ponto que favorece a soberania das companhias já maduras na bolsa é a volatilidade aguda do nosso mercado acionário. Neste ambiente volátil, por muitas vezes as empresas que distribuem proventos se comportam melhor do que as ações de empresas de crescimento. Não à toa, nos últimos 5 anos, o índice IDIV acumulou valorização de 92%, contra 53% do IBOVESPA e 44% do CDI.

Para identificar uma empresa que se encaixa adequadamente aos requisitos para compor um portfólio acionário voltado para o recebimento de dividendos, é importante observarmos com atenção os seguintes pontos:

i) Possuir um dividend yield atrativo. Ou seja, distribuir um bom rendimento por meio de dividendos com relação ao preço a se pagar na ação. De nada adianta para o investidor comprar ação de uma empresa que irá distribuir um montante representativo na forma de dividendos, se este montante dividido pela quantidade de ações representar uma fração mínima do preço da ação.

O investidor sempre deve considerar o montante distribuído por ação com relação ao preço a ser pago no ativo, e não analisar o valor em milhões ou bilhões de reais, anunciado pela companhia como dividendo.

ii) Política de distribuição de dividendos favorável à continuidade do fluxo a ser distribuído, muitas vezes traduzida pelo payout da ação. Ou seja, qual o percentual do lucro líquido que será destinado para o pagamento de dividendos.

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Algumas empresas possuem regras de payout mínimo bastante agressivas, como 50% do lucro líquido. Em alguns momentos, esse payout pode chegar, e até ultrapassar por um período breve, os 100% do lucro líquido.

iii) Endividamento controlado. Cada setor apresenta métricas distintas para avaliarmos se um endividamento está dentro ou fora do controle. Por norma, as empresas buscam sempre apresentar uma estrutura de capital ótima, composta por uma parcela de dívida e uma parcela de capital próprio.

Entretanto, empresas que passam por períodos de maior alavancagem financeira, tendem a reduzir a distribuição de proventos, muitas vezes respeitando o payout mínimo que falamos anteriormente, até que a alavancagem esteja novamente saudável. Por outro lado, empresas que estejam pouco alavancadas com relação a sua alavancagem “neutra”, podem se dar ao luxo de distribuir dividendos mais generosos.

iv) Histórico sólido de entrega de resultados e setor de atuação perene. Observar estes dois fatores minimizará a possibilidade de se comprar uma ação que atendeu os demais requisitos num passado recente, mas que talvez possa deixar de ser uma boa pagadora de dividendos num futuro próximo.

Empresas que possuem vantagens competitivas e que distribuíram dividendos generosos ao longo dos diversos ciclos positivos e negativos atravessados em seus negócios, tendem a repetir o feito futuramente.

Levando em consideração todos esses pontos intrínsecos à estratégia de dividendos, percebemos que muitos dos papéis que conseguem preencher todos os requisitos simultaneamente, pertencem a setores considerados de natureza defensiva na bolsa, como saneamento, energia elétrica, bancos, seguradoras.

Por este motivo, é comum que um portfólio voltado para dividendos seja mais defensivo, menos volátil e com presença maior dos setores mencionados.

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Nota

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