Andre Sandri

A taxa Selic acabou de cair para 12,75%. E aí? O que muda?

Embora a redução da taxa Selic possa trazer alívio imediato para o crédito e estimular a economia, é crucial monitorar os possíveis efeitos secundários, especialmente se essa tendência de redução continuar

A redução na taxa Selic tende a tornar o crédito mais barato. Isso porque os bancos usam a Selic como referência para definir as taxas de juros de empréstimos, financiamentos e até cartões de crédito.

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Com crédito mais acessível, o consumo pode ser estimulado. Isto é, as pessoas podem se sentir mais incentivadas a comprar bens de consumo duráveis, como carros e eletrodomésticos, ou até mesmo a adquirir imóveis devido à queda nas taxas de financiamento, pois as parcelas ficam mais baratas.
Já para quem investe, as coisas são um pouco diferentes.

Investimentos atrelados à Selic rendem menos, ou seja, todas as aplicações financeiras atreladas à Selic, como o Tesouro Selic por exemplo, terão um rendimento menor. Isso já é um sinal de alerta para os investidores buscarem alternativas mais rentáveis.

Os analistas do mercado financeiro acreditam em mais reduções para as próximas decisões do Copom. E esta contínua redução da taxa de juros pode aquecer a economia à medida que o crédito se torna ainda mais barato e o consumo é ainda mais estimulado. Esta é uma ferramenta utilizada pelo Banco Central para incentivar o crescimento econômico em momentos de baixa atividade. Isso equivale dizer que, quedas seguidas da taxa tendem a fazer as pessoas consumirem mais, fazendo a economia do país, que está desaquecida, voltar a girar.

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Um desafio para os poupadores. Se a Selic continuar caindo, investimentos tradicionais e conservadores tendem a render ainda menos. Os investimentos vão render cada vez menos. Isso pode desafiar os poupadores a diversificar suas carteiras, buscando opções mais arriscadas, como o mercado de ações ou fundos de investimento com estratégias mais agressivas.

Mas quero fazer um alerta. As taxas de juros mais baixas podem resultar em mais pessoas buscando financiamentos imobiliários. Embora isso possa ser positivo em termos de movimentação do setor, existe o risco de uma valorização excessiva dos imóveis, o que pode, no médio prazo, criar bolhas no mercado.

E como já comentei, a redução da taxa de juros pode levar a um aumento do consumo, mas se a produção não conseguir acompanhar a demanda crescente, pode haver pressões inflacionárias, ou seja, aumento de preços. O Banco Central precisa equilibrar essa dinâmica para garantir que a inflação se mantenha sob controle.

Embora a redução da taxa Selic possa trazer alívio imediato em termos de custo de crédito e estimular a economia, também é crucial monitorar os possíveis efeitos secundários, especialmente se essa tendência de redução continuar. Consumidores e investidores devem se adaptar a este novo ambiente, buscando oportunidades, mas também permanecendo cautelosos em relação aos riscos envolvidos.

*André Sandri é sócio da AVG Capital, escritório parceiro da BTG Pactual com unidades em São Paulo (SP) e Itajaí, em Santa Catarina. Investidor Profissional desde 2006, administrador de empresas e Gestor de Family Office, André é também fundador do EDUCA$, instituição sem fins lucrativos que leva educação financeira aos brasileiros.

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Nota

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