Cielo (CIEL3): analistas veem como positiva OPA do BB (BBAS3) e Bradesco (BBDC4); “Alinhada com movimentos da concorrência”
O Banco do Brasil (BBAS3) e o Bradesco (BBDC4), controladores da Cielo (CIEL3), decidiram fazer uma oferta pública de aquisição de ações (OPA) para tirar a empresa da bolsa. Para a XP, a transação é positiva, alinhada aos movimentos recentes de Itaú (ITUB4) e Santander (SANB11), que integraram ainda mais a Rede e a Getnet.
“Outros pontos positivos incluem a possível flexibilidade na tomada de decisão sem acionistas minoritários, a redução do nível de disclosure com a deslistagem e consequente acesso pelos concorrentes”, aponta a XP.
Segundo a Research, o desenho da OPA que não transforma a Cielo em uma estatal e a redução da necessidade de lucro como companhia fechada possibilita a oferta de produtos integrados para alavancar o business de crédito em diferentes frentes.
Caso a oferta seja concretizada, o BB ficaria com 49,99% do capital da Cielo e o Bradesco com o restante (50,01%). Atualmente, o Banco do Brasil conta com uma participação de 28,65% na Cielo, e o Bradesco, de 30,06%. O free float (ações em circulação) da Cielo fica em 40,57%.
O preço ofertado é de R$ 5,35 por ação, mas será ajustado por proventos, incluindo os Juros sobre Capital Próprio (JCP) de R$ 410 milhões que serão pagos em abril de 2024.
“O baixo potencial em relação ao preço da oferta deve criar discussões sobre o valuation de fechamento de capital, assim como foi quando o Itaú fechou o capital da Redecard (Rede) em 2012. Considerando o preço de fechamento de ontem (5/fev/2024) de R$ 5,03 por ação, o preço da oferta de R$ 5,35 daria um upside de apenas 6,36%. Se descontarmos o JCP a ser recebido, o upside cairia para meros 3,4%”, alerta a Genial Investimentos.
Segundo a Genial, do ponto de vista dos negócios, para o BB, Bradesco e Cielo, o fechamento de capital faz sentido. Os analistas avaliam que o cenário de adquirência passou por mudanças significativas e a perspectiva de um negócio consistentemente rentável é baixa. “O Itaú com a Rede e o Santander com a Getnet conseguiram integrar vendas cruzadas de produtos bancários e adquirência de forma mais eficaz do que o Bradesco, Banco do Brasil e Cielo.”
Outra razão para o fechamento de capital é o imbróglio envolvendo a Cateno (receita de intercâmbio de cartão de crédito do Banco do Brasil, vendida para a Cielo em 2014). Sem um grande upside em relação a oferta, a Genial reitera recomendação de manter as ações, ajustando o preço-alvo para R$ 5,2.
Cielo: Bradesco e Banco do Brasil farão oferta de ações
A OPA da Cielo será feita tanto pelos dois bancos (Bradesco e Banco do Brasil) quanto pela EloPar, holding que ambos controlam, podendo adquirir a totalidade das ações não pertencentes aos dois bancos. O preço do pedido de OPA será de R$ 5,35 por ação ordinária da Cielo, valor 6,4% acima do preço de fechamento de segunda-feira (05).
Em relação aos American Depositary Receipts (ADRs) da Cielo negociados nos Estados Unidos, os titulares poderão participar da oferta desde que faça o cancelamento dos ADRs, o resgate dos papéis e a alienação dessas ações no âmbito da OPA, segundo comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O laudo de avalição foi feito pelo Bank of America e a OPA será intermediada pelo Bradesco BBI.
Lucro cai 1,9% no 4T23, para R$ 480,8 mi
A Cielo registrou lucro líquido consolidado de R$ 480,8 milhões no quarto trimestre do ano passado, uma queda de 1,9% na comparação anual. Em 2023, a linha alcançou R$ 1,86 bilhão, elevação de 26% ante 2022.
e acordo com a Cielo, 2023 representou “mais marco na retomada de lucratividade”, com uma agenda de excelência operacional e busca de mais eficiência. Nesse ambiente, a margem líquida da credenciadora terminou em 23%.
De acordo com a companhia, a queda no lucro do 4T23 da Cielo pode ser atribuída ao comportamento do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) – com menores volumes em Cielo Brasil e maiores investimentos no time comercial e no processo de transformação operacional.
No trimestre, o Ebitda da Cielo subiu 9,3% ante igual período de 2022, para R$ 999,6 milhões, refletindo ajuste na linha de Outras controladas. Não fosse esse efeito, segundo a Cielo, o lucro operacional teria apresentado uma queda de 8,5%. No ano passado, o Ebitda somou R$ 4,41 bilhões, um aumento de 15,7% na comparação anual.
Já a receita operacional líquida da Cielo foi de R$ 2,77 bilhões, uma alta de 0,6% ante igual intervalo do ano anterior. Em 2023, a receita teve uma leve baixa de 0,9% na base anual, a R$ 10,69 bilhões.
Em 12 meses, a margem Ebitda da credenciadora de lojistas evoluiu quase 3 pontos porcentuais, para 36,1%. Já a receita operacional líquida da Cielo foi de R$ 2,77 bilhões no quarto trimestre, avanço de 0,6% na comparação com o mesmo período de 2022.
Já as despesas operacionais da empresa somaram R$ 501 milhões no quarto trimestre, alta de 25% em 12 meses. O aumento reflete o maior investimento da credenciadora de lojistas, com destaque para expansão comercial e iniciativas de transformação operacional, o que fez crescer as despesas administrativas e de pessoal.
Ao final de dezembro, a Cielo tinha R$ 1,434 bilhão em caixa, queda de R$ 735,3 milhões frente a 31 de dezembro de 2022, mas aumento de R$ 287,2 milhões frente setembro de 2023. Segundo a empresa, a redução das disponibilidades na comparação anual é explicada, principalmente, pelo aumento de recursos alocados em produtos de prazo.
Cotação da Cielo
Na tarde desta terça-feira (06), as ações da Cielo sobem 4,37%, cotadas a R$ 5,25.
Cotação CIEL3