O que é melhor: ter carro por assinatura, comprar à vista ou financiar? Especialistas respondem

Leonardo Inoue, 32 anos, que trabalha com marketing, não pretende comprar um carro tão cedo. Pelos seus cálculos, percebeu que não tinha dinheiro o suficiente para comprar carro à vista. Avaliou também que o financiamento ficaria muito caro. Mas, para desfrutar da comodidade que o veículo proporciona –  como ir ao trabalho ou à faculdade –, concluiu que ter carro por assinatura seria a melhor opção.

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Inoue diz que não tem dor de cabeça: não precisa lidar com gastos de manutenções preventivas, seguro, licenciamento e depreciação do carro. O contrato de dois anos de carro por assinatura, além de cobrir todas essas despesas, oferece a oportunidade de escolher o carro zero quiômetro que quiser, na cor e modelo preferidos, sem se importar com a revenda do veículo.

“Eu e meu namorado não pretendemos comprar um carro tão cedo. Queremos finalizar esse contrato de dois anos e depois pegar um carro novo. Hoje não faz sentido comprar um carro à vista — só se eu tivesse bastante dinheiro guardado. Mesmo que tivéssemos essa grana, teríamos outras prioridades hoje. Por isso não queremos investir na aquisição de um carro tão cedo “, explica Inoue.

Para chegar à decisão do que vale mais a pena – carro por assinatura ou financiamento —, Inoue colocou na ponta do lápis gastos como valor da entrada, das parcelas, além da soma de quanto pagaria ao final de todas elas, mais o IPVA, manutenção preventiva, seguro e, ufa, o licenciamento.

Ele entendeu que não fazia sentido financiar um carro se existe a possibilidade de assinar o veículo. Para aqueles que falam “mas esse carro não é seu”. Inoue tem uma resposta: “Um carro financiado também não é seu. O dinheiro que gastaríamos com a entrada, por exemplo. pode ficar aplicado e guardado rendendo juros, em vez de ser depreciado dentro de um financiamento.” São argumentos poderosos.

Vantagens de carro por assinatura

Na análise do coordenador dos cursos automotivos da Fundação Getulio Vargas (FGV), Antonio Jorge Martins, o grande benefício do carro por assinatura é a possibilidade de não despender parte ou todo de um investimento em um carro. Na compra à vista, o cliente precisa se descapitalizar. Na financiada, é necessário pagar um valor grande de entrada.

“Ou seja, a assinatura faz com que o usuário não precise de recursos financeiros como forma de pagamento total ou parte dele. Pode utilizar esses recursos em outras de suas necessidades”, lembra.

A assessora de investimentos Luciana Ikedo acrescenta que a mensalidade do carro por assinatura já engloba seguro, manutenção, IPVA, licenciamento e depreciação do veículo, o que facilita na organização financeira do usuário.

“Você sabe exatamente qual o custo financeiro você terá. Dessa forma, você consegue se organizar muito mais em termos de fluxo de caixa projetado. S sabe exatamente o quanto vai sair do seu bolso e o custo do veículo que está escolhendo. Porque quando você compra um carro novo não é assim: é difícil ter esses cálculos nas mãos”, observa a assessora.

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Com o carro assinado desde dezembro de 2021, Leonardo não vê desvantagens. Ao contrário, ele só vê benefícios.

“Não vejo nenhum argumento contrário ao carro por assinatura, sinceramente. A gente pegou um carro 0 km, top de linha, uma SUV automática. Se a gente fosse comprar um carro desse porte, teria de gastar muito mais do que vamos desembolsar utilizando esse carro por dois anos”, calcula.

O diretor de vendas da Localiza Meoo, unidade de carro por assinatura, João Andrade, informou ainda que, dependendo da escolha do cliente, a economia por assinatura pode ser de até 20%.

“O cliente que optar pelo carro por assinatura poderá economizar até 20%, levando em consideração os custos que ele teria com o carro próprio, entre eles desvalorização, custo de oportunidade, emplacamento, seguro, revisões e manutenções, custos de compra e venda, entre outros”, detalha.

Quanto custa assinar um carro?

Os contratos, de 12 a 24 meses, são acertados com a empresa, geralmente locadoras — como a Movida (MOVI3), Localiza (RENT3), Unidas (LCAM3) e Porto Seguro (PSSA3) — ou montadoras, a exemplo de Fiat, Renault, Volkswagen, Ford, Toyota. Escolhe-se uma franquia de quilometragem, com planos a partir de 500 quilômetros por mês.

Se o cliente optar por quilometragens maiores, o valor da assinatura será, evidente, maior. A média das assinatura varia entre R$ 1500 — para carros econômicos — a R$ 4000, para veículos luxuosos e equipados. Uma pesquisa pelos sites de locadoras ou de montadoras pode indicar preços intermediários, e até abaixo de R$ 1500, mas essa faixa é a mais comum.

Parcelamentos de carros podem sair mais baratos — com mensalidades em torno de R$ 1000 –, mas a entrada costuma ser elevada. O padrão do mercado é exigir o mínimo 10% do valor total do veículo. O mercado é bem variado, como se sabe, com parcelas que podem variar entre R$ 800 e R$ 5000, a depender do modelo. Somam-se, no caso desses financiamentos, valores de IPVA, custos de manutenção, licenciamento e seguro. Por isso é preciso pesquisar bem para comparar as opções entre financiar e assinar um veículo.

 

carros por assinatura. Foto: Pixabay
Carros por assinatura: tchau, IPVA e manutenção. Mas e os limites de quilometragem? Foto: Pixabay

Desvantagens

Apesar de Leonardo Inoue não ver desvantagens, os especialistas apontam alguns pontos contras que um carro por assinatura pode ter e que valem a pena considerar antes de assinar.

Para o coordenador da FGV, o maior deles é que no preço da mensalidade está sendo repassado o custo de capital, ou seja, a pessoa que assina por 12 meses ou 24 meses continua pagando o custo de capital.

Em outras palavras, na mensalidade estão embutidos custos como o de locação do imóvel que a empresa reside, o da operação de compra do carro, o de utilização de um capital. Além de todo o custo repassado, a empresa ainda precisa embutir uma margem de lucro.

“Hoje no Brasil o custo de capital está elevado. Então mesmo que não compre um carro financiado, sujeito a juros, e se opte por carro por assinatura, estará embutido na mensalidade o custo de capital”, pondera.

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Luciana Ikedo destaca uma desvantagem: o teto de quilometragem. Normalmente, as empresas de locação de veículos colocam um limite de por mês, que varia de 1,5 mil km a 2 mil km.

Para aqueles que rodam muito com o carro, essa opção acaba ficando inviável.

O que não é o caso de Leonardo Inoue, que costuma usar o veículo mais para necessidades do dia a dia.

“Nos carros por assinatura, existe uma quilometragem limite, que não lembro agora, até porque usamos o carro para fins particulares. Mas talvez para quem deseja trabalhar como motorista de aplicativo ou com táxi aí provavelmente estoure o limite. Mas a gente que usa todos os dias mais para trabalhar, ir à faculdade, não extrapola esse limite”, explica.

O diretor de vendas da Localiza (RENT3) reforça: carro por assinatura é indicado para aqueles que desejam ir de automóvel para os compromissos cotidianos e preferem economizar: “Normalmente são clientes que precisam de um veículo diariamente, para deslocamentos de compromissos do dia a dia ou profissionais. e pretendem economizar ou investir o dinheiro em outro bem.”

Carro por assinatura, à vista ou financiado: investir em qual opção?

Na opinião dos especialistas não existe uma resposta concreta – tudo depende do perfil do consumidor, do que ele quer e de suas necessidades com o carro.

A assessora de investimentos Luciana relembra que comprar à vista proporciona melhores negociações, condições e preços. Já o financiado, com a elevação da taxa Selic (valor do dinheiro), o carro acaba ficando mais caro. O carro por assinatura proporciona conforto sem dor de cabeça, mas inviabiliza a venda do bem ao final do uso.

“Entre comprar à vista e assinar o carro, depende da situação: se você roda menos de 1,5 mil km por mês, pode sim valer a pena fazer a assinatura do veículo. Se usa mais o carro, normalmente começa a pesar a assinatura e pode valer mais a pena comprar o carro.”

Já o coordenador de cursos automotivos da FGV aponta que, em princípio, é preferível comprar o carro à vista, se a pessoa não ficar descapitalizada com esse custo elevado. No entanto, na prática, nem sempre as pessoas têm esse dinheiro disponível.

Além da perspectiva financeira, convém olhar sob a perspectiva daqueles que não estão preocupados com dinheiro, mas sim em não perderem tempo com manutenções e com a revenda do veículo — nesse caso, o carro por assinatura faz mais sentido.

Para Jorge, é interessante analisar tudo aquilo que a pessoa vai gastar até o final do uso.

“Para analisar entre a vista e assinatura é preciso fazer o cálculo. Nessa conta você pode embutir que ao final você pode vender esse bem, o que não acontece, claro, com carro por assinatura. Ou seja, seria interessante fazer uma estimativa de quanto você conseguiria vender o veículo daqui a 2 ou 5 anos, embutindo inclusive o custo da depreciação que um veículo usado terá”, aconselha Jorge.

Para fazer a comparação entre financiar e optar pela assinatura, é o mesmo raciocínio. Ao comprar o veículo, de qualquer forma se terá um bem que poderá ser vendido. Mas, para quem deseja praticidade, a opção é carro por assinatura.

“Tudo depende do financiamento. Se o carro vale R$ 100 mil, mas estou financiando 90 ou 80 mil, pode não valer muito a pena, por causa dos juros que a pessoa irá pagar. Mas, se o carro vale R$ 100 mil e você der entrada de R$ 40 mil, pode valer a pena. Por isso é preciso fazer contas ainda mais detalhadas entre financiar ou carro por assinatura“, lembra ele.

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Poliana Santos

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