Canadá vai permitir audiência para extradição de VP da Huawei

O governo do Canadá anunciou nesta sexta (1º) que vai permitir uma audiência de extradição da vice-presidente da Huawei, Meng Wanzhou, para os Estados Unidos. Ela foi presa no país no fim de 2018 e atualmente se encontra em prisão domiciliar.

A data da audiência será definida em 6 de março num encontro da executiva da Huawei na corte de Vancouver. “Hoje, autoridades do departamento de Justiça do Canadá emitiram autorização, formalmente iniciando o processo de extradição de Meng Wanzhou”, informou o governo. “O departamento está satisfeito que haja evidência suficiente para ser apresentada diante de um juiz de extradição”.

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A autorização de extradição já era esperada por especialistas jurídicos, em razão da proximidade judicial entre Canadá e Estados Unidos. Por outro lado, o movimento esfria ainda mais as relações entre canadenses e chineses.

A China pediu várias vezes ao país que libertasse Meng. O Canadá recusou, dizendo que o caso se tratava de um assunto legal, não político. Algum tempo depois, dois canadenses foram presos na China sob acusações vagas.

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O impasse a respeito do destino de Meng é simultâneo ao engajamento do governo de Donald Trump nas tensas negociações com Pequim. Trump chegou a sugerir que os Estados Unidos poderiam chegar a um acordo com a China para garantir a libertação de Meng, o que parece menos provável atualmente.

EUA versus Huawei

As tensões entre Estados Unidos e Huawei estão em níveis muito altos desde 2016, e foram agravadas pela guerra comercial entre americanos e chineses.

Em agosto de 2018, o presidente Donald Trump assinou uma lei que proíbe agências do governo de usar produtos e serviços da empresa chinesa e de sua concorrente chinesa ZTE. Trump alegou preocupações com a segurança nacional.

Em junho, legisladores dos EUA fizeram apelo ao Google para que empresa deixasse de fazer negócios com a Huawei. Também nesse caso alegaram preocupações com a segurança nacional.

Em novembro, o governo dos EUA pediu para os aliados europeus para não usarem equipamentos Huawei, alegando risco de espionagem por parte da China.

China contra-ataca

A porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China, Hua Chunying, classificou como “histeria” as propostas de legislação dos Estados Unidos sobre a Huawei e outras fabricantes chinesas de equipamentos para telecomunicação.

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Além disso, a China pediu para que os congressistas norte-americanos não levem essas medidas adiante.

Em meados de janeiro, um grupo bipartidário de parlamentares dos EUA realizaram uma série de propostas de lei que impedem a venda de chips norte-americanos e outros componentes para Huawei, ZTE e outras empresas chinesas. Ambas as empresas estão sob suspeita dos Estados Unidos, após temores de espionagem por meio dos produtos tecnológicos.

Guilherme Caetano

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