Buffett lucra quase 4.000% e encerra posição na BYD: O fim de uma das maiores apostas
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A BYD encerrou um ciclo de 17 anos de parceria com a Berkshire Hathaway após o fim da participação de Warren Buffett na fabricante chinesa de veículos elétricos. A decisão marca o fim de um dos investimentos mais bem-sucedidos da história do investidor. A saída ocorreu após a valorização dos papéis da companhia em cerca de 3.890%, um lucro significativo desde que o investimento foi iniciado em 2008 a partir da recomendação de Charlie Munger.
A Berkshire Hathaway comprou 225 milhões de ações da BYD por US$ 230 milhões em 2008, posição que chegou a valer US$ 9 bilhões em 2022. No entanto, a partir de 2022, a companhia começou a reduzir gradualmente sua participação, que foi diminuída em quase 76% até meados de 2024. No último relatório da Berkshire Hathaway Energy, a subsidiária que detinha os papéis da BYD, o valor da posição foi registrado como zerado no final de março de 2025.
Motivos para a venda
Apesar de não detalhar publicamente os motivos da venda, Buffett havia se referido à BYD como uma “empresa extraordinária”. Em 2023, o investidor afirmou à CNBC que, embora a companhia fosse excelente, ele acreditava que encontraria “coisas melhores para fazer com o dinheiro”. A decisão de vender a participação encerra uma aposta que, de acordo com Charlie Munger, foi iniciada após identificar o fundador da BYD, Wang Chuanfu, como um “verdadeiro milagre” diante do potencial de crescimento da companhia.
No entanto, a decisão de Buffett de reduzir sua exposição à BYD também está relacionada ao foco no longo prazo que ele sempre defendeu. O investidor é crítico do modelo de gestão focado em metas trimestrais, prática que ele considera distorcer as prioridades estratégicas das empresas. “Acho que encontraremos coisas melhores para fazer com o dinheiro”, comentou Buffett, refletindo seu desejo de priorizar investimentos mais alinhados ao longo prazo.
O impacto no mercado
Com a venda completa de sua participação na BYD, as ações da fabricante de veículos elétricos caíram 1,01% na bolsa de Xangai. A empresa enfrenta desafios, incluindo uma queda no lucro trimestral pela primeira vez em três anos e meio. Além disso, as vendas domésticas da BYD, que representam cerca de 80% de suas entregas globais, caíram pelo quarto mês consecutivo em agosto. Como resposta, a companhia reduziu sua meta anual de vendas para 4,6 milhões de veículos, o que representa uma diminuição de até 16% em relação à meta anterior.
A crítica ao foco em metas trimestrais da BYD
Durante o processo de redução de sua posição na BYD, Buffett voltou a criticar a prática das empresas de fornecerem previsões trimestrais de lucro. Para o investidor, essa prática desvia as empresas de seus objetivos de longo prazo e leva à redução de investimentos fundamentais. “As metas trimestrais distorcem prioridades e prejudicam os investimentos de longo prazo“, afirmou Buffett.
Sua crítica foi reforçada recentemente pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que sugeriu em uma publicação que a SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) permita que as empresas divulguem resultados financeiros semestrais em vez de trimestrais. Para Trump, essa mudança “economizaria dinheiro e permitiria que os gestores focassem na administração das empresas”. A SEC já indicou que está analisando a proposta, visando diminuir os encargos regulatórios.
No mesmo sentido, Buffett já havia publicado, ao lado de Jamie Dimon, CEO do JPMorgan Chase, um artigo no Wall Street Journal defendendo a ideia de que as projeções de lucros trimestrais frequentemente levam as empresas a focar em resultados de curto prazo, sacrificando seu crescimento e sustentabilidade a longo prazo. “Não somos contra a divulgação trimestral, mas contra a antecipação de previsões”, destacou Buffett em sua crítica.
”Acho que encontraremos coisas melhores para fazer com o dinheiro”, concluiu Warren Buffett, refletindo seu desejo de aplicar o capital de maneira mais estratégica e com foco em investimentos mais alinhados ao futuro da BYD.
