Por que a Bolsa de Valores está premiando as casas automotivas e punindo a Tesla (TSLA34)

Nas últimas semanas os mercados financeiros internacionais assistiram a um fenômeno inusitado: alta nas cotações das ações de casas automotivas tradicionais e baixa nas cotações da Tesla (TSLA34).

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O índice europeu da indústria automobilística, o Euro Stoxx 600 automobiles and parts, chegou a superar os 686 pontos. Seu maior nível dos últimos 12 meses.

Uma tendência que mostra a alta de quase todas as casas automobilísticas históricas do Velho Continente.

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As ações ordinárias do grupo Volkswagen, por exemplo, se valorizaram 62% desde o início do ano após o lançamento dos novos SUVs totalmente elétricos ID.3 e ID.4 e do Audi e-tron GT. Além do anúncio da chegada de um Polo renovado até o final do ano.

As marcas de luxo alemãs também registraram fortes altas: Daimler subiu 38,6% com a estreia do compacto elétrico EQA.

A BMW registrou alta de 32,4%, apostando no novo desportivo elétrico i4 que chega em novembro.

A Stellantis recuperou posições após uma estreia incerta e subiu mais de 61% desde as quedas registradas em fevereiro.

Em todos esses casos, os investidores estão de olho na transição para o elétrico, que poderia abrir um mercado potencial de US$ 5 trilhões na década que está apenas começando.

Mas essa tendência de alta nas casas automotivas não se registra apenas a Europa.

Nos EUA, General Motors e Ford, ainda número um e dois em volume de vendas no mercado americano, se destacam com altas de, respectivamente, 55,6% e 87%.

Em particular, as ações da Ford foram as protagonistas de um rali nas últimas semanas, após fortalecer seus investimentos no segmento elétrico com US$ 30 bilhões até 2030.

O rush, no entanto, começou em abril de 2020, no começo da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), quando as ações da Ford estavam viajando nas mínimas, em US$ 4,24. Hoje está em US$ 16 e na máxima em cinco anos.

A apresentação nos Estados Unidos da nova picape elétrica F-150 Lightening confirmou as intenções da empresa de Dearborn, em Michigan, sobre o setor elétrico.

O F-150 Lightening promete ser uma galinha dos ovos de ouro como seu antecessor com motor térmico, o mais vendido nos Estados Unidos.

E a GM, depois de anunciar que sua frota será totalmente elétrica até 2035 e que investirá US$ 27 bilhões em 30 modelos elétricos até 2025, chegou até a se converter à produção de baterias e prometeu investir US$ 4,5 bilhões no negócio até 2025.

Em suma, a Bolsa de Valores este ano premia o despertar das velhas glórias, convertidas à nova “religião elétrica”.

Tradicionais em alta, elétricas em baixa

Enquanto isso, as empresas do setor de carros elétricos não estão tendo um bom ano nas Bolsas de Valores.

Nem as primeiras da turma.

A Tesla, por exemplo, perdeu 32% desde as máximas registradas em janeiro, quando as ações valiam US$ 880. Hoje as ações da empresa fundada por Elon Musk estão abaixo de US$ 600.

Nem suas emuladoras chinesas, como as start-up Nio (-33% da máximas do ano) e XPeng (-34%), listada na Nasdaq, ou BYD (-29%), tiveram um 2021 exaltante.

A BYD, por sua vez, continua no topo na China em termos de volumes de carros elétricos vendidos. Uma empresa onde investiu até Warren Buffett, que comprou 8,2% das ações através da Berkshire Hathaway.

Entre a BYD e a Tesla é competição aberta, depois da queda de 27% nas vendas da empresa de Musk em abril: apenas 25 mil carros emplacados.

E em maio as encomendas para a empresa californiana caíram pela metade, para menos de 10.000 unidades. Um resultado negativo também provocado pela recente polêmica sobre o mau funcionamento dos freios de seus carros, relatada por um cliente de forma pitoresca no Salão do Automóvel de Xangai.

Isso gerou ataques da imprensa local e pedidos de esclarecimento por parte dos órgãos de regulamentação chinesa sobre a qualidade de seus carros.

Testes realizados no veículo incriminado não demostraram nenhum problema com os freios, e a história revelou-se essencialmente uma farsa. Mas os efeitos negativos sobre as vendas da tesla não foram mitigados.

No longo prazo, Tesla ainda sai na frente

Em suma, nos últimos meses as “velhas glórias” automotivas mostraram que ainda podem surpreender positivamente os mercados.

Entretanto, se analisarmos as mesmas tendências no longo prazo, por exemplo nos últimos cinco anos, o cenário muda muito.

As casas produtoras de carros elétricos de alta tecnologia ainda permanecem em clara vantagem, em termos de alta nas Bolsas de Valores.

Afinal, a Tesla, apesar dessa fase negativa também provocada pela exuberância no Twitter de seu diretor-presidente (CEO), ainda é a empresa mais capitalizada do setor, valendo cerca de US$ 580 bilhões.

Um valor que cresceu 20 vezes durante a pandemia de coronavírus.

Nos últimos cinco anos, a Tesla subiu 71%, enquanto o índice S&P 500 somente 17% e todos os seus concorrentes apenas 6%.

Mas, é sempre bom lembrar, a Tesla produziu 499 mil veículos em 2020 contra 9-10 milhões produzidos pela Volkswagen ou Toyota, que têm um valor de mercado três ou quatro vezes menos.

A pergunta que surge, então, é se o mercado está começando a olhar para as casas tradicionais com outros olhos, já que elas finalmente deram sinais de ter entendido para onde o mundo está indo? A competição realmente começou? A bolha das techs está começando a explodir?

Provavelmente ainda não. O mercado está mais consciente do crescimento de todo o setor em direção à mobilidade elétrica, em comparação a cinco anos atrás.

A competição começa agora

Passamos por um período em que a inovação automotiva era exclusiva de casas tecnológicas.

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Até porque as marcas tradicionais demoraram um pouco e comunicaram mal.

O desafio está a todo vapor. A oferta será maior e a diferenciação do produto será mais difícil.

As casas automotivas tradicionais poderiam até tentar recuperar o tempo perdido, mas embora tenham cem anos de experiência na fabricação do motor de combustão, elas têm poucos anos, em alguns casos dois ou três, de experiência na fabricação do elétrico.

Por outro lado, a Tesla só pensou em motores elétricos desde que nasceu, em 2003.

A verdadeira competição entre as casas automotivas tradicionais e a Tesla começa agora. Vamos ver como a Bolsa de Valores vai reagir.

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Carlo Cauti

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