BNDES cortou 44 empresas da carteira de ações em quase dez anos

Em dezembro de 2008, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) era acionista em 145 empresas de variados setores. O total de ações caiu para 101 companhias até setembro de 2018. O corte de 44 empresas equivale à queda de 30% no período de quase dez anos.

A lista de divulgação de participações societárias foi divulgada na sexta-feira (18) pelo BNDES.

Os cortes por setores

Durante o período, a instituição financeira centralizou os investimentos nos setores de energia e tecnologia da informação (TI), segundo apurou o portal “G1”.

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Entretanto, até mesmo tais setores sofreram cortes:

  • 12/2008: ações em 20 empresas de energia e 19 de TI.
  • 09/2018: ações em 15 empresas de energia e 13 de TI.

Dentre os segmentosque mais perderam investimentos do BNDES estão o de telecomunicações, petróleo e gás.

  • 12/2008: ações em 12 empresas de telecomunicações, 8 de petróleo e gás, e 11 de alimentos e bebidas.
  • 09/2018: ações em 2 empresas de telecomunicações, 2 de petróleo e gás, e 7 de alimentos e bebidas.

Outros setores que perderam investimentos do BNDES foram: químico e petroquímico, de bens de capital e bens de consumo, de bancos e financeiras, de papel e celulose, siderurgia e metalurgia, mineração, produção automobilística e saúde.

Dentre os setores que passaram a receber mais investimentos estão: logística, transporte e saneamento e negócios imobiliários.

Em dezembro de 2008, o BNDES não tinha ações em nenhuma empresa do segmento imobiliário. Quase dez anos depois, a instituição tem ações em cinco companhias do setor.

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A lista foi divulgada em conjunto com a lista dos 50 maiores tomadores de crédito do BNDES desde 2004.

Assim, ambas as publicações fazem parte do objetivo do governo Bolsonaro de dar maior transparência às operações do banco estatal.

Durante sua campanha eleitoral à Presidência da República, o então candidato Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que abriria a “caixa preta” do BNDES.

No dia 7 de janeiro, o presidente publicou em sua conta do twitter que tal caixa preta já estava sendo aberta.

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As principais empresas da carteira de ações do BNDES

Conforme o G1, das 101 empresas nas quais o BNDES possuía investimentos em setembro de 2018, destacam-se:

Setor de energia:

  • Eletrobras (ELET6);
  • Light (LIGT3);
  • Eletropaulo (ELPL3);
  • e Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG/CMIG4).

Setor de TI:

  • LINX S.A. (LINX3);
  • PADTEC S.A.;
  • Quality Software (QUSW3);
  • e BRQ Soluções em Informática (BRQB3).

Setor de alimentos e bebidas:

  • JBS S.A. (JBSS3);

Setor imobiliário:

  • BR Malls Participações (BRML3).

Setor de bens de consumo:

  • Braspérola Indústria e Comércio

Setor de bens de capital:

  • Embraer S.A (EMBR3).

Setor de petróleo e gás:

  • Petrobras (PETR4);
  • Companhia Distribuidora de Gás do RJ (CEG/CEGR3).

Setor de saneamento:

  • Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA/CSMG3).

Setor de logística de transportes:

  • Transnordestina Logística.

Setor de siderurgia/metalurgia:

  • Companhia Siderúrgica Nacional (CSNA3);
  • e Gerdau (GGBR4).

Setor de saúde:

  • Recepta Biopharma.

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BNDES também corta investimentos em debêntures

No período de quase dez anos, o banco estatal também reduziu em mais de 50% o número de empresas nas quais possui títulos de dívida, os intitulados debêntures de renda variável, de acordo com o G1.

A instituição financeira tinha debêntures de 27 empresas em 2008. Os segmentos eram variados, e incluíam energia, TI, bens de capital, bens de consumo, telecomunicações, siderurgia e metalurgia, logística e transportes, cadeia automobilística, mineração, saneamento e serviços diversos.

Contudo, em 2018, o total de 27 caiu para 12. Agora os setores restringiam-se a energia, TI, papel e celulose, bens de consumo, serviços de apoio à infraestrutura, siderurgia e metalurgia, sucroalcooleiro, mineração e telecomunicações.

As 12 empresas às quais o BNDES faz investimentos em debêntures são:

  • Contém 1g S.A.;
  • Energisa S.A. (ENGI3);
  • Hypera S.A. (HYPE3);
  • Inepar S.A. – Indústria e Construções (INEP4);
  • Klabin S.A. (KLBN11);
  • Liq Participações S.A. (LIQO3);
  • Gerdau S.A.; (GGBR4)
  • Odebrecht Energia Participações;
  • Salobo Metais S.A.;
  • Telis Participações S.A.;
  • Totvs S.A. (TOTS3);
  • Vale S.A. (VALE3).

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BNDES investe mais em fundos

Inversamente à tendência de restrições em debêntures, o BNDESPar S.A, aumentou a participação em fundos de investimento. Se em 2008 eram 29 fundos nos quais o banco mantinha participação, dez anos depois o total subiu para 42.

O BNDESPar é uma holding vinculada ao BNDES, que investe diretamente em empresas. O investimento é feito por meio da compra de ações, títulos e participações societárias.

Os três fundos que recebiam a maiores fatias de atuação do BNDES em setembro de 2018, segundo o G1, eram:

  • Fundo de Investimento em Participações Inseed Fima (81,82% de participação): foi criado em 2012 pelo BNDES e é gerido pela Inseed Investimentos. O fundo é orientado à aplicação em empresas emergentes inovadoras que tenham atuação sustentável.
  • FMIEE CRIATEC (80% de participação) – também foi criado pelo BNDES e é co-gerido pela Antera Gestão de Recursos e pela Inseed Invesitimentos. Possui a mesma orientação do fundo anterior.
  • FIP Empresas Sustentáveis da Amazônia (80% de participação) – foi criado em 2013 e é o primeiro fundo privado de investimentos em empresas da chamada“Economia Verde” na Amazônia. Administra investimentos via aquisição de participações em companhias de setores sustentáveis.

Na carteira do banco estatal, há ainda participações em em fundos direcionados a setores menos óbvios. A exemplo, na produção cinematográfica, há participação de 49,87% no fundo Funcine Rio Fundo de Investimento na Indústia Cinematográfica Nacional.

Paralelamente, no setor aeroespacial, o BNDES controla 30,77% do Fundo de Investimento em Participações Aeroespacial.

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Amanda Gushiken

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