Blackrock: demissão de Moro tem impacto maior no curto-prazo

Segundo o estrategista-chefe de investimento na América Latina da Blackrock, Axel Christensen, a tendência é que a reação dos mercado em relação a saída de Sergio Moro seja maior no curto-prazo e em ambiente local. As informações foram divulgadas no jornal “Valor Econômico”.

De acordo com o executivo da Blackrock, o efeito da demissão do ministro se deve a importância de Moro dentro do gabinete do governo e perante ao público. Dessa forma, isso justifica os impactos do anúncio observados nos mercados durante o dia.

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“Pela visibilidade no gabinete, tem ingerência. Mas, pela minha experiência, isso tem um impacto mais de curto prazo e logo o mercado volta a olhar outras variáveis em um plano mais geral”, salientou Christensen.

“Nos governos, as figuras políticas são muito importantes, mas tipicamente os investidores olham mais além de pessoas. No caso do Brasil, há muito reconhecimento do trabalho da equipe econômica e do comando do Banco Central. Acho difícil que isso mude a visão em 180 graus, sobretudo do investidor estrangeiro. Tendemos a incorporar vários segmentos da liderança política de um país. Isso vale para todos os países”, acrescentou o executivo.

Pandemia exige medidas consistentes, diz economista da Blackrock

Christensen comentou sobre a aparente mudança de rumo da política econômica do governo de Jair Bolsonaro, após a crise do novo coronavírus. O economista argumentou que os impactos de uma pandemia exige respotas fiscais consistentes. Nesse sentido, o movimento do governo não deve ser com desconfiança pelos mercados globais.

“Políticas mais desenvolvimentistas soam menos distantes neste entorno global em que vamos ter governos mais envolvidos nas propriedades de empresas. Não se sabe por quanto tempo, mas certamente em alguns setores vai aumentar a regulação e muitos países terão a necessidade de contar com maior capacidade local de produção”, comentou Christensen. “Não por uma concepção de ideologia econômica, mas sim como uma maneira de responder ao risco que vemos perante cadeias globais de produção ameaçadas”, explicou o economista da Blackrock.

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De acordo com o estrategista-chefe, os investidores entendem que exige uma resposta distinta em função da pandemia. Isso prevê uma maior participação do Estado para prestar suporte ao setor produtivo da economia.

“Ambas as linhas de pensamento terão que se aproximar. Talvez por razões diferentes das que pudéssemos ter pensado, mas essa nova realidade nos leva a refletir em como incorporar esses elementos”, afirmou o economista da Blackrock.

Arthur Guimarães

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