Belo Monte planeja parque solar para compensar baixa produção
Em busca de alternativas para ampliar sua geração de energia, a concessionária Norte Energia, dona da usina de Belo Monte, pretende construir um parque solar dentro da área da própria hidrelétrica, instalada no rio Xingu, na região de Altamira, Pará.
Há um pedido à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para erguer o projeto. A usina fotovoltaica seria erguida em um espaço próximo à barragem principal da hidrelétrica, mais precisamente na vila que foi especialmente montada para abrigar milhares de trabalhadores durante a fase de construção da usina.
O projeto ainda está em fase de estudo, mas o plano é que a potência da planta solar possa chegar a 137,48 megawatts (MW), energia que seria suficiente para atender cerca de 300 mil pessoas.
A título de comparação, a usina hidrelétrica de Belo Monte tem 11.233,1 MW de capacidade instalada e 4.571 MW médios de garantia física.
As informações foram confirmadas pela concessionária à reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. “A Norte Energia estuda a possibilidade de instalar uma planta solar na área utilizada pela Vila Residencial da época da construção. Por conta disso, solicitou à Aneel a outorga em questão.”
Belo Monte busca alternativas
Esta não é a primeira vez que a empresa busca projetos complementares para ampliar a geração de energia no entorno de Belo Monte. No fim de 2019, a concessionária chegou a procurar a agência reguladora e pediu autorização para construir usinas térmicas – mais caras e mais poluentes – nos arredores da hidrelétrica.
Naquela ocasião, chegou a solicitar mudança em seu estatuto social, para que deixe de ser uma concessionária voltada a um único empreendimento e para que possa “investir diretamente ou por meio da participação em outras sociedades, como subsidiária integral”.
Questionada a respeito de seu plano de construir uma usina térmica, a Norte Energia declarou que “não há previsão” para este projeto.
Produção de energia sofre com limitações
As tentativas de incrementar a produção de energia estão diretamente associadas às limitações de produção de energia por Belo Monte, uma realidade que já era conhecida desde a concepção do projeto e que levou muitos engenheiros a questionarem, inclusive, a viabilidade financeira da usina.
Para viabilizar o leilão da hidrelétrica em 2010, o governo acionou a estatal Eletrobras (ELET3), que detém 49,98% da concessionária. Os fundos de pensão Petros, da Petrobras, e Funcef, da Caixa, possuem 20% da usina.
Os demais sócios são as empresas Neoenergia (NEOE3), Vale (VALE3), Sinobras, Light (LIGT3), Cemig (CMIG4) e JMalucelli. A concessionária vai explorar a hidrelétrica pelo prazo de 35 anos.
Passados 12 anos e mais de R$ 40 bilhões investidos em suas obras, a Norte Energia segue em busca de outras fontes de renda, enquanto se confirma aquilo que já estava previsto: todos os anos, Belo Monte tem de ficar desligada por vários meses, por causa do baixo volume de água que passa pelo rio Xingu no período seco.
O reflexo dessa forte oscilação nas vazões de água é o volume efetivo da energia produzida pela hidrelétrica. Com 11.233 MW de potência, Belo Monte ostenta o título de maior usina brasileira – Itaipu tem 14 mil MW, mas é binacional. Mas na realidade a usina da Norte Energia entrega, efetivamente, apenas uma média de 4.571 MW por ano.
No início deste ano, em período de cheia do Xingu, as turbinas da hidrelétrica funcionam próximas à plena carga e entregam mais de 9 mil megawatts por mês.
Essa geração, no entanto, despenca para cerca de 300 MW em meses como agosto, setembro e outubro, forçando o desligamento da casa de força principal de Belo Monte, sob o risco de suas turbinas pifarem, em decorrência do baixo volume de água.
(Com informações de Estadão Conteúdo.)