Banco Inter (INBR31) terá prejuízo milionário com deflação, diz JPMorgan

Em revisão de cenário sobre o Banco Inter (INBR31) e por conta da deflação recente, os analistas do JPMorgan esperam um prejuízo de R$ 30 milhões no acumulado do terceiro trimestre deste ano. Antes, a projeção era de um lucro de R$ 55 milhões.

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Com isso, o preço-alvo para os BDRs do Banco Inter é de R$ 41, R$ 3 a menos do que no último parecer da casa. Vale lembrar, contudo, que são mais de 110% a mais do que a cotação atual dos papéis na B3.

Segundo o JPMorgan o Inter deve ser desfavorecido pela deflação já que tinha uma carteira de aplicações com R$ 12,7 bilhões, dos quais cerca de R$ 4,3 bilhões estão em títulos de Renda Fixa do tesouro nacional.

Com isso, a estimativa é que o banco sofra um impacto de R$ 150 milhões na sua última linha do balanço. As estimativas são de 33% da carteira em títulos públicos e 10% diretamente atrelados à inflação.

“Assumindo que o Inter não terá nenhum benefício de hedge, poderíamos ver um vento contrário de R$ 150 milhões (com os ganhos de R$ 90 milhões do segundo trimestre com a alta de 2,2% do IPCA passando para uma perda de R$ 60 milhões por conta da deflação de 1,4%)”, diz o banco.

Mesmo assim, a recomendação de compra foi mantida para os papéis INBR31.

“Nós mantemos nossa recomendação de compra, apesar de estarmos desapontados com mais um potencial atraso na monetização. Em teoria, a inflação mais baixa deveria ser positiva para nomes de crescimento, mas este pode não ser o caso, dado o ALM [asset liability management, o gerenciamento de ativos e passivos da empresa]”, diz relatório do banco.

Segundo um levantamento do Banco Central, o Inter também somava R$ 1,7 bilhão em empréstimos atrelados ao IPCA no fim de 2021 – carteira que saltou 10% nos primeiros seis meses de 2022.

“Assumindo um ritmo de crescimento similar, a exposição atual poderia estar em torno de R$ 1,85 bilhão. Isso significa cerca de 10% dos empréstimos do Inter, bem acima da média da indústria de 1,5%,” diz o JPMorgan.

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Selic mais alta deve beneficiar Banco Inter

Contudo, os analistas destacaram que, do lado positivo, a Selic mais alta deve beneficiar o banco.

Com a reprecificação dos cartões de crédito, o próximo resultado trimestral do Banco Inter pode mostrar um impacto positivo de cerca de R$ 100 milhões.

Os analistas, neste cenário, estimam de uma queda de 11% no NII — o spread bancário.

“Continuamos otimistas com o Banco Inter, ainda que estejamos desapontados com outro potencial adiamento na monetização”.

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Eduardo Vargas

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