Banco do Brasil (BBAS3) frustra mercado e ações despencam com queda de lucros no 1T25
O Banco do Brasil (BBAS3) divulgou nesta quinta-feira (15) seu balanço do primeiro trimestre de 2025, encerrando a temporada de resultados dos grandes bancos. A instituição reportou um lucro líquido ajustado de R$ 7,37 bilhões no período, queda de 20,7% em relação ao mesmo trimestre do ano passado.

O desempenho fraco refletiu a alta na inadimplência, especialmente no agronegócio, e o impacto de novas regras contábeis. Como resultado, as ações do banco estatal lideraram a coluna de baixas do Ibovespa nesta sexta-feira (16), com queda de 12,69%.
A margem financeira bruta foi de R$ 23,88 bilhões, retração de 7,2% na comparação anual. A rentabilidade, medida pelo retorno sobre o patrimônio líquido (ROE), caiu para 16,7%, frente aos 21,7% do primeiro trimestre de 2024. O índice de cobertura chegou a 184,8%, considerado insuficiente diante da elevação nas perdas.
Apesar dos desafios, o CFO Marco Geovanne Tobias afirmou: “Estamos mantendo nosso payout de 40% e acompanhando de perto a evolução da carteira rural […]. Acreditamos que será possível sustentar o crescimento da carteira com o controle da inadimplência”.
Banco do Brasil (BBAS3): resultados exigem revisão de expectativas
A gestão atribuiu parte dos impactos negativos à adoção da Resolução CMN nº 4.966, que alterou o reconhecimento de receitas na carteira de crédito, especialmente no segmento agro. A carteira total de crédito cresceu 10% em relação ao mesmo período de 2024, mas ficou 1% abaixo do previsto pelo BTG Pactual.
Segundo relatório assinado por Eduardo Rosman, Ricardo Buchpiguel, Bruno Henriques e Thiago Paura, do BTG Pactual, o conjunto de resultados foi “uma grande decepção”. O banco decidiu suspender o guidance de lucro líquido para 2025, diante da deterioração contínua da carteira agro e das novas exigências contábeis: “Embora o CFO já antecipasse que o 1T seria o mais fraco do ano […], os resultados acabaram sendo ainda mais fracos do que suas próprias expectativas”, pontuaram os analistas.
Para a Suno Research, o trimestre foi desafiador, com deterioração acentuada na carteira rural e aumento da inadimplência, que já se aproxima dos níveis observados no Bradesco. “Mesmo com crescimento na receita de juros, o custo de captação mais alto comprimiu a margem financeira. Ainda assim, o BB segue beneficiado por uma estrutura de funding privilegiada”, avaliou Evandro Medeiros, analista CNPI da casa.
Ações devem reagir negativamente após balanço fraco
O Safra também prevê reação negativa do mercado, mantendo recomendação neutra para BBAS3 com preço-alvo de R$ 30,00 até o fim de 2025. O valor representa uma alta de apenas 2% em relação ao fechamento de antes da divulgação do balanço, quando os papéis encerraram cotados a R$ 29,40. O banco também destacou o risco de revisão na estimativa de dividendos, anteriormente em 9,6% do valor de mercado, devido à suspensão do guidance.
O desempenho de Banco do Brasil (BBAS3) no 1T25 sinaliza um ano desafiador para a instituição. A forte exposição ao agronegócio, que já foi diferencial competitivo, agora impõe pressão sobre os resultados. Com a revisão do guidance e a expectativa de resultados mais fracos no curto prazo, o banco seguirá acompanhado de perto por investidores e analistas.