Banco do Brasil (BBAS3): ação barata ou risco disfarçado? Veja análise
As ações do Banco do Brasil (BBAS3) vêm gerando ruídos no mercado após movimentos de gestoras que assumiram posições vendidas no papel. Com isso, o ativo recuou nos últimos meses e levantou dúvidas entre investidores sobre se o atual momento representa uma oportunidade ou um risco para quem pensa no longo prazo.

Diante desse cenário, o analista João Daronco apresentou uma análise simplificada, mas baseada em premissas fundamentadas, sobre o potencial de valorização do papel. Para ele, os investidores precisam entender a diferença entre estratégias de curto e longo prazo, especialmente quando grandes fundos se desfazem de ativos pressionados por resgates, enquanto a pessoa física pode se beneficiar de momentos de baixa.
O que está acontecendo com Banco do Brasil?
O Banco do Brasil tem enfrentado impactos relevantes vindos do agronegócio, setor que representa uma fatia importante da sua carteira de crédito. A combinação de preços mais baixos das commodities agrícolas, problemas climáticos no Sul e Centro-Oeste e aumento no custo dos insumos comprometeu a capacidade de pagamento do produtor.
“O Banco do Brasil tem sofrido bastante com o agronegócio. […] Todas essas três coisas impactaram a inadimplência, impactaram a capacidade do agricultor pagar suas contas. E com o impacto da inadimplência você tem o impacto do Banco do Brasil”, diz Daronco.
Esses efeitos já foram notados nos resultados do 1T25 e, segundo o analista, devem continuar no 2T25, ainda não divulgado. Mesmo assim, ele reforça que o foco do investidor deve estar nos fundamentos de longo prazo.
As ações do Banco do Brasil (BBAS3) estão baratas ou caras?
Para avaliar o preço justo do papel, Daronco parte de um modelo baseado no patrimônio líquido, retorno sobre patrimônio (ROE) e payout médio de dividendos. O banco possui atualmente um patrimônio líquido de R$ 180 bilhões e está sendo negociado na Bolsa por cerca de R$ 120 bilhões, com um P/VPA de aproximadamente 0,66.
Para o analista, um ROE médio de 15% ao ano é razoável ao longo do ciclo. Com esse retorno, o lucro do banco ficaria na casa dos R$ 27 bilhões por ano, resultando em um múltiplo P/L de 4 vezes.
Quanto Banco do Brasil pode render?
Com um payout estimado em 40%, os dividendos anuais seriam de aproximadamente R$ 11 bilhões, o que corresponde a um dividend yield de 9% considerando o preço atual das ações.
“O Banco do Brasil, com essas premissas, tende a entregar um retorno de 18% se você comprar ele agora e segurar”, afirma o analista.
Esse retorno considera o crescimento da empresa com reinvestimento do lucro retido. Segundo Daronco, a combinação de dividendos e crescimento pode gerar ganhos totais de 16% a 20% ao ano, dependendo das variações no ROE. Mesmo no pior cenário histórico da estatal, o retorno projetado ainda seria de 10% ao ano.
Apesar da pressão de curto prazo, o Banco do Brasil pode continuar sendo uma oportunidade atrativa para quem investe com foco no longo prazo. A relação entre preço e valor, aliada ao potencial de retorno e ao perfil resiliente da estatal, sustenta a tese de que a ação segue relevante dentro de uma carteira diversificada.