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Arezzo (ARZZ3) e Grupo Soma (SOMA3): apesar de ações atraentes, sinergias podem levar tempo, diz BTG

Em relatório mais recente sobre a fusão entre Arezzo (ARZZ3) e Grupo Soma (SOMA3), anunciada no último dia 31 de janeiro, o BTG Pactual (BPAC11) acredita que as duas ações estão sendo negociadas de forma atraente após o anúncio da negociação, mas que a captura de sinergias entre as companhias pode levar mais tempo.

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O banco avaliou que após uma alta inicial nos preços das ações dois dias após o anúncio oficial do negócio, o valor de mercado combinado das companhias subiu 14%, ou R$ 1,6 bilhão.

“Acreditamos que ambas as ações estão sendo negociadas com avaliações atraentes (15,1 vezes P/L 2024 para Arezzo e 16,1 vezes para Grupo Soma)”, pontuaram os analistas Luiz Guanais, Pedro Lima e Gabriel Disselli.

O BTG Pactual sinalizou alguns caminhos que podem gerar sinergias entre Arezzo e Grupo Soma, como integração total da cadeia de suprimentos e da demanda do consumidor para aumentar as vendas e otimizar os estoques, além da redução de despesas gerais e administrativas, principalmente por meio da renegociação de contratos e serviços de terceirização.

“Os executivos não quantificaram as sinergias, o que tem sido uma resistência do mercado”, acrescenta.

O banco ressalta que fusões e aquisições no varejo nunca são fáceis, principalmente entre grandes companhias, e que diferentes culturas, sistemas e marcas a serem integradas podem significar que a captura de sinergias pode levar mais tempo.

“Com base nos feedbacks das empresas, ambas estão conscientes dos pontos fortes uma da outra e da importância de manter algum grau de autonomia em cada uma das divisões a criar, de forma a preservar essas vantagens”, completa o BTG.

Arezzo (ARZZ3) e Soma (SOMA3): Novo ‘titã da moda’, XP recomenda compra e projeta mais 50% de proventos

A fusão da Arezzo (ARZZ3) com o Grupo Soma (SOMA3) representa um novo titã da moda nas passarelas, segundo relatório mais recente da XP (XPBR31) sobre o tema, divulgado este mês. A research atualizou os preços de compra e as projeções de proventos para as ações da companhia.

A nova empresa (com nome a definir) tem muitos pontos de sinergia que devem resultar em um desempenho positivo e criação de valor de negócio.

Na opinião dos analistas da XP, Danniela Eiger, Gustavo Senday e Laryssa Sumer, os novos preços-alvo para as empresas é de R$ 88,0 por ação da ARZZ3 e R$ 11,0 para SOMA3. No último pregão desta quinta-feira (15), os papeis encerram cotados a R$ 58,63 e R$ 6,96 respectivamente.

Além disso, ressalta-se que o preço das ações deverá seguir a proporção de troca de ações do negócio, na faixa de 0,1205 ARZZ3 para cada SOMA3.

Após apresentação sobre a fusão das empresas, os analistas da XP acreditam que é possível visualizar como o negócio pretende ser impulsionado e crescer em valuation. Segundo os analistas, o NPV (valor de todos os fluxos de caixa ao longo da vida de um investimento descontado até o presente) varia entre R$ 1,0 bilhão (cenário pessimista) a R$ 4,3 bilhões (cenário otimista), sendo que a maior expansão tende a acontecer para o Grupo Soma.

Nesses cálculos, a XP incorpora R$ 2,0 bilhões que podem ser obtidos em sinergias (R$ 10,0 por ação), considerando já um desconto de 40% refletindo o que ainda precisará ser reinvestidos, a visibilidade limitada e os riscos de execução.

“Mantemos nossa recomendação de ‘compra’ para ambas as empresas, pois vemos o negócio como transformador, criando uma empresa única com categorias e expertise complementares, bem como públicos-alvo semelhantes”, assinam os analistas.

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XP mantém recomendação de compra para Arezzo e Grupo Soma

Entre as principais vantagens, a research destaca cinco pontos sobre a fusão da Arezzo e Soma que podem impulsionar as companhias e consequentemente os ativos para seus investidores.

Primeiramente, a expansão das marcas, como já foi visto pelo crescimento das lojas da Reserva (em fusão prévia com a ARZZ3), que representam atualmente 30% das vendas em calçados.

Nesse cenário, a principal marca do grupo com potencial de alavancagem é a loja de roupas femininas FARM, com uma projeção de 20% no aumento das vendas no Brasil e global, para os próximos dois anos. Além disso, a Animale também tem um cenário otimista, com uma captura de 10% em alta de vendas para os próximos três anos.

O segundo ponto se baseia na expertise do Grupo Soma com as suas franquias da Hering. “Embora a Arezzo tenha um sólido histórico em operar franquias, também esperamos que essa sinergia tenha uma maior complexidade para ser implementada”, disseram os analistas da XP. Considerando que o Soma já conseguiu até dobrar as vendas da Hering, esse tipo de conhecimento poderá elevar o nível dos negócios da Arezzo, com uma projeção de +20% em volume de vendas.

Além disso, o terceiro ponto também faz referência às Lojas Hering e o seu potencial de fornecer à Reserva (controlada pela Arezzo), ampliando em uma margem de de cerca de 60%.

Com o maior fluxo de negócios, também esperam-se melhores negociações em fretes e aluguéis de espaços, com empresas de logísticas e shoppings centers. Com a união da ARZZ3 e SOMA3, o grupo passa a deter mais de 2 mil lojas.

Com isso, espera-se um que a gestão da nova empresa seja aprimorada e consiga ter ganhos de eficiências, com menos necessidade de contratações e gastos com equipe.

Ao que interessa os investidores dos papéis, a XP projeta que deve haver espaço para mais proventos, à medida de que o patrimônio líquido dos acionistas da Soma é incorporado.

“Nosso cenário base assume o nível atual de pagamento de proventos da ARZZ3, em 50%”, afirma o documento.

Em cenário otimista, o pagamento de proventos do Soma e Arezzo podem chegar até 70%, diz o relatório.

Riscos da fusão: O que pode dar errado?

Apesar de ressaltar principalmente os pontos positivos das negociações, os analistas ressaltam que alguns riscos estão em jogo na fusão. São eles:

  • A gestão de 34 marcas, 500 lojas, mais de 1,5 mil franquias e quase 22 mil funcionários pode ser um desafio, que deve ser mitigado pela experiência da Arezzo com suas fusões anteriores (Vans e Reserva);
  • Canibalização das marcas, como Schutz e Vicenza passando para o mesmo lado de NV e Animale, ou a nova linha básica da Reserva que adota uma identidade similar à Hering;
  • Nova estrutura corporativa, com líderes autônomos;
  • Dificuldade de expansão em um cenário de economia mais pressionada;
  • Receita das empresas deve desacelerar, principalmente pelas operações internacionais. Entretanto, espera-se que os ganhos de curto prazo permaneçam estáveis.

O mercado compara a fusão da Arezzo com o Grupo Soma com a negociação com o modelo de governança similar à holding francesa LVMH, dona de marcas como Louis Vuitton e Givenchy, que tem valor de mercado hoje avaliado em R$ 2,1 trilhões.

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Giovanni Porfírio Jacomino

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