Grana na conta

Recuperação judicial da Americanas (AMER3) é 4ª maior do Brasil

Sem causar surpresa, ontem (19) a Americanas (AMER3) deu entrada no processo de recuperação judicial, após reportar “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões. A empresa afirmou ter R$ 800 milhões em caixa e dívidas de R$ 43 bilhões, o que faz da recuperação judicial da Americanas a quarta maior da história do Brasil.

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Em termos de valores, a maior recuperação judicial do País é a da Odebrecht, que iniciou o processo com dívidas de R$ 80 bilhões em 2019. A segunda maior é da Oi (OIBR3), que começou em 2016 e foi recentemente finalizada, de R$ 65 bilhões. A terceira é a da Samarco, de 2021 e ainda em andamento, de R$ 55 bilhões.

A dívida da Americanas, de R$ 43 bilhões, é maior que a da Sete Brasil, com RJ iniciada em 2016, com R$ 19 bilhões, e da OGX, que começou em 2013 e já terminou, com R$ 12,3 bilhões, no ranking de maiores processos de recuperação judicial no Brasil.

A Americanas tem hoje 44 mil funcionários. De acordo com a varejista, o processo de recuperação judicial busca a “manutenção de empregos, o pagamento de impostos e a boa relação com seus fornecedores e credores e investidores de forma geral”.

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Compromisso e soluções

“A história da Americanas segue com determinação rumo a uma nova fase: com o compromisso com a sociedade e disposta a construir soluções que possam vir atender aos credores da empresa”, informou a empresa, em comunicado.

No fato relevante compartilhado pela empresa com o mercado ontem, a Americanas reafirmou que Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira irão financiar parte da recuperação da empresa.

“Para tanto, o grupo de acionistas de referência da Americanas informou ao Presidente do Conselho de Administração que pretende manter a liquidez da companhia em patamares que permitam o bom funcionamento da operação de todas as lojas, do seu canal digital, Americanas.com, da AME e suas coligadas”, diz a nota.

Flávia Nascimento, presidente da Comissão de Direito da Moda da OAB-SP, afirma que a recuperação judicial nada mais é do que uma forma de renegociar o pagamento de dívidas — e, inclusive, obter desconto no pagamento.

“A lei não pretende proteger devedores, nem só proteger os credores, mas sim a atividade empresarial. A empresa tem uma função muito importante na economia, uma função social”, diz.

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Apesar da recuperação judicial…

A Americanas, assim como as controladas Submarino, Shoptime e Natural da Terra, deve continuar a funcionar normalmente durante o processo de recuperação judicial. O que os consumidores podem sentir, segundo especialistas em varejo ouvidos, é uma redução do estoque da empresa, com menor diversidade de produtos à venda.

“Depois que pediu recuperação judicial, a Oi continuou vendendo linhas telefônicas, os clientes continuaram a usar os serviços da empresa. Em paralelo, houve negociação com credores o pagamento da dívida”, afirma Cassio Cavalli, professor da FGV Direito SP.

Fernando Brandariz, sócio do Mingrone e Brandariz Advogados e presidente da Comissão de Direito Empresarial da OAB Pinheiros, afirma que a Americanas pode ir à falência se não atender aos requisitos do plano ou contrair novas dívidas.

“A falência ocorre quando o plano de recuperação judicial não é aprovado ou se no decorrer do plano as medidas não forem cumpridas. O credor informa o juiz e vai intimar a empresa. No caso da Itapemirim, os parcelamentos do passivo tributário não eram pagos e o plano também não foi cumprido. Então, houve a falência”, diz.

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Rombo na Americanas

Na semana passada, a Americanas revelou um rombo contábil de R$ 20 bilhões, o que culminou na saída de Sergio Rial do comando da varejista após uma estadia como CEO de apenas nove dias.

De acordo com o Status Invest, as ações da Americanas caíram 78,96% neste mês. No pregão desta quinta (19), as ações da varejista caíram 42%, depois de entrar e sair de leilão. Os papéis fecharam cotados a R$ 1. Nesta sexta, o tombo continua: a ação recua 7%, a R$ 0,93. Na quarta (11), antes da divulgação do comunicado em que a empresa comunicava o rombo bilionário, as ações estavam cotadas a R$ 12.

Com informações do Estadão Conteúdo

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Janize Colaço

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