Americanas (AMER3) emitirá debêntures e vai iniciar pagamentos previstos em recuperação judicial

A Americanas (AMER3), em recuperação judicial, informou na noite de terça-feira (5) que assinou a escritura de uma emissão de debênture simples, não conversível em ações, para colocação privada, no valor de até R$ 3,5 bilhões.

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Com a emissão, a empresa dará início ao desembolso dos montantes necessários para o cumprimento do Plano de Recuperação Judicial (PRJ) aprovado pela Assembleia Geral de Credores em dezembro, e homologado pela 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro em 26 de fevereiro.

As debêntures da Americanas são o instrumento utilizado para operacionalizar o financiamento extraconcursal na modalidade debtor-inpossession (Financiamento DIP), explica a empresa em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

“O Financiamento DIP foi estruturado de forma a viabilizar a entrada de recursos que são imprescindíveis para que a companhia possa cumprir suas obrigações de pagamento previstas no PRJ antes mesmo do aumento de capital nele previsto. Trata-se, assim, da antecipação de parte dos recursos que virão a ser aportados pelos acionistas de referência da Companhia em tal aumento de capital”, explica.

O Financiamento DIP da Americanas contará com garantia real e terá prazo de vencimento de 24 meses contados da data de emissão, ressalvadas as hipóteses de resgate e/ou vencimento antecipado.

A Americanas entrou em recuperação judicial em janeiro do ano passado, após a descoberta de fraudes contábeis de R$ 25,2 bilhões cometidas durante administrações anteriores. O plano de recuperação prevê uma capitalização da empresa em R$ 24 bilhões, o que deve reduzir a dívida bruta de mais de R$ 38 bilhões para cerca de R$ 1,9 bilhão.

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Americanas (AMER3) tem receita em queda, mas apresenta melhor rentabilidade, diz XP

Após a Americanas divulgar os resultados referentes aos nove meses de 2023, incluindo uma revisão trimestral a título de comparação com o mesmo período de 2022, a XP Investimentos considera que a empresa registra receita em queda, atribuída às crescentes desconfianças dos consumidores, mas tem melhorias em sua rentabilidade. 

O volume bruto de mercadoria total, conhecido como GMV da Americanas, sofreu uma redução significativa de 51% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse declínio, conforme análise do banco, foi impulsionado pelo desempenho desfavorável no e-commerce, que caiu 77%, refletindo a desconfiança dos consumidores após a fraude bilionária da companhia vir à tona. 

Em contrapartida, o varejo físico mostrou mais resistência, com uma queda de 4%, resultado de negociações favoráveis com fornecedores e uma gestão eficiente do sortimento, avalia a XP.

O SSS (indicador de desempenho utilizado por empresas varejistas) teve um desempenho negativo de – 2,9%, mas ao longo dos trimestres, de acordo com os estrategistas, observou-se uma recuperação sequencial, com SSS no terceiro trimestre do ano passado já alcançando + 3,6%. Essa melhoria é atribuída à otimização do parque de lojas, com o fechamento de 99 lojas não rentáveis.

Para os analistas, o grande destaque do balanço da Americanas foi a rentabilidade, com uma margem bruta 11,1% acima do mesmo período de 2022, atingindo 27,7%. 

Essa melhoria foi impulsionada pela migração de categorias relevantes para o 3P (parceiros terceiros), 65% das vendas contra 51% no 9M22, além de uma estratégia mais racional em precificação e investimentos em marketing no canal digital. 

Adicionalmente, pontua o relatório, a Americanas ajustou seu mix de produtos no varejo físico para fortalecer categorias mais lucrativas.

Em meio a esses resultados, a varejista reportou um prejuízo líquido de R$ 4,6 bilhões, atribuído à forte pressão nas vendas, especialmente no digital, e às maiores despesas financeiras, reconhecidas até a homologação do Plano de Recuperação Judicial da Americanas.

A XP pontua que a Americanas adotou uma abordagem estratégica, dividindo-se em três frentes de trabalho: investigação da fraude, recuperação judicial e transformação. A estratégia mais racional de precificação, diz o banco, é vista como positiva para o cenário competitivo do e-commerce, embora a cautela persista devido à demanda ainda pressionada pelo macro e à competição acirrada no setor.

*Com informações de Estadão Conteúdo

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Giovanni Porfírio Jacomino

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