Pentágono mira Alibaba, Baidu e BYD e reacende temor sobre techs chinesas

Alibaba voltou ao centro das atenções globais nesta quarta-feira depois que o Departamento de Defesa dos Estados Unidos recomendou que a empresa, ao lado de Baidu e BYD, fosse incluída na lista 1260H — um inventário anual de companhias consideradas próximas ao Exército de Libertação Popular da China. A sinalização trouxe tensão de volta ao mercado e provocou um novo movimento de cautela em torno das gigantes chinesas de tecnologia.

Um novo capítulo na disputa entre EUA e China

A carta enviada pelo subsecretário de Defesa Stephen Feinberg aos comitês de Serviços Armados do Congresso lista oito empresas que, segundo o órgão, atendem aos critérios legais para entrar na lista 1260H. Além de Alibaba (BABA), aparecem Baidu, BYD e fornecedores ligados a semicondutores e sensores ópticos — companhias com grande relevância nas cadeias de inteligência artificial, computação em nuvem e veículos autônomos.

Embora o documento não gere sanções automáticas, ele funciona como um alerta poderoso. A consultoria Hogan Lovells reforçou que empresas incluídas costumam enfrentar exigências mais rígidas de conformidade, podem perder acesso a determinados contratos e ficam mais expostas a ações regulatórias adicionais.

A resposta da China veio rapidamente. O Ministério das Relações Exteriores afirmou que Washington estaria ampliando “de forma excessiva” o conceito de segurança nacional para justificar listas discriminatórias contra empresas locais. “Tomaremos as medidas necessárias para proteger os interesses das companhias afetadas”, afirmou a chancelaria.

Ações recuam e expõem a sensibilidade dos investidores à palavra-chave Alibaba

O impacto foi imediato nas bolsas asiáticas. Em Hong Kong, as ações da Alibaba (9988.HK) fecharam em queda, refletindo o desconforto com possíveis limitações futuras a parcerias internacionais em tecnologia. Nos EUA, o ADR BABA operava próximo da estabilidade após dois pregões de perdas mais intensas — mas ainda sob forte monitoramento de analistas, que destacam que o noticiário geopolítico voltou a ganhar tração.

Baidu e BYD seguiram o mesmo caminho, registrando recuos moderados. Para parte do mercado, o desconforto não se limita ao tema militar. O setor já vinha pressionado por controles de exportação americanos e pela competição global em inteligência artificial — uma combinação que amplia o prêmio de risco de empresas chinesas de tecnologia.

Em relatório, a Hogan Lovells sintetizou o sentimento predominante: “A inclusão na lista 1260H eleva substancialmente a percepção de risco jurídico e reputacional”, destacou. Mesmo sem mudanças legais imediatas, o mercado tende a reagir à sinalização.

O que o investidor precisa observar daqui para frente

Para quem acompanha o setor de tecnologia chinesa, o episódio reforça a importância do risco geopolítico. Empresas com atuação relevante em nuvem, IA e semicondutores ficam particularmente expostas à volatilidade sempre que o ambiente entre Washington e Pequim se deteriora. No caso de Alibaba, que tenta expandir sua presença global em computação em nuvem e competir na corrida de inteligência artificial, qualquer ruído tende a ganhar escala.

Investidores posicionados nesses papéis devem observar não apenas fundamentos, mas também o tamanho da exposição e o comportamento do fluxo global. Já quem avalia entrar encontra hoje múltiplos descontados — mas precisa considerar que o risco político permanece elevado e recorrente.

No fim, o movimento recente deixa claro que a geopolítica continua sendo uma peça-chave na precificação de empresas de tecnologia chinesa. E, neste cenário, Alibaba volta a ocupar o centro da discussão.

Tags
Maíra Telles

Compartilhe sua opinião

ÚLTIMA CHANCE:
AS OFERTAS EXCLUSIVAS DE BLACK FRIDAY DA SUNO

INSCREVA-SE!