AgroGalaxy (AGXY3) emite R$ 213 milhões e alonga dívidas na recuperação judicial
A AgroGalaxy aprovou a emissão de R$ 213,3 milhões em debêntures para pagamento de credores fornecedores no âmbito do plano de recuperação judicial, conforme Fato Relevante divulgado nesta quarta-feira, 17, à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A operação não traz recursos novos para o caixa. Na prática, substitui dívidas antigas por títulos de longo prazo com condições mais favoráveis à varejista de insumos.
A decisão foi tomada pelo Conselho de Administração, com aprovação unânime dos cinco conselheiros presentes, incluindo o presidente do colegiado, Sebastian Marcos Popik, e o CEO da companhia, Eron Martins.
As debêntures terão vencimento final em 30 de junho de 2035, correção apenas pelo IPCA, sem pagamento de juros reais, e carência até 31 de dezembro de 2027. “A emissão tem por finalidade entregar novos instrumentos de dívida aos credores colaboradores fornecedores”, diz o texto.
Após a carência, o pagamento da correção monetária ocorrerá semestralmente, em junho e dezembro, e a amortização do principal será feita em 16 parcelas. Os títulos são quirografários, sem garantias reais, e serão integrados por meio da cessão de créditos que os fornecedores têm com a AgroGalaxy, não por pagamento em dinheiro. Também poderão participar credores financeiros com fluxo de grãos e credores controladores, conforme definido na escritura da emissão.
O Santander coordenará a distribuição, sem garantia de colocação integral dos títulos, enquanto a Vórtx atuará como agente fiduciário, responsável por acompanhar a operação e representar os interesses dos credores.
A emissão faz parte do plano de recuperação judicial aprovado por 82,4% dos credores em 2024 e homologado pela Justiça em 30 de maio de 2025. O plano prevê o reperfilamento de R$ 4,6 bilhões em dívidas, com carência de dois a três anos e amortização estendida por até 16 anos.
No terceiro trimestre de 2025, a AgroGalaxy registrou receita líquida de R$ 417,9 milhões, queda de 65,7% ante igual período de 2024, reflexo do fechamento de mais de 100 lojas desde o início da recuperação judicial. O prejuízo líquido ajustado foi de R$ 611,8 milhões, redução de 61,2% na comparação anual. As despesas operacionais caíram 69%, para R$ 56 milhões no trimestre.
Com Estadão Conteúdo