Quais os melhores ETFs de dividendos para seu perfil?

Os ETFs de dividendos chamam a atenção de investidores que querem renda passiva e consistência de longo prazo. No entanto, escolher a opção certa pode não ser uma tarefa fácil, tendo em vista o grande número de opções disponíveis atualmente no mercado.

Segundo Danilo Moreno, analista de ETFs da Investo, o primeiro passo para escolher um ETF de dividendos é entender o seu perfil de investidor.

“Perfis mais conservadores e moderados tendem a priorizar estabilidade e previsibilidade, buscando ETFs que repliquem índices de empresas consolidadas, com histórico consistente de pagamento de proventos, como o BEST11 e o UTLL11”, explica.

Já para quem tem apetite por risco, diz ele, faz sentido incluir ETFs que distribuem dividendos em setores mais voláteis, mas com maior potencial de retorno no longo prazo.

“É o caso do BIZD11, que investe em crédito privado americano e distribui proventos trimestralmente, permitindo ao investidor pessoa física acessar um mercado sofisticado e ainda receber renda em dólar”.

Renato Eid, superintendente de estratégias indexadas e investimento responsável da Itaú Asset, reforça que a definição do ETF ideal “começa com o objetivo do investidor”.

Para quem busca renda variável local, ele cita os ETFs DIVO11 e DIVD11, “que historicamente apresentam volatilidade menor que o Ibovespa e performance superior ao longo do tempo”.

Já diretor executivo da Nu Asset, Andrés Kikuchi, explica que a decisão não depende apenas do perfil de risco, mas principalmente do momento de vida do investidor.

“O primeiro critério é simples: você precisa da renda agora ou não? Se busca fluxo de caixa regular, fundos como o NDIV11 fazem mais sentido, com distribuições mensais. Mas se está em fase de acumulação, ETFs como o NSDV11, que reinveste automaticamente os proventos, são mais eficientes, pois potencializam o efeito dos juros compostos sem o trabalho de reaplicar manualmente”, diz.

Distribuir ou reinvestir: duas formas de ganhar com dividendos

Os ETFs de dividendos se dividem em duas categorias: os que pagam dividendos periodicamente e os que reinvestem automaticamente os proventos.

Moreno explica a diferença de forma simples: “Os distribuidores funcionam como uma fonte direta de renda passiva, repassando os proventos ao cotista. Já os acumuladores usam esses valores para comprar novas cotas das empresas do índice, aumentando o valor da cota ao longo do tempo. E tudo isso sem incidência de imposto no momento do reinvestimento.”

Kikuchi acrescenta que a distinção impacta diretamente o fluxo de caixa e a tributação.

“Os ETFs que distribuem pagam dividendos líquidos de 15% de IR na fonte. Já os que reinvestem, como o NSDV11, reaplicam automaticamente o valor na carteira, e o imposto só incide sobre o ganho de capital no momento da venda das cotas.”

Ou seja: quem busca renda imediata tende a preferir ETFs distribuidores, enquanto quem foca no acúmulo patrimonial pode se beneficiar mais dos acumuladores, aproveitando o poder dos juros compostos.

ETFs de ações x ETFs de renda fixa

Embora compartilhem a lógica de distribuir rendimentos, ETFs de ações e ETFs de renda fixa têm dinâmicas diferentes.

Os de ações refletem diretamente o desempenho das empresas que compõem o índice, o que significa maior volatilidade e oscilações nos proventos. Já os de renda fixa oferecem maior previsibilidade, por serem compostos por títulos públicos e privados que pagam juros regulares.

“Em geral, o investidor conservador encontra mais estabilidade nos ETFs de renda fixa, enquanto os de ações oferecem potencial de valorização maior no longo prazo”, afirma Moreno.

Kikuchi lembra que o Brasil começou recentemente a ver ETFs de renda fixa que distribuem rendimentos mensais, o que amplia as opções para quem busca fluxo de caixa sem abrir mão da liquidez da bolsa.

Para Eid, ambos atendem ao mesmo público: “Os dois tipos são voltados para o investidor que busca renda recorrente, mas em níveis diferentes de risco.”

Como combinar ETFs de dividendos de forma eficiente

Apesar de não ahver uma fórmula única, os especialistas concordam que combinação entre diferentes ETFs pode ser uma boa estratégia.

“É possível misturar ETFs que distribuem proventos com outros que reinvestem, equilibrando renda e crescimento. Além disso, incluir produtos com diferentes fontes de rendimento, como dividendos de ações e juros da renda fixa, ajuda a suavizar oscilações e manter um fluxo de renda constante”, afirma Moreno.

Por outro lado, Kikuchi alerta que a combinação de ETFs muito parecidos pode gerar uma sobreposição na carteira.

“Unir NDIV11 e DIVD11, por exemplo, adiciona pouca diversificação, já que ambos focam em ações brasileiras pagadoras de dividendos. Uma estratégia mais eficiente é mesclar diferentes fatores, como dividendos, baixa volatilidade e exposição internacional.”

“Cada ETF deve cumprir um papel claro: renda, proteção ou crescimento. Essa clareza é o que torna a carteira equilibrada e resiliente”, complementa Eid.

Escolher o ETF ideal, portanto, não é uma busca pelo mais rentável, mas sim pelo mais coerente com o seu objetivo financeiro.

“O importante não é escolher entre renda e crescimento, é construir uma carteira de ETFs que una os dois de forma eficiente e equilibrada”, completa Kikuchi.


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Guilherme Serrano Silva

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