Petrobras vende tudo, de novo? Veja o que está por trás
A Petrobras (PETR4) voltou a avaliar a venda de ativos considerados não estratégicos. Em meio à queda no preço do barril do petróleo Brent, que saiu da faixa dos US$ 85 para cerca de US$ 65, a estatal começa a sinalizar uma nova rodada de desinvestimentos.

O primeiro ativo em avaliação é o Polo Bahia, campo terrestre cuja venda havia sido suspensa no início do governo Lula. Localizado em campos onshore, o ativo perdeu relevância dentro do portfólio da companhia com o avanço do pré-sal.
Segundo o analista João Daronco, a movimentação da Petrobras vai além de uma simples reestruturação operacional. Ele explica que entender a contabilidade por trás dessas decisões é essencial para avaliar o impacto real na geração de valor para os acionistas.
Petrobras volta a vender ativos
Com a presidente da companhia indicando que ativos fora do core business podem ser vendidos, o Polo Bahia volta ao radar. Daronco destaca que a produção onshore vem perdendo participação no mix da empresa, enquanto o pré-sal se consolida como a principal frente de geração de valor.
Hoje, a Petrobras concentra sua expertise e rentabilidade em campos do pré-sal, que têm produtividade muito superior. Como exemplo, o Polo Bahia possui 28 poços ativos que, juntos, produzem menos do que um único poço do pré-sal.
Essa diferença operacional justifica a decisão de concentrar recursos em áreas mais lucrativas. Além disso, ao vender ativos menores, a Petrobras pode terceirizar operações de baixa eficiência e reforçar seu foco estratégico.
Impacto no caixa e no investidor
Na prática, os desinvestimentos melhoram o fluxo de caixa da companhia. Isso porque, além da geração de caixa operacional, o caixa de investimentos — normalmente negativo em momentos de ampliação de CAPEX — passa a contar com entradas de recursos.
“Quando a Petrobras faz desinvestimentos, você tem uma melhoria nessa conta. O dinheiro entra em vez de sair, e isso melhora o fluxo de caixa livre”, explicou Daronco. Esse fluxo é um dos principais indicadores analisados por investidores de longo prazo e está diretamente ligado à capacidade da empresa manter sua política de dividendos.
Com os preços do petróleo sob pressão e o pré-sal ganhando protagonismo, o reposicionamento da empresa tende a fortalecer seu caixa, reduzir ineficiências e manter o foco em ativos de maior retorno. Esse movimento pode marcar uma nova fase de racionalização estratégica da Petrobras.