Dólar volta a subir após suspensão temporária de tarifas entre EUA e China

O dólar voltou a se valorizar nesta segunda-feira em relação ao real, revertendo a tendência vista no fim da semana passada, com alta de 0,52%, a R$ 5,6840. Com esse fechamento, depois de atingir a máxima de R$ 5,7060 durante a tarde, a moeda norte-americana volta a apresentar ganhos em relação à brasileira no mês (+0,13%). No ano, o dólar acumula baixa de 8,03%.

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A moeda dos Estados Unidos teve uma onda global de valorização após a revelação do acordo provisório entre EUA e China, que suspenderam provisoriamente, por 90 dias, as tarifas recíprocas que haviam se imposto mutuamente desde o início de abril. A decisão amenizou temores de recessão na maior economia do mundo e trouxe de volta o apetite por ativos norte-americanos.

Investidores deram uma pauta na rotação global de carteiras iniciada em meados de abril, que havia favorecido emergentes como o Brasil, e voltaram a formar posições em dólar e bolsas em Nova York. Commodities como minério de ferro e petróleo se recuperaram, o que mitigou parcialmente as pressões sobre o real.

Termômetro do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY subiu mais de 1,5% e não apenas rompeu o teto dos 101,000 pontos, com máxima aos 101,977 pontos. Os maiores ganhos da divisa americana foram em relação ao iene e ao franco suíço, divisas tidas como refúgio em momentos de aumento da aversão ao risco.

Dólar: analistas veem forte influência inicial do mercado externo

O economista Vladimir Caramaschi, sócio-fundador da +Ideas Consultoria Econômica, vê o movimento de valorização do dólar em relação ao real como um reflexo de um “alívio temporário” nos mercados, após o acordo entre EUA e China. Ele observa que a queda da aversão ao risco e a alta das commodities tenderiam em tese em elevar o apetite também por moedas emergentes, mas pesou mais nesta segunda, sobre a formação da taxa de câmbio, a pausa na rotação global de carteiras.

“A tendência ainda é de uma diversificação em relação ao dólar, até por questões estruturais, o que pode favorecer o real”, afirma Caramaschi. Para ele, o repique da taxa de câmbio não tende a se sustentar, embora o dólar possa voltar a subir esporadicamente.

No início da tarde, o presidente Donald Trump disse que foi alcançada uma “redefinição total” com a China nas negociações na Suíça e que não quer prejudicar os chineses, que foram muito “amigáveis”. “Conversarei com Xi Jinping no fim desta semana… talvez”, disse Trump, em referência ao presidente chinês.

Caramaschi, da +Ideas Consultoria Econômica, observa que, apesar da alta das taxas dos Treasuries e da redução das apostas sobre cortes de juros pelo Federal Reserve neste ano, com expectativa de menor desaceleração da atividade nos EUA, o tarifaço de Trump já provocou uma disrupção nas cadeias globais que pode afetar inflação e crescimento.

Ele aponta que a pausa de 90 dias nas tarifas é uma ótima notícia para a economia global, mas ainda projeta o risco de um impacto estagflacionário nos Estados Unidos, ou seja, uma combinação de inflação com queda da atividade econômica. “É preciso saber se teremos após 90 dias um acordo mais duradouro. Mas é certo que vamos ter um status quo distinto, com mais protecionismo”, conclui.

Com Estadão Conteúdo

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Redação Suno Notícias

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