A Vibra (VBBR3) segue exibindo resiliência em um setor desafiado por juros altos e concorrência irregular, segundo análise do BB Investimentos. Em relatório publicado nesta terça-feira (28), o banco destacou que a companhia mantém margens robustas e tem colhido os primeiros frutos da integração com a Comerc, mas ainda enfrenta atenção redobrada sobre o nível de alavancagem nos próximos trimestres.
Margens fortes e recuperação de mercado
De acordo com o analista Daniel Cobucci, a Vibra vem recuperando participação de mercado e sustentando margens em um patamar bastante rentável, impulsionada por uma estrutura logística ampla e pela forte atuação nos segmentos B2B e de aviação.
“As recentes operações contra o crime organizado no setor já têm se refletido nos dados de market share, com perda de participação do grupo ‘outros’ (ou bandeira branca) para as companhias listadas”, pontuou Cobucci. O BB Investimentos projeta que essa reversão continue de forma gradual, com a migração de volumes antes ilícitos para empresas regulares, favorecendo grandes distribuidoras.
O relatório também observa que a Vibra tem se beneficiado do ambiente de maior competitividade, uma vez que o combate à concorrência desleal reforça a confiança do consumidor nas grandes redes.
Alavancagem é foco de atenção
Mesmo com desempenho operacional sólido, o endividamento da companhia segue como principal ponto de vigilância. O BB Investimentos lembra que o aumento das despesas financeiras reflete o financiamento da aquisição da Comerc, empresa de energia que vem passando por ajustes diante de desafios como o curtailment, a limitação de geração para manter a estabilidade da rede.
Segundo Cobucci, os impactos negativos da alavancagem devem ser absorvidos gradualmente pela geração de caixa. “Esperamos uma maior captura de sinergias da aquisição a partir do segundo semestre de 2026, quando os benefícios de redução de custo do endividamento e de integração comercial entre Vibra e Comerc deverão se materializar com mais consistência”, afirma o analista.
Revisão de preço e projeções
O BB-BI reduziu o preço-alvo da Vibra (VBBR3) de R$ 30,00 para R$ 26,00 ao fim de 2026, mas manteve a recomendação de compra. A avaliação é baseada em um modelo de fluxo de caixa descontado com WACC de 11,2% e crescimento na perpetuidade de 3,5%.
A instituição projeta receita líquida de R$ 178 bilhões para 2025, avanço de 3,4% sobre 2024, e um EBITDA de R$ 6,2 bilhões, queda de 33% ano a ano, em razão de resultados não recorrentes de créditos tributários no exercício anterior. O lucro líquido estimado é de R$ 2,5 bilhões, com dividend yield de 3,5% em 2025 e 4,1% em 2026.
Entre os pilares da tese de investimento, o BB destaca o aumento das vendas de combustíveis líquidos, gerando diluição de custos, a manutenção de despesas reduzidas após reestruturações desde 2019, ganhos com a entrada em energia renovável e trading e o impacto positivo das ações de combate à concorrência desleal.
Já os riscos envolvem um ritmo menor de crescimento da frota de veículos, desafios de execução nas novas linhas de negócios e possível pressão competitiva no varejo.
Desempenho em 2025
No acumulado de 2025, as ações da Vibra (VBBR3) registram alta de 42%, superando a valorização da Ultrapar (39%) e do Ibovespa (22%) no mesmo período. Para o BB Investimentos, a performance reflete a capacidade da empresa de preservar rentabilidade em meio a juros altos e instabilidade setorial, ainda que o peso da dívida proveniente da Comerc continue afetando a geração de caixa
